segunda-feira, agosto 19, 2024

Delon

Morreu Delon. Era um ator mediano (posso ter a minha opinião, não posso?), esteticamente arrebatador para muitas mulheres (e imagino que para alguns homens). Politicamente era de extrema-direita, mas não será por essa razão que lamentarei menos a sua morte, como acontecerá quando a Bardot morrer.

6 comentários:

C.Falcão disse...

Personalidade atormentada com uma vida fora do comum. É um monumento
do cinema francês.
Que repose em paz

manuel campos disse...

Dei-me conta por interpostas pessoas de que as redes sociais se encheram de comentários entre a paixão e o ódio (não estive, não estou e não estarei em nenhuma).
Se a paixão se justifica entre as inúmeras admiradoras (e não só, como bem frisa), já o ódio baseado nas suas ideias políticas ou em episódios da sua vida pessoal que não diferem muito por aí além de outros que sempre nos circundaram (e até na família de muitos ainda nos circundam) já são do domínio de alguma falta de inteligência, na minha perspectiva.

Ainda há um mês atrás na livraria do El Corte Ingles uma senhora se recusava terminantemente a comprar um magnífico livro de um magnífico autor que outra lhe aconselhava, com o argumento de que “não gosto dele como pessoa, portanto não o quero ler”.
Como se sabe esta maneira de encarar o tema está muito bem distribuída no que respeita a escritores e realizadores, por exemplo, dando assim toda a razão a Descartes.
O escritor espanhol Javier Marías faleceu vai fazer 2 anos no próximo 11/09, com 70 anos, de uma pneumonia.
Foi um dos grandes escritores europeus das últimas décadas e grande parte da sua obra está traduzida em português, a editora Alfaguara tem feito um excelente trabalho (em vários domínios).
Com o seu inseparável amigo Arturo Pérez-Reverte partilhou as suas crónicas numa página do suplemento XLSemanal, revista distribuída juntamente com 28 jornais diários de grande tiragem, sendo o suplemento dominical mais lido de Espanha.
Sempre fui um leitor assíduo das “terríveis” crónicas de um e do outro, cada um a seu modo a chamar-nos a atenção para as incongruências e as gigantes hipocrisias da vida e do admirável mundo novo.
De tal modo assíduo sou que não só os ia lendo como tenho todos os livros com as colectâneas daquelas crónicas que foram publicados nos últimos 30 anos (tenho-os todos em castelhano), de vez em quando pego num, leio uma dúzia delas, verifico que está tudo na mesma, há que saber parar para pensar, na minha idade poucos páram para pensar, anda tudo num “à la recherche du temps perdu”, não adianta pois cada momento vive-se na idade própria.

Vem toda esta conversa a propósito de quê, perguntará quem aguentou estoicamente até aqui?
Pois vem a propósito do número crescente de pessoas para quem tudo é a preto e branco.
Uma das crónicas de Javier Marías, que aliàs dá o título a um desses volumes, é “Será o Cozinheiro Boa Pessoa?”, livro este que reúne noventa e cinco artigos escritos por Javier Marías entre 3 de fevereiro de 2019 e 24 de janeiro de 2021 e que foi editado cá pela Relógio d’Água em dezembro de 2022.
Posta de forma simples a questão é que, banidos do nosso interesse os excelentes escritores A, B e C porque fizeram ou pensaram isto ou aquilo nas suas vidas privadas, banidos os excelentes pintores D, E e F ou os excelentes realizadores G, H e I por idênticas razões, não deveríamos também tomar posição semelhante perante excelentes cozinheiros de reconhecido mau feitio ou hábitos e ideias pessoais discutíveis?
Trata-se de um texto irónico mas demasiadas vezes a ironia não é percebida.
E como disse Umberto Eco “É impossível reeducar quem não percebeu.”

Flor disse...

Alain Delon, um lindo homem. RIP.

Joaquim de Freitas disse...

Senhor Manuel Campos: A tal senhora do El Corte Inglês, comportou-se da mesma maneira que o Presidente da Republica Portuguesa, que agraciou com a Ordem do Infante D. Henrique Sousa Lara, o ex-subsecretário de Estado da Cultura que vetou o livro de José Saramago. O obscurantismo e o "reaccionarismo" afectam os dois sexos e todas as classes sociais.

albertino ferreira disse...

Dele recordo os filmes Rocco e os Seus Irmãos, O Leopardo, Borsalino e O Samurai. Acho que era um bom actor, para além da beleza; desculpa-se o seu reaccionarismo. Nunca relacionei a representação com as ideias políticas.

Nuno Figueiredo disse...

17:17 Manuel Campos, sábias palavras.

Queijos

Parabéns ao nosso excelente queijo!  Confesso que estou muito curioso sobre o que dirá a imprensa francesa nos próximos dias.