segunda-feira, outubro 10, 2022

Do tempo do outro senhor

Declaração que os funcionários públicos eram obrigados a ler em voz alta, na ditadura, antes da posse: “Declaro por minha honra que estou integrado na ordem social estabelecida pela Constituição política de 1933, com ativo repúdio do comunismo e de todas as ideias subversivas”.

Fico com a sensação, ao ler muita gente aqui pelas redes sociais, que isto já os chocou mais do que os choca hoje.

4 comentários:

Anónimo disse...

Fernando Neves
Era bom que os múltiplos comentadores e os jornalista predadores da democracia percebam que era um regime só para o que agora se chama boys

manuel campos disse...


Eram obrigados a ler e assinar (Decreto Lei 27003 de 14 de Setembro).
E o Artigo 1º diz que o "antes da posse" de que fala o era para muita situação.

Meu Avô materno, professor de desenho do ensino público muito antes dessa
data, teria tido que o fazer quando de uma recondução ou algo do estilo
ali contemplado e ele, que não era nem nunca foi comunista, recusou-se por "princípios de que não abdicava" e que hoje já ninguém compreende.
Morreu quase na miséria, apenas com a ajuda de uns cunhados que lhe deram
guarida a ele, a minha Avó e a minha Mãe (não o conheci, morrera quatro anos antes de eu nascer).

Por isso tenho passado a vida toda a arranjar inimigos que 5 minutos antes se dizíam amigos, vêem-me com a conversa dos avós antifascistas sem mácula
e eu pergunto-lhes se não estarão confundidos, dado que eu sabia (muitas vezes por eles próprios anteriormente) que esses avós não só eram funcionários públicos respeitáveis como alguns deles quadros superiores em ministérios ou professores universitários.

E alguns levaram o desplante a gabar-se disso em público, houve alturas em
que "vi a morte a rondar nalguns olhares" quando eu lhes sugeria que talvez "estivessem a exagerar" e eles imaginaram o que aí vinha.

Vem também daí (e não só) alguma falta de pachorra minha para alguns que
por aí falam e comentam, há "conversas" que não enganam.

manuel campos disse...


Não comentei o seu post, é verdade, mas veio-me aquela lembrança e saíu
aquilo.

Tem razão mas a realidade, para mim, é que a maior parte dos "que se
chocavam" era só para ficar bem na foto pois muitos deles só queriam
subir (e subiram) na vida à conta disso.
Nem é saudável falarmos muito nisso (uma espécie de "cala-te boca").

João Cabral disse...

O que antes era à boca aberta, hoje é muitas vezes à boca fechada. Ou com "procedimento concursal" já devidamente destinado. Essa é que é essa.

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...