quarta-feira, outubro 05, 2022

“Cícero”


Cícero Dias foi um excelente pintor pernambucano, da época do modernismo. Alguém decidiu homenageá-lo em Lisboa, criando um restaurante-bistrot em Campo de Ourique, chamado “Cícero”. Fica na rua Saraiva de Carvalho, no local onde esta artéria cruza com a Tomás da Anunciação. Os proprietários, recheados de bom gosto estético, criaram, num espaço limitado, quatro áreas diferenciadas. A obra de Cícero Dias é evocada por lá.

(Imagino que os proprietários do restaurante não façam a menor ideia de que a casa onde se instalaram alojou, por muitos anos, uma empresa brasileira, a Dimep, criada pelo português Dimas de Melo Pimenta, dedicada ao fabrico de relógios industriais. Por que sei isto? Porque a Dimep foi objeto de uma intervenção estatal, em 1975, no auge da Revolução portuguesa. E porque tive como tarefa, como jovem diplomata, dois anos mais tarde, secretariar uma comissão inter-ministerial luso-brasileira que teve de tratar de essa e de outras questões similares. E guardei para sempre o nome da Dimep (e do Pão de Açúcar) como uma delas.)

Voltando ao restaurante. A lista não é muito longa, mas está bem construída, com criatividade e muito saber. Se consultar o site, pode ficar a saber bastante, do menu aos preços: https://cicerobistrot.pt . Mas só ficará a conhecer mais se passar mesmo por lá, como eu fiz hoje, para almoçar, depois de ontem um amigo me ter falado do “Cícero”. Comi bem e gostei do serviço, muito profissional. Só posso desejar sorte à gente do “Cícero”.

18 comentários:

Anónimo disse...

“Sítio” da internet com menu apenas em inglês, carta de vinhos com preços em quintuplicado. É de fugir!

manuel campos disse...


Conheço muito bem há mais de 50 anos um dos produtores de vinhos que ali aparece e também conheço razoàvelmente bem há uns 25 anos um outro (aliàs tenho uma casa a 5 kms das adegas deste último), são vinhos que bebo no dia-a-dia alguns que ali vejo.
Às refeições dentro ou fora não dispenso o vinho, tinto de preferência que os há magníficos e a preços muito razoáveis (somos privilegiados nesse campo), o branco tem que ser muito bom para justificar o que dou por ele pois não sou entusiasta, bebo-o para fazer a vontade a minha mulher.

Sei bem o que é que se paga por aí, porque como sempre fora ao almoço e, quando lá para aqueles sítios onde tenho a casa, até costuma aqui o casal almoçar e jantar fora quase todos os dias, as doses são tão generosas e os preços tão convidativos que dão para dois e não compensa matérias-primas, energia e trabalho em casa.

Sei também que é vulgar os restaurantes com algum nome (mérito é outra coisa) nos cobrarem três vezes o preço da loja, que no fundo é quatro vezes o preço do produtor que eles conseguem.

Agora cinco vezes, como bem salienta o comentador anterior (e eu confirmo)?
Claro que até podiam pôr mais, cada coisa vale o que alguém está disposto a dar por ela, se as pessoas dão, eu não tenho nada com isso.
Mas não me parece uma política feliz em relação â "imagem" do produtor (e eu como pelo menos uma refeição fora à semana desde que comecei a trabalhar em 1972, já vi muita ementa).

PS - O vinho a copo a 8€ nem na agradabilíssima esplanada do Grupo Pestana na Cidadela de Cascais , onde gosto de parar de vez em quando, local calmo e abrigado em qualquer altura do ano (agora houve umas obras esquisitas do lado de fora da muralha, não se percebe bem o que é mas alguém saberá, espero).

Flor disse...

Gostei imenso de abrir o link. É um espaço maravilhoso, uma galeria de arte. Obrigada.

Anónimo disse...

Bom dia a todos.

Primeiro, muito obrigado pelo generoso texto, uma mostra da sensibilidade do autor. Fico muito feliz em poder trazer para Lisboa essa opção gastro-cultural, enriquecendo ainda mais essa cidade já maravilhosa.

