sábado, fevereiro 04, 2023

Já vale tudo, não é?

Nas últimas horas, uma suposta frase do CEO do Santander andou por aí a ser glosada em todos os tons. Decidi ir ouvir e, afinal, o que ele diz tem um sentido completamente diferente do que lhe é atribuído. Para as redes sociais, a verdade é o que der jeito ao preconceito.

10 comentários:

Anónimo disse...

Se me é permitido eu diria que nas redes sociais é enfatizado o que dá jeito ao preconceito e/ou ao seu contrário, pois também é muito frequente invocar preconceito onde ele não existe!!!!

Anónimo disse...

Qual foi o sentido completamente diferente? Confirmei no video que ele diz que viu portugueses a jantar em restaurantes. Parece que esse olhómetro é o indice dele para a situação económica dos portugueses. Mas como não sou especialista em exegese escolástica das palavras do CEO, se calhar entendi tudo errado e ele disse o inverso disso.

manuel campos disse...


Antes de postar algumas considerações e abusando (muito) da boa vontade do nosso anfitrião, que é a quem devo agradecer tanta paciência para mim, venho fazer uma espécie manhosa de “disclaimer”, ainda que nada de novo.
Como já contei, há quase um ano que tenho muito tempo “livre” todos os dias, na sequência de uma situação em cujos pormenores não entro.
Assim, dado que estou longe das minhas coisas, sem poder ver TV nem ouvir música, apenas com um livro ou um PC como ocupação durante muitas horas, vou entremeando estes longos textos com a leitura o mais eclectica possível, nem todos os dias apetecem os mesmos estilos, agora é Voltaire e Foster Wallace, dois “filósofos” dos seus quotidianos, cada um vai servindo de “amuse-bouche” ao outro, fica mais fácil a verdadeira degustação.
Noutros blogues vai-se encontrando muita agressividade para a qual perdi a paciência, com a idade e as voltas da vida já não estou nessa, a menos que quisesse também descarregar algo para cima dos outros todos os dias.
Ainda há dias escrevi algo algures pois o autor do texto estava a dar uma informação errada que eu procurei explicar, nem me respondeu ao que eu disse e desatou a disparatar comigo, no que foi fortemente apoiado pela claque do costume por lá, aprendi a lição.
É que praticamente nenhuns autores de blogues nos dão a liberdade sem interferências que temos aqui, mesmo os que batem no peito o tempo todo jurando pela sua (deles) “democracia”.
Seguem-se dois comentários longos.

manuel campos disse...

Como aqui em casa não estamos nem nunca estivemos em nenhuma rede social, não sofremos com tudo o que vai das lutas justas aos combates primários que por lá se encontram, muitos mais estes que aquelas, como é habitual.
O facto de não estarmos lá não impede que compreenda que lá se esteja pelas razões mais variadas e respeitáveis, o que não passa evidentemente pelos exibicionismos parolos que fazem a glória e o encanto de muitos.
Acabamos assim por saber dessas situações pontualmente, quando extravasam de lá como em casos como este que vão parar às informações online onde acabo de encontrar várias entradas para o caso.
Não conheço o senhor nem ninguém que lá esteja agora no CA, conheci bem dois em anteriores, um deles bastante próximo por termos trabalhado juntos no princípio da carreira dele, eu era uma espécie de “chefe indirecto”, fomos mantendo contactos frequentes.
O problema é que há frases e ideias que não se devem pôr cá para fora, sem mais nem menos, por mais certas, verdadeiras e até banais que nos pareçam, mesmo que não se tornem publicas, quanto mais quando inevitavelmente se vão tornar.
Estou a falar dos “jantares fora às 6ªs feiras”.
Vou dar um exemplo que considero simples de perceber, mesmo por quem viva em bolhas (cada vez há mais), não conheça muita gente pobre e, muito menos, alguma vez fale com eles além da troca de bons-dias (se tanto).
Ora eu sempre tive por hábito falar a toda agente e, se estou 5 minutos a falar aqui na rua com pessoas que foram PCA de empresas ou DG de algum ministério (há muitos agora nas zonas antigas/históricas), estou o mesmo tempo a falar com pessoas que foram escriturários ou caixeiros (sempre houve muitos nas zonas antigas/históricas), não vejo qualquer razão para ser diferente a atenção que me merecem (aprende-se mais com os segundos, há mais tempo para conversar e menos tempo para caganças, quando toca a caganças também tenho para a troca e é mais ping-pong que conversa).

