Daquilo que conheço dos consulados - e conheço pouco mas mais do que muitos dos comentadores que enchem os painéis das TVs e seguramente muito mais do que 90% dos comentadores das publicações electrónicas a ideia de acabar com a legalização após a chegada ao país tem como principal objectivo limitar as filas na Avenida António Augusto Aguiar. É que as filas e os tempos de espera nos Consulados não fazem notícia nos telejornais.
Ora eu sei que pessoas que solicitaram vistos para estadias prolongadas para frequência de universidades portuguesas e que dispunham de bolsas esperaram (e esperam) até ao último minuto para obter o visto. Que nalguns casos acabaram por perder a bolsa ou optaram por outros países face às dificuldades na obtenção do visto. E julgo saber que a decisão não está dependente exclusivamente dos serviços consulares adstritos às embaixadas de Portugal por esse mundo mas envolve também decisões que são tomadas em Lisboa. (Sr embaixador por favor clarifique caso eu esteja equivocado)
O aumento da capacidade consular é seguramente necessário mas duvido que permita fazer face aos pedidos. O objectivo mesmo é dificultar a emigração legal com o pretexto de falar em “emigração regulada”. Ora há evidência empírica de que quando um bem ou serviço se tornam mais difíceis de obter através dos canais legais isso aumenta o seu valor no mercado paralelo. Isto é as mafias da emigração vão prosperar ainda mais!
Ainda sobre o tão glosado descalabro da AIMA. É inegável que esta entidade não responde à procura mas só por má fé se pode atribuir o problema exclusivamente à extinção do SEF. O antigo SEF era ele mesmo um cancro e uma parte significativa dos problemas enfrentados pela AIMA são herança do SEF. Assiste-se a um processo de legalização que é uma prova de resistência por parte dos emigrantes confrontados com uma óbvia falta de articulação entre os vários serviços da administração pública. Só alguns exemplos: - A segurança social que deveria ser mais expedita na validação dos comprovativos de contribuições por parte dos emigrantes empregados por empresas com real atividade - A autoridade aduaneira no controlo das empresas fictícias que servem de cobertura as redes de emigração ilegal (até Catarina Portas falava na sustentabilidade económica das night shops e lojas de lembranças que proliferam a vender bugigangas por 2 euros e a pagar rendas em locais privilegiados em Lisboa) - A Autoridade que avalia o cumprimento da legislação laboral que aparentemente se esquece de verificar as condições de trabalho de grupos de e emigrantes engajados em atividades que vao desde os trabalhadores agrícolas, aos motoristas de TVDE, e aos entregadores da Globo ou da Uber. - As autarquias que deixam proliferar nas áreas sob a sua jurisdição os gethos que acolhem emigrantes sem validar as reais condições de habitação que lhe são proporcionadas limitando-se apenas ao trabalho de secretaria de emissão (ou recusa) dos atestados de residência - sem ir visitar in loco as ditas residências. - Os oportunistas que falam contra os emigrantes mas aproveitam para os explorar incluindo os que se queixam do que pagam pelos serviços de entrega de refeições mas ficam contentes quando recebem a encomenda da Globo transportada pelo emigrante shik com o seu turbante. - Já agora a esquerda multicultural que ignora os problemas suscitados pela integração de comunidades com valores culturais distintos deixadas à sua sorte e que à medida que se instalam e ganham massa crítica respondem à marginalizacao a que são vetados com uma atitude de auto-exclusão
Enfim … tratar estes problemas é complicado e desafiante e exige muito trabalho e reflexão e é uma luta de todos os dias. Não dá para fazer títulos nos jornais para vender na campanha eleitoral para colher votos na semana seguinte.
Agradeço ao comentador Carlos o magnífico texto que aqui nos trouxe. E o parágrafo final diz tudo o que penso do modo egoísta e imediatista em que estes assuntos são debatidos no dia-a-dia de cada um de nós. De forma clara e tanto quanto possível sucinta disse o que há que dizer pela simples razão de que sabe do que fala e, se não sabes explicar algo de forma simples é porque não o percebeste (A. Einstein).