Dois esclarecimentos importantes: o nosso sítio web tem versão em português e inglês para todo o menu, indicados pela bandeira de Portugal e da Inglaterra. E segundo: não temos preços de vinhos que sejam cinco vezes o que compramos do produtor. A nossa média é de três vezes. Quem apontou essa informação deveria mostrar de qual vinho fala, qual o preço da carta e quanto seria na distribuidora.

De toda forma, convido o comentador "anônimo" para revistar o nosso site, consultar o menu em português, e se possível apontar qual seria o vinho com preço quintuplicado. Se houver esse vinho eu prometo ajustar o preço. Lembrando que os vinhos são comprados em distribuidores, o que é diferente do preço do produtor para amigos.

Obrigado e será um prazer receber todos no Cicero Bistrot! Obrigado Lisboa pela recepção.

Paulo Dalla Nora Macedo
Sócio do Cicero Bistrot

Anónimo disse...

Bom dia a todos.

Primeiro, muito obrigado pelo generoso texto, uma mostra da sensibilidade do autor. Fico muito feliz em poder trazer para Lisboa essa opção gastro-cultural, enriquecendo ainda mais essa cidade já maravilhosa.

Dois esclarecimentos importantes: o nosso sítio web tem versão em português e inglês para todo o menu, indicados pela bandeira de Portugal e da Inglaterra. E segundo: não temos preços de vinhos que sejam cinco vezes o que compramos do produtor. A nossa média é de três vezes. Quem apontou essa informação deveria mostrar de qual vinho fala, qual o preço da carta e quanto seria na distribuidora.

De toda forma, convido o comentador "anônimo" para revistar o nosso site, consultar o menu em português, e se possível apontar qual seria o vinho com preço quintuplicado. Se houver esse vinho eu prometo ajustar o preço.

Obrigado e será um prazer receber todos no Cicero Bistrot! Obrigado Lisboa pela recepção.

Paulo Dalla Nora Macedo
Sócio do Cicero Bistrot

Anónimo disse...

Bom dia a todos.

Primeiro, muito obrigado pelo generoso texto, uma mostra da sensibilidade do autor. Fico muito feliz em poder trazer para Lisboa essa opção gastro-cultural, enriquecendo ainda mais essa cidade já maravilhosa.

Dois esclarecimentos importantes: o nosso sítio web tem versão em português e inglês para todo o menu, indicados pela bandeira de Portugal e da Inglaterra. E segundo: não temos preços de vinhos que sejam cinco vezes o que compramos do produtor. A nossa média é de três vezes. Quem apontou essa informação deveria mostrar de qual vinho fala, qual o preço da carta e quanto seria na distribuidora.

De toda forma, convido o comentador "anônimo" para revistar o nosso site, consultar o menu em português, e se possível apontar qual seria o vinho com preço quintuplicado. Se houver esse vinho eu prometo ajustar o preço.

Obrigado e será um prazer receber todos no Cicero Bistrot! Obrigado Lisboa pela recepção.

Paulo Dalla Nora Macedo
Sócio do Cicero Bistrot

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Muito bonito! Estão de Parabéns!

A página abriu em português.

manuel campos disse...


Paulo Dalla Nora Macedo

O seu "direito de resposta" (por assim dizer) está escrito com bom senso e de forma extremamente cordata, só por aí desejo-lhe muita sorte no seu empreendimento, ainda que eu não vá contribuír para isso como justificarei no fim.

Pela parte que me toca gostaria de chamar-lhe a atenção para o facto de que
"quem apontou essa informação" fui eu, que assino com o meu nome, não sou "quem" nem "anónimo".
Por outro lado não estou a ver porque deveria mostrar de qual vinho falo, qual o preço da carta e quanto seria na distribuidora ou no produtor (raio de ideia: "deveria"?).