Já disse que há uma pessoa que passa todos os dias várias vezes à porta de uma casa que tenho algures, é caminho dele entre o local onde mora e o centro da localidade onde está o comércio, de uma das vezes vai lá dentro ver se está tudo com ar normal na casa e no vasto jardim que a cerca.
Essa pessoa tem uma reforma muito baixa e eu retribuo o favor de varias formas, pagando-lhe por exemplo os arranjos frequentes da Vespa, único meio em que se desloca além de uma bicicleta (também lhe emprestei dinheiro para a comprar em 2ª mão, foi descontando no “apoio de vigilância” que me dá, a certa altura ficou por ali, eu não quis o resto).
Ora esse senhor gosta de ír jantar fora com a mulher à 6ª feira (lá está!), é o único luxo que têm numa vida do mais modesto que se pode imaginar (quem o pode imaginar), nesse enorme “luxo” gastam para aí a escandalosa quantia de 15€ os dois juntos, é por “aquilo” que anseiam toda a semana.
Ora passa pela cabeça de alguém que eu, que posso comer onde me apetece e quando me apetece, alguma vez lhe fizesse um comentário sobre uma despesa que equivale a uma percentagem não despicienda do rendimento dele sem ele não me explicar (se o soubesse, coitado) os rudimentos do que deu origem à tomada da Bastilha?
Não é evidente a qualquer pessoa com experiência de vida e que ocupa lugares de destaque que isto “é falar demais”, o que é muito diferente de “falar muito”?
É que não me passa pela cabeça que quem viva muito bem dê lições aos que vivem muito mal, muito menos que quem viva muitíssimo (enormemente) bem as dê a quem quer que seja que não esteja ali por níveis de rendimentos próximos, estes assuntos só se tratam nestes termos (em público) com os da nossa igualha.
E que amostragem permite a quem quer que seja saber se um restaurante está cheio de pessoas que devem muito, pouco ou nada a bancos?

manuel campos disse...


O que eu sei é que os bancos andaram anos com campanhas de “facilitação” de empréstimos para tudo, quando só o da casa se devia justificar com uma análise mais cuidada, o carro já é discutível se fôr um topo de gama para quem mal pode sustentar um banal carro familiar.
As viagens para paraísos variados que quando acabam de serem pagas já ninguém se lembra onde esteve e os cartões de credito cheios de juros por tempos infindos ou então sem juros nenhuns em épocas festivas deviam ser fortemente limitados.
Falou o senhor em padrão de consumo elevado: quem é que o favorece e facilita senão os bancos, incluindo aquele mesmo banco como mesmo agora vi ao abrir a respectiva página só para confirmar?
Claro que ninguém é obrigado a contrair empréstimos, mas os bancos ao avançarem com estas campanhas não sabem muito bem, e á partida, que o português não resiste a dinheiro aparentemente fácil, que logo se vê quando se paga?

