Em 2010, nas eleições presidenciais na Ucrânia, o vencedor foi Yanukovich, candidato pró-russo, derrubado em 2014 no golpe de Estado da Maiden. Comparar as zonas em que ele então teve maioria com aquelas que as tropas russas agora ocupam na Ucrânia ajuda a explicar muita coisa, nomedamente a revindicação hoje feita por Putin do abandono total, por parte da Ucrânia, dos quatro "oblasts" que a Rússia só parcialmente ocupa.
5 comentários:
É claro que ensinar História aos dirigentes do "Ocidente" é como dar pérolas a porcos, mas deveriam aprender que durante a Segunda Guerra Mundial a URSS e a Finlândia fizeram duas guerras entre si (na segunda delas a Finlândia teve o apoio da Alemanha), sendo que como resultado delas a Finlândia teve que ceder à URSS cerca de 20% (em população) do seu território e comprometer-se a ser neutra. Porém, após pagar esse (pesado) preço, a Finlândia passou os 70 anos subsequentes em boa paz e vizinhança com a URSS.
A Ucrânia está agora a lutar a sua segunda guerra contra a Rússia (nesta segunda guerra com o apoio dos EUA). Oxalá no fim dela consiga fazer o mesmo que a Finlândia: ceder um bom naco do seu território (os quatro "oblasts") à Rússia e comprometer-se a ser neutra. Se o conseguir fazer, poderá passar muitos decénios em paz.
Putin anda nervoso. Como era de esperar o facto de a guerra ter, por fim, entrando no território origianl da Fed. Russa, isso representa uma completa alteração das condições em que o seu mandato imperial começa a ser percepcionado pelo seu "eleitorado".
Mas sobretudo pela sua "entourage" que não deve gostar nada de, potencialmente, vir a ser arrastada pelo trambolhão. Putin não é a Russia, é apenas Putin.
Em quantos países não existe essa divisão? Até na Alemanha de hoje, e ninguém fala em separatismos ridículos.
João Cabral,
em muitos países existem divisões profundas. O problema surge quando essas divisões causam nacionalismos, ou numa parte ou na outra do país (ou em ambas).
No caso da Ucrânia, as divisões do país durante muito tempo foram inofensivas, mas a partir de certa altura desenvolveu-se, no oeste do país, um forte nacionalismo ucraniano e anti-russo, que começou a hostilizar os russófonos do leste.
Exacto.
Permita Luís Lavoura que acrescente ao seu excelente comentário, o facto que o nacionalismo ucraniano anti-russo foi exacerbado e explorado pela UE e pelos EUA, e não somente por Vitoria Nuland, ucraniana de origem, sub secretária de estado americana.
A Ucrânia está essencialmente nas mãos de vários oligarcas, tal como a Rússia na década de 1990, mas pior.
A grande maioria dos políticos ucranianos está à venda a quem pagar mais: isto aplica-se aos membros do parlamento, à administração presidencial, aos governadores regionais, aos membros do governo. Colectivamente, estes oligarcas também são donos dos meios de comunicação, dos tribunais, da polícia, dos bancos e de tudo o resto. A consequência directa de tudo isto é que a economia ucraniana esteve à deriva durante anos e agora está praticamente em ruínas.
Não é por acaso que o filho de Joe Biden fazia negócios por lá…Como Monsanto, Cargil e os outros !
Fundamentalmente, os ucranianos aspiram ao mesmo que qualquer ser humano: condições de vida dignas. Alguns deles vêem a União Europeia como a melhor esperança para alcançar este objectivo, e outros vêem a participação numa união económica com a Rússia, a Bielorrússia e o Cazaquistão como uma opção muito melhor. As proporções exactas não importam realmente, por uma razão simples e largamente ignorada: os cidadãos ucranianos não contam de todo neste conflito, são apenas peões usados por todos os lados.
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