domingo, outubro 02, 2022

Depois do Xá


Chico Buarque, há muitos anos, escreveu sobre as mulheres de Atenas. Ninguém escreve sobre a coragem magnífica das mulheres de Teerão?

3 comentários:

manuel campos disse...


A bem dizer o poema de Chico Buarque, se não fôr contextualizado (1976 - Ditadura Militar - Metáfora para iludir a censura) é bem capaz de não ser
bem entendido para muita gente e ele ainda passar pelo que nunca foi
Ora bastava substituír no texto "Atenas" por "Teerão" mas não há muita
gente no mundo da música actual que queira ter chatices.
O exemplo "Salman Rushdie" está muito fresco.

O próprio Chico Buarque não se aguentou nos novos "equilíbrios" e no princípio deste ano renegou (por assim dizer) e jurou que nunca mais vai cantar a sua canção "Com açúcar, com afeto", duramente criticada agora pelas feministas, dando-lhes razão e argumentando ele que os tempos em que escreveu a música eram outros.
Pelo meio deu cabo da memória da icónica Nara Leão porque, diz ele agora que ela já não se pode defender desde 1989, foi ela que lhe pediu que o fizesse.
Uma cedência pública para mim desnecessária e pouco elegante.
Estamos todos a ficar velhos e cansados de incómodos, por estas lógicas a maior parte dos grandes quadros e das grandes estátuas que se encontram por todos os grandes museus do mundo deviam estar em arrecadações e nunca expostos.

José disse...

A "coragem magnífica" das mulheres de Teerão só é possível porque há uma imensa quantidade de homens que sai às ruas em luta pela Liberdade. Em todas as imagens e vídeos, o que se vê é que são os homens quem faz o trabalho de choque, confrontando a polícia e, consequentemente, arcando com as consequências.

A preponderância da participação masculina nestes protestos (supostamente àcerca da liberdade das mulheres), é tal que começa a ser frequente ouvir os comentadores a referirem-na, ainda que com um tímido "mulheres e... homens também". Só quem não sabe do que a casa gasta em termos de propaganda feminista é que pode deixar de apreciar a referência enquanto reflexo de uma realidade inegável.

As mulheres podem sair à rua para reclamarem por causa das estúpidas limitações a que são sujeitas mas os homens saem para lutar por todos, independentemente do comprimento do cabelo ou da barba. Lutam pela Liberdade, lutam pela Democracia, lutam pelo laicismo, lutam pela Paz, lutam pela integração na sociedade internacional.

Se desta revolta alguma semente florescer será, certamente, regada com o sangue de muitos homens que estão a ser mortos, presos e torturados. Mas aí estarão, claro, as profissionais da Internacional da Vitimização, para reclamar para o seu "género", a glória do combate feito com cartazes.

Ainda gostava de ver "coragem magnífica" das mulheres russas, lutando nas ruas pelo direito à vida dos seus maridos, irmãos e namorados... É o vês!

Anónimo disse...

Cada vez mais acho que este blog se transforma em divulgador de "revoluções coloridas" que trouxeram a desgraça a milhões de libios, tunisinos, egipcios, sirios e nada resolveram, a não ser criar as condições para os paises ocidentais explorarem desenfreadamente esses países. E os serviços secretos ocidentais continuam a tentar: Kazaquistão, Arménia/Azerbaijão (de modo difrente). E agora Irão. Mas o que vale é que a realidade é diferente daquilo que nos é dado a ver. Só alguns "eleitos" nos países ocidentais sabem verdadeiramente a verdade, mas esta nunca é divulgada. Preferem vender ilusões. O que é certo, é que as revoluções "coloridas" que acontecerem (na Ucrânia , Georgia, Kirgistão) e no Norte de África hoje já não aconteceriam. Essa é que é essa.

João Miguel Tavares no "Público"