Tenho evitado escrever sobre o assunto, para além de ir dizendo aqui ou ali que não me é totalmente estranho por força de andar muito “por aí”, porque isso não vai ao encontro das preocupações de muita gente em caixas de comentários de blogues. Continua assim tudo nas suas “bolhas” (que são muitas e de vários tipos), num ping-pong político ou meramente indiferente, de volta de um problema que pelos vistos pensam que não os vai afectar e, como quase sempre, quem venha a seguir que se amanhe.
Por toda a Europa e também nos EUA, são os mais jovens e os mais pobres, os que menos o deviam fazer, que estão a “virar” à direita. Convinha pensar nisso e no porquê disso, quem ainda sabe e quer pensar.
Costumo dizer que os regimes de esquerda se foram impondo no ocidente graças aos maus hábitos em que a direita se foi instalando, do alto da sua auto- concedida superioridade moral. E costumo acrescentar que temos agora o fenómeno precisamente oposto em marcha.
Também costumo desejar “Boa sorte!” aos que me dizem que não é bem assim. Continuem sentadinhos a levar com propaganda política, eu vou agora saír a pé e continuar a tentar “olhar e ver” a vida que está aí fora.
Um pedido de desculpas por alguns lapsos involuntários no meu comentário anterior. Onde se lê Globo deveria ler-se Glovo (o corrector ortográfico só conhece a primeira e persiste no erro - coisas da IA (inépcia artificial)) e Shikh tem um “h” no fim. Há mais alguns lapsos e gralhas como por exemplo a referência à Autoridade Tributária e Aduaneira ou à Autoridade para as Condições de Trabalho que ocuparia muito espaço corrigir … um renovado pedido de desculpas
A questão é por que razão de um momento para o outro a extrema-direita ocidental passou a ter dinheiro a rodos. Uma outra é : como raio é que a incivilidade ganhou direito de cidade nos EUA a ponto de um Trump poder dizer e fazer as mais variadas malfeitorias e continuar a ser apoiado por tanta gente tão influente (sem o que não teria apoio popular). Isto era impossível há quinze anos. O que se passa?
6 comentários:
Senhor embaixador, mas existe um problema com a imigração em Portugal, isso é inegável.
Senhor embaixador, caros leitores
Daquilo que conheço dos consulados - e conheço pouco mas mais do que muitos dos comentadores que enchem os painéis das TVs e seguramente muito mais do que 90% dos comentadores das publicações electrónicas a ideia de acabar com a legalização após a chegada ao país tem como principal objectivo limitar as filas na Avenida António Augusto Aguiar. É que as filas e os tempos de espera nos Consulados não fazem notícia nos telejornais.
Ora eu sei que pessoas que solicitaram vistos para estadias prolongadas para frequência de universidades portuguesas e que dispunham de bolsas esperaram (e esperam) até ao último minuto para obter o visto. Que nalguns casos acabaram por perder a bolsa ou optaram por outros países face às dificuldades na obtenção do visto. E julgo saber que a decisão não está dependente exclusivamente dos serviços consulares adstritos às embaixadas de Portugal por esse mundo mas envolve também decisões que são tomadas em Lisboa. (Sr embaixador por favor clarifique caso eu esteja equivocado)
O aumento da capacidade consular é seguramente necessário mas duvido que permita fazer face aos pedidos. O objectivo mesmo é dificultar a emigração legal com o pretexto de falar em “emigração regulada”. Ora há evidência empírica de que quando um bem ou serviço se tornam mais difíceis de obter através dos canais legais isso aumenta o seu valor no mercado paralelo. Isto é as mafias da emigração vão prosperar ainda mais!
Ainda sobre o tão glosado descalabro da AIMA. É inegável que esta entidade não responde à procura mas só por má fé se pode atribuir o problema exclusivamente à extinção do SEF. O antigo SEF era ele mesmo um cancro e uma parte significativa dos problemas enfrentados pela AIMA são herança do SEF. Assiste-se a um processo de legalização que é uma prova de resistência por parte dos emigrantes confrontados com uma óbvia falta de articulação entre os vários serviços da administração pública. Só alguns exemplos:
- A segurança social que deveria ser mais expedita na validação dos comprovativos de contribuições por parte dos emigrantes empregados por empresas com real atividade
- A autoridade aduaneira no controlo das empresas fictícias que servem de cobertura as redes de emigração ilegal (até Catarina Portas falava na sustentabilidade económica das night shops e lojas de lembranças que proliferam a vender bugigangas por 2 euros e a pagar rendas em locais privilegiados em Lisboa)
- A Autoridade que avalia o cumprimento da legislação laboral que aparentemente se esquece de verificar as condições de trabalho de grupos de e emigrantes engajados em atividades que vao desde os trabalhadores agrícolas, aos motoristas de TVDE, e aos entregadores da Globo ou da Uber.
