quinta-feira, julho 18, 2024

António Leite


Foram muitos anos de sofrimento, de crescente alheamento do mundo, sob o apoio imensamente dedicado da família. Foi-se agora da vida, acabo de saber, o António Leite. Era um homem sereno, com um sorriso bondoso, amigo do seu amigo. Embora um pouco mais novo do que eu, conheço-o desde sempre, do liceu, das cadeiras da Gomes, da CDE de Vila Real (foi ele quem me transmitiu o convite para me juntar ao grupo), das noites da Granfina e do Montecarlo. Lembro-me de andarmos os dois à boleia, entre o norte e o sul, de noitadas em casa de amigos em Coimbra, de conversas na "comuna da António Ferro", como o Jaime Gama, seu primo, gostava de chamar ao andar coletivo de amigos que havia no Lumiar. A última vez em que falámos, pouco, foi no bar do hotel Miracorgo, num Natal, lá em Vila Real. Para agitar o torpor da sua cara, lembrei-lhe então uma história comum. A Glória notou que os olhos lhe sorriram, que reagiu com um comentário adequado ao estímulo que lhe lancei. Mas, claramente, o António já estava "noutra". E a sua vida já não era vida. Acabou agora. Um beijo à heróica Glória e à Laurinha. Um abraço solidário à Paula, ao Carlos e ao Zé.

2 comentários:

balio disse...

Alzheimer? É trágico.

Flor disse...

Que descanse em paz.

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