Os ataques de hoje, e os que podem aí pode vir, inserem-se numa espécie de recado implícito de Moscovo a Kiev: parem de atacar territórios nas zonas que consideramos como nossas ou tornaremos a vossa vida num inferno.
Boa noite. Pessoalmente considero uma mais que legítima consideração. Acrescentaria que, ao que parece, a Ucrânia anda a dar bicadas dentro dos primeiros km de território legítimo Russo. Não me parece que isto vá correr bem. António Cabral
Leio este "post" ao mesmo tempo que o ouço na televisão (CNN) e comparo as ideias transmitidas em ambos os lugares. Francamente, que duplicidade. Que falta de rigor analítico. Tanto dá a impressão de ser realista na análise da questão e "desapoiar" a guerra (no blog), como parece estar de bem com o discurso belicista da média portuguesa num sítio de maior audiência (CNN). É confrangedor ver as ditas elites deste país terçar sobre um o assunto tão sério, nos termos ligeiros com que o fazem. Os Transmontanos não costuma ser assim!
Tenho assistido, com um misto de horror e espanto, ao modo como esta guerra mundial, que tem o Leste europeu como palco, nos tem vindo a ser vendida, nomeadamente através dos massivos meios de comunicação social do regime, neles se incluindo o recurso documentado às denominadas redes sociais. Obnubilando em absoluto os elementos estruturantes que alimentaram o extenso caminho de que o mês de Fevereiro veio a ser, ao mesmo tempo e qual rosto de Janus, epílogo e prólogo, é-nos vaticinado, dia após dia e com o mesmo ar grave e sério, tudo e o seu contrário, num clima de impunidade e acriticismo, só possível quando o défice democrático atingiu já um ponto de não retorno. E não falo evidentemente apenas de figuras que se tornaram verdadeiramente patéticas, como essa dupla de Marretas que milita no canal do sr. Balsemão, mas também dessa corte de vozeiros, muitos deles envergando o traje da cátedra ou representando a reserva moral da Nação, que vão matraqueando inconsistência atrás de inconsistência, mentira sobre mentira, meias-verdades sobre meias-verdades, para, no fim, haver apenas sempre duas ou três inevitáveis e indiscutíveis conclusões, que, redondamente, se procuram amalgamar em torno do núcleo: não há alternativa! A guerra que se trava é por isso também o esforço sem limites para manutenção de uma ordem, que com meros sobressaltos, tem vigorado e sustentado de modo consistente a dominação absoluta dos de cima sobre os de baixo. A construção de uma narrativa mobilizadora em torno do "mundo ocidental", que combate as nossa causas contra um inimigo comum, é por isso muito mais do que o ataque aos "putinistas", que de resto e durante décadas, foram visitas da nossa casa. Esta guerra, é sobretudo o esforço derradeiro da ordem do império para garantir que são gravadas na alma de cada átomo indefeso da sociedade de massas, as palavras da consigna fundamental: não há alternativa! Contudo, do fundo da sua tumba, Galileu volta de novo à nossa presença (trazendo outros barbudos consigo, bem se vê), para nos recordar essa verdade insofismável: Eppur si muove.
Quando analisamos tudo o que se diz, e escreve na média ocidental, constatamos facilmente que estamos perante uma muralha de desinformação à escala europeia e não só, digna de Goebbels. Financiada pelos magnatas que possuem, de facto, toda a média, formatam a mente dos cidadãos duma maneira nunca vista, defendendo assim os seus interesses, que primam sobre tudo, incluindo sobre a paz.
Antes, as informações eram obtidas, datadas, invalidadas ou confirmadas, validadas ou negadas, certificadas, documentadas. O emissor da informação envolvia a sua credibilidade e até, em alguns casos, sua honra profissional. Essa foi inclusive a diferença alegada pela informação profissional vis-à-vis as redes sociais
Hoje, não é mais assim. A CIA e a Pentágono, a direcção da inteligência americana, tornaram-se verdadeiras agências de notícias. Eles cumprem as suas funções. Produzem informações ao longo do dia, análises, previsões, antecipações, comunicados de imprensa que são retomados e amplificados por todos os meios de comunicação ocidentais sem a sombra de uma avaliação crítica.
Quando a informação se revela falsa e quando o evento anunciado com muito hype, não acontece, nem nos comovemos com isso, não negamos nada, não pedimos desculpas por nada, não duvidamos da fonte, e mesmo, espectáculo espantoso, aberrante, até se age como se o evento devesse ter ocorrido.
