sexta-feira, julho 26, 2024

O senhor Guedes


Era por esta altura de início de férias grandes. Mas também podia ser pelo Natal ou na Páscoa. Ou numa possível ponte entre um feriado e um fim-de-semana. Aquela nossa amiga conseguia sempre um conveniente arredondamento dos seus dias de férias, fosse isso uma dispensazita numa tarde de sexta ou uma chegada tardia na segunda-feira.

Nós invejávamos-lhe a arte de convicção, mas, acima disso, a benemérita luz verde de quem lhe permitia o usufruto dessas folgas. É que, invariavelmente, ouvíamos: "Tenho de pedir ao senhor Guedes". Se propunhamos prolongar a estada numa pousada ou num hotel, era certo e sabido que ali viria: "Vou ter de falar com o senhor Guedes, para ver se é possível". Durante várias décadas, que déssemos conta, foi sempre possível. Grande Guedes!

Nunca conheci esse tal senhor Guedes, mas assistimos a várias chamadas da nossa amiga para esse generoso gestor de recursos humanos na entidade onde ela dedicadamente trabalhava, embora apenas nos dias do ano que ainda lhe sobravam entre as férias e as borlas dadas pelo senhor Guedes.

Hoje, ao início da tarde, numa viagem através do país, ao encontrar multidões em carros apinhados, a caminho das praias, bem antes do fecho do horário oficial dos empregos, num dia útil como é uma sexta-feira, dei comigo a comentar: "Isto é malta que foi dispensada pelo senhor Guedes!"

1 comentário:

Flor disse...

Com certeza a amiga compensaria com horas de trabalho.

Tarde do dia de Consoada