quinta-feira, outubro 27, 2022

Os bois pelos nomes

Respeito muito quem, à direita, se afirma, sem disfarces, de direita, não se refugiando no “centro-direita”. Mas respeito ainda mais quem, estando à direita, trata, sem rebuços, a extrema-direita por esse nome: Trump, Bolsonaro, Meloni, Orbán, Ventura, Abascál, Le Pen.

6 comentários:

Luís Lavoura disse...

Tudo depende daquilo que o Francisco quer classificar como "extrema-direita".
Para mim, extrema-direita é uma direita que aceita a ditadura como forma de impôr a sua agenda.
Mas, aparentemente, para o Francisco qualquer forma de xenofobia, e muitas formas de liberalismo, também são "extrema-direita".

Unknown disse...

Dá jeito ao PS classificar de extrema direita o Chega, para ver se assusta as criancinhas portuguesas, que ainda estão pouco desenvolvidas, politicamente. Mas por mais piruetas que se dê, a verdade é que a "extrema-direita" aceita as regras da democracia pluralista enquanto um dos partidos, a que o PS se aliou durante a "geringonça", nunca acreditou nelas.

Francisco Seixas da Costa disse...

O Unknown, no seu anti-comunismo, esquece uma realidade: a extrema-esquerda respeita a ordem constitucional, a extrem-direita contesta-a.

Unknown disse...

Não confundamos: a ordem constitucional não é uma vaca sagrada insusceptível de modificações; no nosso caso, a extrema-esquerda "respeita" a ordem constitucional que está de acordo com o seu modelo ideológico, no que toca aos direitos económicos, sociais, laborais e/ou sindicais consagrados na CRP, tendo, para isso, que tolerar a democracia "burguesa"; a direita radical contesta-a porque pretende a sua modificação num sentido menos ideológico. Mas uma coisa é contestar, o que é legítimo, outra é desrespeitar.

Luís Lavoura disse...

a extrema-esquerda respeita a ordem constitucional, a extrem-direita contesta-a

Como assim? O Chega está no parlamento, tal e qual como o PCP e o Bloco. Todos eles aceitam, implicitamente pelo menos, a ordem constitucional.

Quem não aceita a ordem constitucional é o PS, que impede o Chega de nomear um vice-presidente da Assembleia da República, conforme a Constituição - essa mesma! - diz que ele tem direito a fazer.

manuel campos disse...


Desta vez estou de acordo em termos gerais com o "Unknown".
A extrema-esquerda respeita o que lhe convém, Cunhal foi bem claro nessa matéria ao ser entrevistado por Oriana Fallaci (depois o PCP tentou "dar
a volta" mas ele já tinha antes dito que “em Portugal, não haverá uma democracia burguesa de tipo ocidental” (Edições Avante . Discursos Políticos, vol. 5, p. 86)).

Não percebi aquela lista.
Então aquela gente não foi - de um modo geral, claro - eleita ou recebeu fortes votações em regimes democráticos?
E também, de um modo ou outro, não se perspectiva que Le Pen (quando Macron saír) ou Trump (por interposta pessoa) ainda tenham algo a dizer, directa ou indirectamente, em países como a França ou os EUA?
Aqueles são tudo países habitados por maiorias de perigosos "fascistas"?
Correram depois coisas mal aqui ou ali?
Pois também correram com Lula e outros, considerados de esquerda, está sempre a acontecer.

Esta não é a minha visão da democracia e põe-me logo de pé atrás.
A superioridade moral da direita durante anos levou à sua desgraça e consequente subida da esquerda que, como não aprendeu nada, considera que tem uma superioridade moral que está a levar à sua desgraça, também aqui a História se repete, como sempre.
E é isso que lamento, as minhas chatices e as dos meus Pais e Avós (de que aqui contei algo mas muito pouco) foram em vão porque os "instalados" dos regimes acham sempre que estão de pedra e cal ao fim de uns anitos.

Continuo a achar que as caixas de comentários de blogues e jornais estão cheias de gente que não tem filhos nem netos adultos ou que, tendo-os, pouco querem saber das ideias e opiniões das gerações deles, já para não falar dos problemas reais e concretos com que se debatem no dia-a-dia de vidas cada vez mais complicadas.
Alguém aqui trabalha em empresas que estão a tremer há mais de 3 anos ou está tudo sentadinho (como eu) à espera da reforma a dia 8 ou dia 20 (conforme seja privado ou público)?
Com filhos, filhas, netos e netas tenho a cabeça cheia de situações que tenho que ajudar a resolver com o meu conselho, mais que com a minha conta bancária, se me continuarem a pedir opinião e sinto-me rodeado de gente que se topa logo só ter que pensar em si.

É dessas camadas entre os 20 e os 50 de que vou sabendo como pensam através deles, que são todos sociáveis como eu, não vivem em "bolhas".
Como disse Carlos Saura são os filhos (e eu acrescento os netos) que nos "puxam" para a realidade e nos tiram da "bolha" vagamente "soixante-huitarde" em que muitos maiores de 70 ainda vivem porque os "seus problemas" acabam com eles.
Ora os "meus problemas" não acabam quando eu acabar, eduquei-os e educo-os em valores que espero que nunca abandonem e até agora só tenho razões de orgulho (tenho agora uma ainda mais forte razão de orgulho, que não vou partilhar).

Mas cá na família há uma extrema-direita e uma extrema-esquerda e são iguais porque se encontram no ponto em que o círculo fecha, conheci as duas muitíssimo bem e ambas me criaram e aos meus muitíssimos problemas (alguns já foquei).

O PAN me perdoe mas tenho agora "d'autres chats à fouetter", as coisas são o que são, umas férias sabáticas de blogues talvez sejam de encarar.
Ou pelo menos só escrever uma linha ou duas em vez destes "lençóis".


João Miguel Tavares no "Público"