terça-feira, junho 18, 2024

Anouk Aimée


É talvez um pouco injusto que o nome de uma grande atriz como Anouk Aimée, que agora desapareceu aos 94 anos, tenha ficado, na memória de muita gente, ligado ao filme "Un homme et une femme", que está muito longe de ser o seu filme mais significativo. Já Jean-Louis Trintignant, que também já desapareceu, conseguiu "libertar-se" mais facilmente do filme. Coisas...

4 comentários:

manuel campos disse...


Foi a actriz certa no papel certo, Trintignant já é discutível.

O tema simples e na altura descrito como “enternecedor e comovedor”, o ano de 1966 em que começavam a notar-se sinais de ebulição no mundo das emoções, a música de Francis Lai, o êxito popular imediato, a Palme d’Or em Cannes (em competição com Orson Welles e Joseph Losey), tudo isto terá contribuído para que seja o filme que ficou na memória colectiva, a geração que o viu aos 20 anos é a nossa, ainda estamos aí alguns, de uma forma ou de outra nunca deixámos o filme morrer no imaginário colectivo.

Não é de facto o melhor filme de Anouk Aimée, os de Federico Fellini “Oito e meio” e “La dolce vita” (e até “Lola” de Jacques Demy) o serão.
Mas raramente actrizes, actores e realizadores ficam na História pelo melhor filme que fizeram, também aqui há “conjunturas favoráveis”.

Em 1986 voltaram à carga com “Un homme et une femme 20 ans après” mas, como se sabe, não se deve voltar aos “locais” onde se foi feliz.
Tenho aí os dois e nunca me apeteceu revê-los, aquilo teve uma altura da vida própria para ser visto, agora arriscava-me a, mais uma vez como em tantas vezes, dar cabo das memórias.

Claude Lelouch tinha escolhido Romy Schneider para o papel principal, que começou a criticar o realizador mesmo antes de ler o argumento, pelo que Lelouch optou por abordar o assunto de modo a que ela desistisse da ideia mesmo antes de ler o texto (um truque simples e útil em muitas cicunstâncias da vida).

O filme foi filmado a cores nos exteriores e a preto e branco nos interiores, o que foi visto na altura como uma ideia genial do ponto de vista artístico.
Lelouch só mais tarde confessou que a opção se tinha devido apenas a questões de custos (também aqui vemos como algumas ideias que parecem muito originais se devem a razões muito pouco originais).

manuel campos disse...


Telefona-me um amigo atento a puxar-me as orelhas na sequência de uma grave falha por omissão no texto anterior.
Assim me venho penitenciar.

O último filme em que actuou foi “Les plus belles années d'une vie” de 2019, também dirigido por Claude Lelouch e também com Trintignant (que faleceu em 2022 e teve aqui o seu último papel no cinema).
Foi apresentado “Hors competition” no Festival de Cannes de 2019 e é como que uma sequela dos outros dois, de onde repesca cenas.

Este não tenho nem vi mas, segundo as críticas disponíveis, é pior que o primeiro e melhor que o segundo daqueles.

Flor disse...

"Un homme et une femme" un filme da minha juventude. Adorei.

afcm disse...

É triste o Outono - vamos ficando sem as nossas místicas.

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