Quanto às comissões dos depósitos não serem já mexidas porque só iriam beneficiar os ricos, os pobres não têm lá dinheiro para isso (nem para nada), pois aí espero ter percebido mal, não dá para entender como se pode dizer aquilo sem mais.
Mas o que o Expresso conta é que terá dito que o “nível de concentração de depósitos em Portugal é muito grande” e que “80% dos portugueses não tem poupança nenhuma”.
E depois acrescenta, sempre segundo o Expresso, que “Os certificados de aforro estão a pagar mais e têm tido procura, mas vão ver que passado um ano os depósitos estarão ao nível dos certificados de aforro”.
Se uma pessoa quiser ser populista no local errado, não poderia fazer melhor, porventura achando que, não podendo dar aos pobres, também não dá aos ricos e que isso deixa contentes os primeiros, uma curiosa forma de Robin do Bosques que não agrada a ninguém.
Podia ter dito que assim o banco tem mais lucros, paga mais impostos, há mais dinheiro para redistribuir pelos mais desfavorecidos, tinha sido apesar de tudo mais simpático.

Tendo em conta o espírito geral até acredito que fique muita gente feliz com o “castigo” aos ricos, mas os “ricos” é que podem não ficar felizes e procurarem (o que já fazem com muita frequência) outras alternativas mesmo cá dentro e que ele aliàs indica avançando que, se esperarem sentados, daqui a um ano os juros do banco estarão como os das alternativas, como se alguém que tenha suficiente dinheiro para estas andanças não o saiba já ou não "acorde" com esta informação sobre as expectativas de evolução.
Era preciso dizer que era daqui a um ano, não era melhor não dizer nada ou dizer umas banalidades?
Claro que falou nas taxas e na fiscalidade quando é feito um contrato de crédito à habitação mas nem vou por aí, isso também dava pano para mangas, como toda a gente que tem créditos desse tipo também sabe, desde que não seja um iliterato na matéria, há muito por onde mexer dos dois lados (Estado e bancos) e não me parece que alguma vez venham a estar de acordo facilmente.

manuel campos disse...


Os comentarios náo eram para sair assim mas tive que os separar como pude, não há nada como escrever sem parar para se descobrir que a "caixa" só permite um máximo de 4096 caracteres (acho que era isso que lá estava).

Portanto tirando eu e o Joaquim de Freitas (*) não me parece que mais ninguém tenha este problema.

(*) Foi uma gracinha, não leve a mal, gosto de o ler não porque concorde muitas vezes consigo mas porque sabe muito e é convicto no que diz, qualidades raras.

José disse...

Um problema que não é de agora, convenhamos.
Mas, obviamente, quando a deturpação das coisas convém ao nosso lado, a gente pensa noutros problemas.

Alguém se lembra da história dos "piegas"?

Renato em Roma disse...

Nem foi muito original. O Silvio Berlusconi quando andava por cima (literalmente) do povinho itálico dizia que não havia problemas económicos porque as pessoas estavam sempre nos restaurantes. Ora a maior parte ia e vai às pizzarias aonde os preços são mais razoáveis e uma vez por semana à sexta ou ao sábado. A outra coisa é que essas pizzarias e restaurantes e o povinho que as frequentava eram essencialmente do tecido urbano que estava razoavelmente bem (especialmente Roma com os seus milhares de funcionários públicos e serviços, e Miláo idem idem aspas aspas). Nos pequenos centros urbanos ou as outras zonas mais "rurais" a situação era completamente diferente. De facto a quantidade de cafés pizzarias e restaurantes que fecharam durante os períodos de crise (2000-2002, 2008-2009, e a mais recente) foi bem razoável. Definir a pobreza ou a riqueza de uma população baseando-se simplesmente pela frequentação de lugares de comes e bebes é do mais falso que se possa fazer... Mas parece ser coisa que se repete entre os que são mais abastados...
Enfim...

João Cabral disse...

Senhor embaixador, faz lembrar o que puseram recentemente na boca de Isabel Jonet, sem que ela sequer o tenha proferido, para gáudio dos "antiburgueses" de serviço. Isto não configura discurso de ódio?

José disse...

Lembram-se da Manuela Ferreira Leite?

Lembram-se da Isabel Jonet?

Lembram-se do Rui Rio e da campanha suja que fizeram a propósito da "negociação em direto com André Ventura" (em suposta defesa da prisão perpétua)?

Filhos e enteados.

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