A verdade e a mentira não existem mais. A verdade e a realidade estão separadas. E, coisa extraordinária, não é a informação que é reinterpretada de acordo com os factos, são os próprios fatos que são reinterpretados de acordo com informações cuja veracidade não é posta em dúvida por um momento. Inédito na história da informação.
Exemplo: em 10 de Maio, a CIA anuncia, é a notícia ou mais exactamente o tema da média do dia, e ainda nesses famosos comunicados de imprensa, que "elementos fazem suspeitar da deportação de 1,2 milhão de ucranianos na Rússia" . Ela especifica ao mesmo tempo, sem se preocupar com o absurdo de tal precisão, que "não tem dados concretos para afirmar isso ou indicar os locais de deportação". Apesar disso, a “informação” é dada em tom afirmativo. Imediatamente todos os meios de comunicação do Ocidente agarram-se ao anúncio.
On se trouve devant des pratiques nouvelles, inédites de la communication et de l’information développées par les États Unis à la faveur de cette guerre de l’information contre la Russie..
Goebbels disse que "quanto maior a mentira, mais ela passa". Esta teoria parece agora ultrapassada e substituída por outra onde a mentira tem o seu lugar e onde até é legitimada.
a ignorância,aliada à estupidez, dá mau resultado.A intensidade e mortes desta guerra,pode dar gozo ao americanos. A estupiez deles já a conhecemos e estamos habituados mas penso que estão a pisar o risco para um confronto imparável!
Mesmo que não concorde necessariamente consigo, gosto do que escreve no blog. Quanto ao que diz na televisão, bah!... Provavelmente é uma questão de percepções, como se diz agora. Bater-lhe-ei palmas sempre que o ouvir defender os caminhos da paz, sem tergiversações. Afinal o senhor foi um Diplomata.
Esta caixa de comentários tresanda a comunismo alucinado.
Esquecendo que do lado deles da barricada está o maior imperialista e ditador a passar pelo planeta nas últimas décadas.
É como ver o PCP a bater palminhas ao Salazar russo.
Será que também disse para a Crimeia, Donetsk e Luhansk depressa e em força? Ignoramos, mas que afinal o comunismo como ideologia, o PCP quando sai do parlamento e passa para o plano internacional, perde-se completamente.
10 comentários:
Boa noite.
Pessoalmente considero uma mais que legítima consideração. Acrescentaria que, ao que parece, a Ucrânia anda a dar bicadas dentro dos primeiros km de território legítimo Russo. Não me parece que isto vá correr bem.
António Cabral
Exatamente.´
Infelizmente, a liderança de Kiev não parece ligar grande importância ao sofrimento do seu povo - já hoje um dos mais pobres da Europa.
Leio este "post" ao mesmo tempo que o ouço na televisão (CNN) e comparo as ideias transmitidas em ambos os lugares. Francamente, que duplicidade. Que falta de rigor analítico. Tanto dá a impressão de ser realista na análise da questão e "desapoiar" a guerra (no blog), como parece estar de bem com o discurso belicista da média portuguesa num sítio de maior audiência (CNN). É confrangedor ver as ditas elites deste país terçar sobre um o assunto tão sério, nos termos ligeiros com que o fazem. Os Transmontanos não costuma ser assim!
Tenho assistido, com um misto de horror e espanto, ao modo como esta guerra mundial, que tem o Leste europeu como palco, nos tem vindo a ser vendida, nomeadamente através dos massivos meios de comunicação social do regime, neles se incluindo o recurso documentado às denominadas redes sociais. Obnubilando em absoluto os elementos estruturantes que alimentaram o extenso caminho de que o mês de Fevereiro veio a ser, ao mesmo tempo e qual rosto de Janus, epílogo e prólogo, é-nos vaticinado, dia após dia e com o mesmo ar grave e sério, tudo e o seu contrário, num clima de impunidade e acriticismo, só possível quando o défice democrático atingiu já um ponto de não retorno. E não falo evidentemente apenas de figuras que se tornaram verdadeiramente patéticas, como essa dupla de Marretas que milita no canal do sr. Balsemão, mas também dessa corte de vozeiros, muitos deles envergando o traje da cátedra ou representando a reserva moral da Nação, que vão matraqueando inconsistência atrás de inconsistência, mentira sobre mentira, meias-verdades sobre meias-verdades, para, no fim, haver apenas sempre duas ou três inevitáveis e indiscutíveis conclusões, que, redondamente, se procuram amalgamar em torno do núcleo: não há alternativa! A guerra que se trava é por isso também o esforço sem limites para manutenção de uma ordem, que com meros sobressaltos, tem vigorado e sustentado de modo consistente a dominação absoluta dos de cima sobre os de baixo. A construção de uma narrativa mobilizadora em torno do "mundo ocidental", que combate as nossa causas contra um inimigo comum, é por isso muito mais do que o ataque aos "putinistas", que de resto e durante décadas, foram visitas da nossa casa. Esta guerra, é sobretudo o esforço derradeiro da ordem do império para garantir que são gravadas na alma de cada átomo indefeso da sociedade de massas, as palavras da consigna fundamental: não há alternativa! Contudo, do fundo da sua tumba, Galileu volta de novo à nossa presença (trazendo outros barbudos consigo, bem se vê), para nos recordar essa verdade insofismável: Eppur si muove.
