sexta-feira, julho 19, 2024

Muita graça

Em política, o estado de graça, isto é, o tempo em que os governos ainda não pagam um preço pela asneira, deteta-se na linguagem mediática. O caos na saúde era disfarçado. Começa agora a surgir. Mas a culpa ainda não é do primeiro-ministro: ainda é da ministra...

7 comentários:

Luís Lavoura disse...

A culpa não é nem dos ministros nem dos primeiros-ministros. Nunca foi.
No Reino Unido o caos na saúde é parecido, apesar de esse país ter a enorme vantagem de poder importar, sem grandes impedimentos, milhares de médicos formados no estrangeiro, especialmente no subcontinente indiano. (Atualmente 1/3 dos médicos a ser contratados pelo NHS britânico foi formado no estrangeiro.)

J. Carvalho disse...

Os jornalistas foram de férias. As Tvs, incluindo a pública, deixaram de ter repórteres para acamparem na entrada dos hospitais públicos. O mesmo com os bombeiros, prisões, serviços de emigração.
O estado de graça é isso,a falta de jornalistas.

Unknown disse...

Não é de boa fé imputar já a culpa do estado da saúde a este governo.

Anónimo disse...

Fernando Neves
O artigo de ontem sobre as urgências em São José, graças à criação de equipas especiais de urgências, pelo ceo da saúde saneado por esta Ministra, mostram o erro da atitude negativa desta Ministra. Artigo no Público

Carlos Antunes disse...

Sobre a actual Ministra da Saúde a crítica demolidora do ex-Director Executivo do SNS, Fernando Araújo (Expresso 19/07/2024):
«Em liderança (e na política) há uma linha clara que separa a exigência de responsabilidades e a atribuição de culpas. Políticos que utilizam o caminho mais simples, crucificando as instituições que tutelam, tendem inexoravelmente a falhar».
E sobre a existência de uma "erosão na confiança” e um “ambiente tóxico” entre as instituições e a tutela salienta que a falta de apoio e motivação leva ao abandono dos melhores profissionais «O resultado é desastroso: coloca em causa as instituições, provocando um dano reputacional irreparável à Administração Pública e ao Serviço Nacional de Saúde. Fica-se a pensar se é inexperiência, incompetência ou uma agenda cuidadosamente pensada.»

Para mim, restam-me poucas dúvidas de que a MS foi escolhida (e, portanto a culpa não é apenas sua) para prosseguir a “agenda cuidadosamente pensada” inscrita nos programas eleitoral/governo da AD, da substituição de um Serviço Nacional de Saúde (SNS) por um sistema nacional de saúde, que integre também o sector privado, igualmente financiado pelo Estado.
Ideia que não é nova, ocupando de resto um lugar central em todos os governos da direita (desde a rejeição da criação do SNS em 1979 pelo PSD e CDS), na linha da recusa da lógica do acesso universal e (tendencialmente) gratuito ao serviço público de saúde.

Anónimo disse...

O estado de graça do governo que pôs o SNS no caos terminou quando o PS foi apeado.

Carlos Antunes disse...

Sobre “O que é e faz o SNS” um artigo notável do cirurgião Eduardo Barroso (o Senhor Embaixador que me desculpe mas isto só vai mesmo através do “cabide” https://www.dn.pt/3671959048/o-que-e-e-faz-o-sns/)
Deveras interessante para todos aqueles sempre prontos a criticar o SNS e a defender e tecer encómios aos serviços privados de saúde.

Boa noite

Dizemos boa noite num gesto mecânico de boa educação. E, às vezes, nem damos conta de que há, realmente, boas noites. Mesmo quando o tempo e...