quarta-feira, outubro 12, 2022

Para inglês ver?

Parece uma evidência que as propostas russas de um encontro Putin-Biden e, agora, de um possível novo fornecimento de gás à Europa fazem parte de uma operação meramente formal de “relações públicas”. Moscovo sabe que ninguém vai aceitar, mas poderá sempre afirmar: “não digam que não propusemos!”

7 comentários:

João Cabral disse...

Ora bem. Tão previsível quanto ridículo.

Flor disse...

Ridículo!

Lúcio Ferro disse...

A sua leitura parece-me equivocada. Sabe quem é que não aceita? São o Império e os vassalos Europeus, cada vez mais isolados, desindustralização e recessão a caminho da Europa em doses cavalares. Saberá o que se pasou hoje, por exemplo, em Moscovo? Saberá o que a OPEP (todos os países do golfo) disse a Biden ainda há dias, com este a vir de lá rancoroso, cheio de bílis, de ameaças veladas para com os ex-amigos, sejam do Reino, dos EAU, do Iraque ou do Kuvaite?, sabe o que Maduro anda a dizer a Biden, não sabe?, caso não, é mais ou menos isto: yes gringo, bring on Chrevon but give us back nuestra plata y el traidor guaído. E a Turquia, upa, nem falar, o que Irão, Paquistão, Índia, toda a África (especial destaque para o Mali e Burkina Faso nos últimos dias) pensam sobre a matéria em apreço? Considero, sinceramente, que com esse tipo de discurso, senhor embaixador, não vamos a lado nenhum. Desescalar, seria capaz de não ser mal pensado. Faz sentido.

manuel campos disse...


Faz parte da "propaganda de guerra", nada de novo.
E esta até é a parte mais inofensiva de óbvia que é.

O problema é a "propaganda de guerra", vinda de todos os lados, em que a multidão acaba a acreditar em tudo ou a não acreditar em nada.
E essas credulidade e incredulidade alternadas das opiniões públicas é que são perigosas no curto e médio prazo.

Numa situação em que as partes se vão arrastar numa tentativa de desgaste mútuo é impossível hoje prever de que lado e quando a corda vai partir.
Do lado da economia "aliada" e da russa já partiram ou partem em breve (não sou eu que o digo, é o FMI).

Luís Lavoura disse...

Moscovo sabe que ninguém vai aceitar

Isso é falso: a Hungria aceitou. A Hungria contratou com a Rússia um aumento do fornecimento de gás. Tal como a Hungria aceitou, outros países poderão, no futuro, aceitar.

Anónimo disse...

Esta sua posição parece-me mais uma "petição de princípio" do que uma análise lúcida. É que o senhor "faz a festa, atira os foguetes e apanha as canas". Como é que o senhor embaixador sabe que é apenas uma operação de "relações públicas"? Se tem factos para apresentar devia fornecê-los aos seus leitores, para eles poderem aquilatar do acerto do seu juízo. E, com base em que factos conclui que "ninguém vai aceitar"? Consultou as entidades reunidas num todo a que chama "ninguém" para formular a sua tese? Se não explicita ou invoca as suas fontes, está a pedir aos seus leitores que acreditem piamente em si, ou a colocar-se no domínio de uma vulgar pitonisa!
Com este seu "post",você põe-se a fingir de Putin, projectando os seus próprios pensamentos, parece ("não digam que não propusemos!"). Aqui, para os meus lados costuma dizer-se que a "gata ruiva como é assim cuida."
Querendo acreditar que não será o caso, o sr. embaixador vê algum mal que Putin e Biden se encontrem para falar da situação miserável que se vive na Ucrânia? Parecendo pacífico que a guerra não passa de uma disputa entre os EUA e a Rússia, vale a pena fingir que a Ucrânia tem alguma capacidade de decisão, depois das coisas chegarem a este ponto?! Se os ditos senhores se encontrassem, concluíssem o que concluíssem, sempre teriam que explicar-se perante o mundo sobre o dito encontro. E cada qual tiraria as conclusões devidas. Não me parece que isso, de algum modo, dificultasse o início de um processo urgente de procura da paz. Neste sentido, julgo que este seu escrito dá força ao belicismo e é contraditório com o seu "post" de ontem: "Ucrânia: é imperioso sair da caixa."

Manuel Alfaiate disse...

Sr. embaixador, Sr. embaixador....
O que ficamos a saber é que uma das partes afirma querer dialogar, enquanto a outra insiste em exacerbar o conflito, certo??
Quanto ao "sabemos que ninguém vai aceitar" é uma afirmação inesperada de um especialista em diplomacia...

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...