Decerto reparou que falei em "loja", não falei em distribuidora (e muito menos em supermercados que esmagam as margens de produtores e distribuidoras e portanto não contam para aqui).
E se falei em produtor é porque conheço alguns, mas as distribuidoras são decerto mais importantes para o raciocínio.

Como compreenderá não é assim que as coisas funcionam quando basta pegar nos valores e compará-los com as lojas da especialidade (repito: lojas), não sou eu que tenho que provar que estou errado, seria você que teria que provar que não está errado, porque eu não tenho que tranquilizar os seus clientes.

Mas nem sequer isso esteve alguma vez em causa pois terá decerto notado que eu escrevi também que "claro que até podiam pôr mais, cada coisa vale o que alguém está disposto a dar por ela, se as pessoas dão, eu não tenho nada com isso".

Quem está disposto a pagar por uma refeição a dois ou mais (não me parece que tenha muitos solitários) os valores que constam da vossa ementa não será decerto incomodado por mais 5, 10 ou 15 euros na garrafa de vinho.
Portanto, e se não disse repito (como dizía um professor meu no IST), nunca foi isso que esteve aqui em questão.

Vou com muita frequência almoçar ao Guincho, há por lá muita escolha, minha mulher adora aquela vista de mar única, tenho um carro que precisa de fazer 100 kms por semana, só por isso ninguém me verá a almoçar numa sala sem vista pelo mesmo preço.
Só por isso.
Porque lhe volto a desejar o maior êxito possível.

Anónimo disse...

Quanto ao menu corrigiu-se a versão. O vinho com preço quintuplicado é o Ribeiro Santo (presumo que o da entrada de gama já que nenhum outro atributo lhe é associado) que custa numa garrafeira de supermercado 5 euros e aparece com o custo de 25 euros

manuel campos disse...


O Ribeiro Santo é um dos meus vinhos favoritos de há muito.

Ali pelos anos 2004/2005 trabalhei em Évora e vivía numa casa alugada por mim em Montemor-o-Novo, na zona mais recente.
Como os eborenses pelos vistos não eram dados ao vinho beirão, o "Continente" local (que por acaso era um "Modelo", a distinção tem a ver com as áreas ocupadas) fazia promoções muito simpáticas deste vinho e eu todas as semanas trazia para Lisboa uma ou duas caixas.

Sei que a Magnum (empresa que o produz) teve, para já num caso que conheço bem, a inteligência de criar condições para que aquele se tornasse o "vinho da casa" num restaurante do distrito de Viseu dado a grandes enchentes.
Se houver Ribeiro Santo na lista é o que escolho de um modo geral.

Como curiosidade.
Tinha como hábito aqui há uns 10 anos passar por uma "loja de vinhos" ligada a um grande produtor algures no país e comprar algumas caixas a preços de "produtor" muito convenientes face à qualidade.
Um belo dia o funcionário, que pelos vistos devia estar chateado com o patrão, após eu constatar que os preços continuavam muito simpáticos diz-me assim "E se fòr ali ao (um supermercado conhecido do outro lado da rua) ainda está mais barato".
Fui ver e estava, a tal "força" das cadeias grandes compradoras.

Fernando Correia de Oliveira disse...

sobre Dimas de Melo Pimenta e a DIMEP,

https://estacaochronographica.blogspot.com/2013/01/curso-de-relojoaria-por-correspondencia.html

ou

https://estacaochronographica.blogspot.com/2010/05/pista-da-semana-o-museu-dimas-de-melo.html

Unknown disse...

Bom dia a todos!

Agradeço a oportunidade desse fórum em esclarecer os pontos.

Deixando claro que os meus comentários fazem referência ao Sr "anônimo" e ao Sr. Manoel Campos. Sendo o Sr "anônimo" quem primeiro comentou e levantou a questão de preços e da língua do menu.

O vinho apontado deveria ser o reserva e será corrigido. Sobre a língua do menu, não "corrigimos a versão", ele sempre esteve publicado em português e inglês.

Esse é um ponto importante para o Cícero Bistrot: somos um restaurante que celebra a arte, e a língua é uma das formas através da qual ela se expressa. Por isso, desde que nascemos, o nosso sítio é publicado completamente em português, com uma opção separada em inglês.

