domingo, fevereiro 19, 2023

Outras bandas

 

O IPMA tinha-nos vigarizado a todos. 20° era a temperatura prevista. Com algum sol. Convictos de que vinha aí um domingo a preceito, trajados "light", rumámos de ferry, para almoçar em Soltróia. Em casa de amigos, que é onde melhor se come. E comeu. E bebeu. Mas sem réstia de sol. E com vento. E algum frio. Lá fora, claro.

Soltróia - Tróia com sol, deve ser o significado - é um bairro construído à beira-mar. Não ouso transcrever aqui o poema de Bocage "Em Tróia, de Setúbal bairro inculto...", porque este é um espaço de famílias e o Google suspender-me-ia, pela certa.

Passo em Soltróia duas ou três semanas em cada Verão. O que mais me agrada ali é o facto de ser quase um deserto de comércio e, em especial, de restaurantes, sem o mínimo de social publicável, sem notáveis notados. Só o mini-mercado do Ursino, o café do Pereira e o errático Beach Club, além da rulote das farturas e, na praia, as bolas de Berlim do João. 

E é tudo mais do que suficiente, porque é exatamente a escassez de comércio a chave do imenso sossego do lugar. Na "off-season", até essas coisas desaparecem, atirando quem lhes estranhe a falta para a alegria saloia da marina de Tróia ou para a finura das lojas da Comporta, aqui nas mãos da caixa registadora do Gomes, ou para os infernais mosquitos da Carrasqueira, onde me dizem que o Rola deixou de cantar.

Era assim que tudo estava hoje, lá em Soltróia. Com sol, claro, teria bastante mais graça. Mesmo assim, com lareira, foi um pretexto para um refúgio nas vitualhas, nuns álcoois a preceito e numa bela conversa de bons amigos. É o que se leva desta vida, essa é que é essa!

3 comentários:

maitemachado59 disse...

Quando eramos pequenos em Setembro iamos sempre para Troia (havia a lenda que tinha sido de um familiar que a perdeu ao jogo). Ficavamos do lado frente a Setubal porque o lado do Atlantico era suposto ser muito forte. A criancada preferia ter ido para Albarquel, mas nessa altura era sujissimo. O que nos consolava era que um dos barcos que nos levava a Troia tinha o nome do nosso Avo materno que entre outros "tachos" tinha sido medico do porto.

Bons tempos!

maitemachado59

Flor disse...

Aí que saudades! Já não vou a Tróia há muitos anos. Quando tinha casa em Palmela era mais fácil. Outros tempos! Uma pergunta sr. Embaixador, não avistou golfinhos?.

Nuno Figueiredo disse...

enjoy...que vem aí a Ortega (e não e y Gasset)

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