domingo, agosto 11, 2024

A guerra

A guerra não tem a menor graça. Mas não deixa de ter graça ver os especialistas militares, lidos na imprensa estrangeira, divididos sobre a racionalidade da incursão ucraniana na Rússia. Uns acham aquilo uma aventura insensata, outros uma audácia genial. Logo veremos. 

8 comentários:

balio disse...

Não dá para perceber que a Ucrânia, que ela própria diz ter falta de militares e de material, se lance a atacar uma província inimiga que não contém qualquer alvo militarmente relevante - exceto a central de energia nuclear, a qual está a mais de 50 quilómetros da fronteira.
Mas prontos, eles lá sabem de que forma desperdiçam os seus homens e armamento.

Unknown disse...

Eu acho que foi um golpe genial. E Deus queira que outros se sigam.

Lúcio Ferro disse...

Parece-me que o objectivo desta operação era triplo e parece-me que vai falhar em todas essas vertentes e apenas tornar a derrota da Ucrânia mais rápida e mais pesada. O primeiro objectivo era o de um tremendo golpe de Relações Públicas. Com efeito, quer internamente, quer para o exterior, a Ucrânia não podia continuar a perder território, material e homens sem que se vislumbrasse qualquer expectativa de vitória. Neste campo, a “ofensiva” pretendia ser um reforço do moral interno (cada vez mais debilitado, dados as baixas e a degradação das condições sócio-económicas) e uma chamada de atenção externa, de modo a tentar convencer os patronos ocidentais da Ucrânia, cada vez mais descrentes, que a vitória é possível, desde que se continue a fornecer armas e dinheiro em larga escala. O segundo objectivo está associado a este e teria por base o cálculo de que uma afronta deste tipo levaria Moscovo a reagir de forma desproporcional, por exemplo com bombardeamentos massivos de áreas civis, o que levaria a que finalmente a NATO interviesse directamente em auxílio do regime. De certo modo, este objectivo teria por desiderato forçar a Rússia a finalmente tirar as luvas e, consequentemente provocar a escalada pela qual Kiev sempre ansiou. O terceiro e último objectivo, porventura o único que faria sentido, seria uma vitória estratégica com a captura da Central Nuclear de Kursk. Com a Central nas mãos dos Ucranianos essa seria uma ficha negocial de indiscutível valor em futuras negociações e na verdade o único objectivo que teria uma dimensão concreta. No entanto, ao fim de poucos dias, é quase certo que a operação falhou em todas as suas vertentes. No campo das relações públicas, após alguma excitação inicial, o contra-ataque russo está já em marcha e as forças de Kiev a baterem em retirada, a qual se vai acelerar nos próximos dias. No campo da hipotética desmesurada reacção russa, parece também quase certo de que esta não irá suceder, limitando-se as FAR a expulsar e a aniquilar os invasores. Como tal, obviamente, a captura da Central Nuclear de Kursk não vai suceder. No fim, e o fim será daqui a duas três semanas, constatar-se-á que a Ucrânia empregou as suas últimas reservas num golpe desesperado (à semelhança do que foi feito no final de 1944 por Hitler nas Ardenas). Enquanto isso, em toda a linha de frente, que não são estes 10 quilómetros, os Russos continuam a avançar, todos os dias (as nossas televisões é que não conta disso). Em suma, ao empregar as suas últimas reservas numa manobra desesperada o regime de Kiev apenas encurtou o desfecho da guerra, sendo que depois disto, as condições Russas serão ainda mais duras do que aquilo que a liderança já explicitara com todas as letrinhas. Continuação de bom domingo,
M. Prieto

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Como bem diz o Senhor Embaixador, a guerra não tem graça nenhuma, mas ver tanta tese e tanto clubismo dá para algum divertimemto para quem tem a humildade de assumir a sua ignorância e não se arvorar e senhor da razão. Até serve invocar o santo nome de Deus em vão 🙃

Unknown disse...

Clubismo?! Há mentes que e conservam temerosas em relação ao Kremlin

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Unknown,

Quando falo de clubismo, falo de todos, dos que vale tudo contra o "império", mesmo defender regimes e políticos reacionários, e dos que acham que do lado da cá é tudo virtudes e boas intenções.
Devemos ser sempre temerosos face a potências nucleares, recomenda o bom senso.

Anónimo disse...

O "Lúcio Ferro" agora assina "M. Prieto". Um verdadeiro camaleão.

manuel campos disse...

Já me ri, obrigado.
Uma pessoa que não assina a criticar uma pessoa que assina duas vezes.
E ainda lhe chama nomes!

Queijos

Parabéns ao nosso excelente queijo!  Confesso que estou muito curioso sobre o que dirá a imprensa francesa nos próximos dias.