Para entender o que o Cícero Bistrot tem a oferecer é preciso mergulhar na dimensão da arte e dessa histórica, que une Portugal, França e Brasil, como vez o embaixador que publicou a encantadora crítica após a visita.

Ao experimentar a nossa sala origem, é possível entender como as raízes portuguesas influenciam na arte popular brasileira. Ou na sala Modernista como a França, Brasil e Portugal dialogaram no modernismo. Acreditamos que a arte consegue fazer viajar, mesmo estando nós entre quatro paredes.

É essa arte que influencia o menu criado pelo nosso Chef Hugo Cortez, português formado na Escola de Estoril. Os pratos concebidos dialogam com os quadros na parede em perfeita harmonia. Já os apreciadores de vinho verão uma frase de Fernando Pessoa os saudando na nossa garrafeira. Isso para quem se permite desenvolver essa sensibilidade.

Essa é a proposta do Cícero Bistrot, que acreditamos vem para engrandecer ainda mais a cena cultural e gastronômica da maravilhosa Lisboa, uma cidade apaixonante.

Por fim, agradeço a Flor pelo sensível comentário, provando que o nome que nos identificamos diz muito sobre a nossa persona. Parafraseando o grande Fernando Pessoa: "Tudo vale a pena quando a alma não é pequena". Esses se sentirão em casa no Cícero Bistrot.

Será um prazer os receber!

Paulo Dalla Nora Macedo
Sócio-Proprietário do Cícero Bistrot

Nuno Figueiredo disse...

cícerus,,,chicago.

manuel campos disse...


Agradeço ao Sr. Paulo Dalla Nora Macedo o texto que teve o cuidado de vir
aqui publicar na sequência das trocas de opiniões anteriores sobre vinhos, texto esse que bastante apreciei do ponto de vista semântico.

Tendo estado também na sua origem não queria deixar de dizer que o li.


Anónimo disse...

Lamento, mas o Ribeiro Santo branco reserva não existe

manuel campos disse...


O Ribeiro Santo Reserva de facto não existe.
Nunca existiu.

Como passo várias horas de todos os dias ao pé de um familiar muito próximo e muito doente, que precisa de ter sempre ali alguém pois não tem mobilidade quase nenhuma, e onde só um PC ou um livro têm lugar, tenho assim muito
tempo para pesquisar no Google.

O que se aprende quando a vida nos obriga a parar 4 ou 5 horas por dia, todos os dias desde há 8 meses, a estar quietos porque só queremos estar ali até um dia, é fantástico.

Hoje não teria andado aqui a trocar galhardetes com ninguém.
E amanhã a escolha recai no mais antigo restaurante do Guincho.

PS- Só me permiti este desabafo porque os "habitués" já leram os comentários e não voltam cá.


Unknown disse...

Bom dia a todos!

Aproveito o interesse no nosso menu e carta de vinhos para informar que temos o maravilhoso Curriculum Vitae 2016, mais um vinho de Portugal entre os grandes mundiais.

É uma alegria para nós ter esse vinho na casa: Portugal faz muito bem em valorizar os seus produtos e sair da disputa do mercado apenas de preços (https://marketingvinhos.com/2022/08/02/robert-parker-wine-advocate-atribui-98-pontos-ao-cv-curriculum-vitae-tinto-2016/). Parabéns aos Portugueses de visão que contribuem para a valorização da sua maravilhosa produção vinícola.

O CV 2016 harmoniza muito bem com o nosso MENU GASTRONÔMICO de OUTONO, que tem como prato principal uma vazia de wagyu, com puré de alho negro, em cama de couve kale, mil-folhas de batatas com sálvia e courgetes baby glaciadas.

Esperamos vocês!

Paulo Dalla Nora Macedo
Sócio-Proprietário do Cícero Bistrot

Anónimo disse...

E quanto ao Ribeiro Santo “Reserva” Branco, que não existe, em que é que ficamos?

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...