sábado, junho 29, 2024

Baryshnikov


Desde há muitos anos, e até há minutos, vivia na convicção de que Mikhail Baryshnikov, o famoso bailarino com nacionalidade americana e letã, tinha nascido no mesmo dia que eu. Ele em Riga, eu em Vila Real.

Depois de ler a entrevista que hoje dá ao New York Times, constatei que, na realidade, ele é um dia mais velho do que eu. 

Olhei entretanto a fotografia com que o jornal ilustra a peça e concluí que essa diferença no calendário é uma evidência, tão óbvia, afinal, como são todas as evidências que nos confortam o ego.

(E houve quem levasse este post à letra! A ironia não tem vida fácil!)

6 comentários:

Flor disse...

Ele está muito envelhecido. Se calhar teria sido melhor em vez de ser bailarino ter sido Diplomata.

aguerreiro disse...

A vida é dura! E a bailar o fato e os sapatos desgastam-se, depois com os anos tudo são remendos e tombas

João Cabral disse...

Provavelmente, apanhou muito sol ao longo da vida.

jorge neves disse...

Sobre este assunto fiz um comentário que pretendia ser irónico.Provávelmente era, sem intenção, deselegante e foi censurado.Prerrogativa do chefe.Manda quem pode.

afcm disse...

Um Homem belíssimo, sempre! Ou como a beleza da arte consegue entranhar-se no artista, quaisquer que sejam as rugas.

manuel campos disse...


“(E houve quem levasse este post à letra! A ironia não tem vida fácil!)”

Oportuna “adenda”, a situação está-se a tornar muito complicada.
Cada vez mais a falta de um mínimo (mesmo que fosse muito mínimo) sentido de humor é mais aflitiva.
Não temos todos o mesmo sentido da coisa, uns caem das cadeiras a rir de histórias que outros nos ficam a olhar com aquele ar de “Onde é que está a piada?” mas, que diabo, ainda se devia conseguir distinguir uma inocente e óbvia ironia de uma afirmação categórica.
Isso é ainda mais grave quando vem de pessoas que conhecemos há muito, que tinham graça, que tinham um espírito vivo e que sabiam rir de si próprias.

Vem assim a propósito uma palermice que eu achava graça dizer a quem encontrava e encontro por aí.
Apesar da minha provecta idade não tenho rugas nenhumas, ando perfeitamente direito e o passo é ainda vivo talvez porque ando horas a pé, o cabelo é ralo mas ainda tem uns bonitos tons de acinzentado que me dão um enorme encanto ainda que lamentavelmente nunca ninguém mo tenha dito (atenção que esta parte do cabelo é “ironia").
Pois encontro este ou aquele, dizem-me que estou “bem conservado” e perguntam-me com quantos anos estou, dizia que “tenho 78 mas ninguém me dá mais que 77”, um em cada quatro explicava-me que “ter 77 ou 78 não é grande diferença" pelo que a minha observação lhes parecia desnecessária.
Deixei-me portanto disso, não podendo ser tanta gente parva à minha volta aceito de boa vontade que o parvo sou eu.

Aviso à navegação

Dei comigo, pela primeira vez, a planear serenamente os meus dias. Para já, até dezembro. Não aceitarei escrever rigorosamente nada, pago ou...