O Anónimo das 22:59 ouve mal. Eu digo e escrevo SEMPRE aquilo que penso.
Francisco tem razão.
Quando analisamos tudo o que se diz, e escreve na média ocidental, constatamos facilmente que estamos perante uma muralha de desinformação à escala europeia e não só, digna de Goebbels. Financiada pelos magnatas que possuem, de facto, toda a média, formatam a mente dos cidadãos duma maneira nunca vista, defendendo assim os seus interesses, que primam sobre tudo, incluindo sobre a paz.
Antes, as informações eram obtidas, datadas, invalidadas ou confirmadas, validadas ou negadas, certificadas, documentadas. O emissor da informação envolvia a sua credibilidade e até, em alguns casos, sua honra profissional. Essa foi inclusive a diferença alegada pela informação profissional vis-à-vis as redes sociais
Hoje, não é mais assim. A CIA e a Pentágono, a direcção da inteligência americana, tornaram-se verdadeiras agências de notícias. Eles cumprem as suas funções. Produzem informações ao longo do dia, análises, previsões, antecipações, comunicados de imprensa que são retomados e amplificados por todos os meios de comunicação ocidentais sem a sombra de uma avaliação crítica.
Quando a informação se revela falsa e quando o evento anunciado com muito hype, não acontece, nem nos comovemos com isso, não negamos nada, não pedimos desculpas por nada, não duvidamos da fonte, e mesmo, espectáculo espantoso, aberrante, até se age como se o evento devesse ter ocorrido.
A verdade e a mentira não existem mais. A verdade e a realidade estão separadas. E, coisa extraordinária, não é a informação que é reinterpretada de acordo com os factos, são os próprios fatos que são reinterpretados de acordo com informações cuja veracidade não é posta em dúvida por um momento. Inédito na história da informação.
Exemplo: em 10 de Maio, a CIA anuncia, é a notícia ou mais exactamente o tema da média do dia, e ainda nesses famosos comunicados de imprensa, que "elementos fazem suspeitar da deportação de 1,2 milhão de ucranianos na Rússia" . Ela especifica ao mesmo tempo, sem se preocupar com o absurdo de tal precisão, que "não tem dados concretos para afirmar isso ou indicar os locais de deportação". Apesar disso, a “informação” é dada em tom afirmativo. Imediatamente todos os meios de comunicação do Ocidente agarram-se ao anúncio.
On se trouve devant des pratiques nouvelles, inédites de la communication et de l’information développées par les États Unis à la faveur de cette guerre de l’information contre la Russie..
Goebbels disse que "quanto maior a mentira, mais ela passa". Esta teoria parece agora ultrapassada e substituída por outra onde a mentira tem o seu lugar e onde até é legitimada.
a ignorância,aliada à estupidez, dá mau resultado.A intensidade e mortes desta guerra,pode dar gozo ao americanos. A estupiez deles já a conhecemos e estamos habituados mas penso que estão a pisar o risco para um confronto imparável!
"anónimo das 22.59"
- Bô, bem m'ou finto!
Mesmo que não concorde necessariamente consigo, gosto do que escreve no blog.
Quanto ao que diz na televisão, bah!...
Provavelmente é uma questão de percepções, como se diz agora.
Bater-lhe-ei palmas sempre que o ouvir defender os caminhos da paz, sem tergiversações. Afinal o senhor foi um Diplomata.
Os ataques de retaliação russos finalmente levaram a Ucrânia aos padrões verdes da Europa.
Esta caixa de comentários tresanda a comunismo alucinado.
Esquecendo que do lado deles da barricada está o maior imperialista e ditador a passar pelo planeta nas últimas décadas.
É como ver o PCP a bater palminhas ao Salazar russo.
Será que também disse para a Crimeia, Donetsk e Luhansk depressa e em força? Ignoramos, mas que afinal o comunismo como ideologia, o PCP quando sai do parlamento e passa para o plano internacional, perde-se completamente.
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