domingo, julho 14, 2024

Para aligeirar o ambiente


Em 1971, teve lugar em Lisboa, na Sociedade Nacional de Belas-Artes, uma "conferência", proferida pelo "sábio" belga "Alphonse Peyradon". 

A certo passo, saído do meio da assistência, sob um pretexto qualquer, alguém deu dois "tiros" no conferencista, que caiu redondo.

(Insiro aqui, graças à amabilidade do leitor Jaime Guilherme, a única imagem que existe do "horrível atentado.)

No dia seguinte, o jornalista Fernando Assis Pacheco reportou o "atentado" no "Diário de Lisboa", num texto em que insere esta deliciosa expressão: "O primeiro tiro matou-o logo. O outro feriu-o à superfície".

Tudo aquilo não passou de uma brincadeira, organizada por um divertido grupo em que preponderava o advogado Vasco Vieira de Almeida. ("Peyradon" era uma corruptela intelectualizada, de "Pai Adão" em francês).

A história teve algumas inesperadas sequelas, com a censura do regime à mistura (Leiam mais sobre o assunto no excelente livro "Parem as máquinas", de Gonçalo Pereira Rosa). 

Ontem, sei lá bem porquê, lembrei-me deste episódio.

4 comentários:

Anónimo disse...

A historieta tem a sua piada. O timming é que, no meu entender, é de muito mau gosto. Mas enfim, como todos sabemos, vide os média, como a sua cnn e todos os outros, observador incluído, Trump deu uma queda e foi levado pelo serviço secreto, Trump - alegadamente - foi vítima de uma tentativa de assassinato, trump diz que lhe deram um tiro na orelha, mas toda a gente sabe que Trump é um mentiroso inveterado e, assim sendo, na verdade, Trump não foi alvejado, uma bala não o matou por um mero acaso, uma pessoa que estava na audiência não foi morta, duas outras não foram gravemente feridas, nem o homem que disparou foi prontamente abatido. Não, tudo não passou de uma mera encenação, aliás, Trump contratou o tipo para lhe dar apenas um tiro de raspão, assim, só um tirito de raspão à cabeça, prometendo-lhe uma fortuna e só se esquecendo de dizer ao moço que o tipo não iria viver nem mais um minuto depois de o fazer e, incrível, o rapaz acreditou. Sim, sim. Foi tudo encenação. De encenação em encenação, Trump vai ser eleito e pelo menos a guerra da Ucrânia chegará ao fim. Que chatice, não é? Já viu se tivesse sido tudo verdade e o homem tivesse mesmo sido abatido, às tantas o tolinho do Biden tinha o caminho aberto para continuar todas as boas acções que lhe são conhecidas, não é mesmo? Enfim, é a minha opinião, o senhor publica-a se o entender: eu acho este seu post, dado o timming, de muito mau gosto.
M.Prieto

Flor disse...

Ora aí está o busílis da questão. O atirador "feriu o Trump à superficie".

Anónimo disse...

Fernando Neves
O assassino do Peyradom é um amigo meu, um dos homens mais cultos e inteligentes que conheci e o que mais sabia da nossa língua. Tinha um sentido de humor extraordinário, era campeão de bridge, tocava e cantava um repertório infindável de cantores em francês, como o Brel e escreveu um livro chamado “Para uma Interpretação da História: de Althusser a Marx”. Escrevia outras coisas, como um texto sobre os malefícios da bondade, absolutamente hilariante. Infelizmente, apesar das minha insistências, não publicava nada

Anónimo disse...

Fernando Neves
Correção: o título do livro Esteves da Silva é “Para um teoria da História.: de Althusser a Marx”

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