- As autarquias que deixam proliferar nas áreas sob a sua jurisdição os gethos que acolhem emigrantes sem validar as reais condições de habitação que lhe são proporcionadas limitando-se apenas ao trabalho de secretaria de emissão (ou recusa) dos atestados de residência - sem ir visitar in loco as ditas residências.
- Os oportunistas que falam contra os emigrantes mas aproveitam para os explorar incluindo os que se queixam do que pagam pelos serviços de entrega de refeições mas ficam contentes quando recebem a encomenda da Globo transportada pelo emigrante shik com o seu turbante.
- Já agora a esquerda multicultural que ignora os problemas suscitados pela integração de comunidades com valores culturais distintos deixadas à sua sorte e que à medida que se instalam e ganham massa crítica respondem à marginalizacao a que são vetados com uma atitude de auto-exclusão
Enfim … tratar estes problemas é complicado e desafiante e exige muito trabalho e reflexão e é uma luta de todos os dias. Não dá para fazer títulos nos jornais para vender na campanha eleitoral para colher votos na semana seguinte.
Agradeço ao comentador Carlos o magnífico texto que aqui nos trouxe.
E o parágrafo final diz tudo o que penso do modo egoísta e imediatista em que estes assuntos são debatidos no dia-a-dia de cada um de nós.
De forma clara e tanto quanto possível sucinta disse o que há que dizer pela simples razão de que sabe do que fala e, se não sabes explicar algo de forma simples é porque não o percebeste (A. Einstein).
Tenho evitado escrever sobre o assunto, para além de ir dizendo aqui ou ali que não me é totalmente estranho por força de andar muito “por aí”, porque isso não vai ao encontro das preocupações de muita gente em caixas de comentários de blogues.
Continua assim tudo nas suas “bolhas” (que são muitas e de vários tipos), num ping-pong político ou meramente indiferente, de volta de um problema que pelos vistos pensam que não os vai afectar e, como quase sempre, quem venha a seguir que se amanhe.
Por toda a Europa e também nos EUA, são os mais jovens e os mais pobres, os que menos o deviam fazer, que estão a “virar” à direita.
Convinha pensar nisso e no porquê disso, quem ainda sabe e quer pensar.
Costumo dizer que os regimes de esquerda se foram impondo no ocidente graças aos maus hábitos em que a direita se foi instalando, do alto da sua auto- concedida superioridade moral.
E costumo acrescentar que temos agora o fenómeno precisamente oposto em marcha.
Também costumo desejar “Boa sorte!” aos que me dizem que não é bem assim.
Continuem sentadinhos a levar com propaganda política, eu vou agora saír a pé e continuar a tentar “olhar e ver” a vida que está aí fora.
Alguém tinha de fazer alguma coisa para inverter a situação caótica. como está não pode continuar, é uma evidência.
Um pedido de desculpas por alguns lapsos involuntários no meu comentário anterior. Onde se lê Globo deveria ler-se Glovo (o corrector ortográfico só conhece a primeira e persiste no erro - coisas da IA (inépcia artificial)) e Shikh tem um “h” no fim. Há mais alguns lapsos e gralhas como por exemplo a referência à Autoridade Tributária e Aduaneira ou à Autoridade para as Condições de Trabalho que ocuparia muito espaço corrigir … um renovado pedido de desculpas
A questão é por que razão de um momento para o outro a extrema-direita ocidental passou a ter dinheiro a rodos. Uma outra é : como raio é que a incivilidade ganhou direito de cidade nos EUA a ponto de um Trump poder dizer e fazer as mais variadas malfeitorias e continuar a ser apoiado por tanta gente tão influente (sem o que não teria apoio popular). Isto era impossível há quinze anos. O que se passa?
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