terça-feira, julho 26, 2022
Brasil
Reino Unido
Tunísia
Na Tunísia, parece estar prestes a ser colocada a última pedra sobre a esperança democrática criada pela primeira “primavera árabe”, há mais de uma década. Uma ditadura “catedrática” (onde é que já vimos isto?), agora com apoio referendário, vai tomar conta do jogo, até que os militares, por ora subservientes, se cansem da solução e encetem um novo ciclo. Um “déjà vu”.
domingo, julho 24, 2022
Mediterrâneo
Com outras vizinhanças a reclamarem atenção e a fazerem divergir as prioridades europeias, com a notória falta de vontade dos países do sul do Mediterrâneo de fazerem aquilo que lhes competia nessa parceria, a política mediterrânica da Europa arrasta-se hoje numa diluição prática de objetivos, embora sempre prenhe de retórica autocongratulatória. O desiderato da criação de um grande espaço económico e de um impulso democrático para o Sul, com um desenvolvimento em paz, parece perdido.
Portugal foi, desde sempre, um dos Estados da União que os países do Magrebe e do Mashrek viram como um aliado e que, não raramente, acabou por ter alguma relevância na definição das políticas propostas pela Europa para essa parceria. Somos, com toda a certeza, o mais mediterrânico dos países atlânticos.
Ao olhar para este pouco comum mapa (clique na imagem para aumentar) dou-me conta de nele figurarem as cidades de Faro, Beja e Portalegre - e até Vila Real! -, numa espécie de Mediterrâneo alargado.
sábado, julho 23, 2022
Liberdade
sexta-feira, julho 22, 2022
Um dia estranho
Lembrando o senhor Matos
Por algumas décadas, a portaria do MNE foi dirigida pelo Jaime Matos, que tratávamos como “o senhor Matos”. A sala de que mostro esta fotografia contemporânea era o seu local de trabalho. Ele vislumbrava-nos, pela larga janela, logo à entrada do pátio das Necessidades, lá ao fundo, e vinha cumprimentar-nos junto à gradeada porta de entrada.
“A Arte da Guerra”
quinta-feira, julho 21, 2022
A legitimidade política na Europa
Há semanas, assistiu-se a uma romaria das principais lideranças europeias a Kiev. Ainda a montante do segredo de Polichinelo que ia ser a luz verde da Comissão Europeia à admissão do pedido de adesão da Ucrânia à União, as chefias políticas das três mais importantes economias europeias, membros do G7 - França, Alemanha e Itália - quiseram dar um sinal político positivo ao governo de Kiev.
quarta-feira, julho 20, 2022
De Vila Real
10 restaurantes de Lisboa que recomendo: Geographia
O “Geographia” é, dos restaurantes “íveis” (isto é, restaurantes a que se pode ir), o que fica situado mais próximo do local onde vivo. Onde fica? Basta dizer que, da porta do restaurante, se vê a parede lateral do Museu Nacional de Arte Antiga.
A tacada nórdica
A cidade era esta: Ålesund. Lindíssima, não é? Foram os noruegueses a escolherem-na para a realização da “comissão mista” entre Portugal e a Noruega, naquele ano de 1980, atenta a memória do bacalhau. Nessa ocasião, seria impossível tirar uma fotografia com esta luminosidade: estávamos numa época em que alguma claridade permanecia sempre, nas 24 horas do dia.
terça-feira, julho 19, 2022
Maria de Lurdes Modesto
Morreu Maria de Lurdes Modesto, personalidade com uma imensa importância na divulgação e promoção da culinária portuguesa.
10 restaurantes de Lisboa que recomendo: Solar dos Duques
Notícias de Kiev
Ai Brasil!
segunda-feira, julho 18, 2022
Conversa verdadeira (2)
Conversa verdadeira (1)
Dito isto...
10 restaurantes de Lisboa que recomendo: Raposo
Sei muito pouco do restaurante de que hoje falo. Não faço ideia de quando nasceu, não sou amigo dos donos, nem outras coisas que criam intimidade com o lugar e nos ajudam a escrever sobre ele.
domingo, julho 17, 2022
10 restaurantes de Lisboa que recomendo: Clube dos Jornalistas
Foi-se a Gôndola, apagou-se o Trinta e Três, já há muito tinha desaparecido o Antigo Retiro do Quebra-Bilhas. Outros lugares ao ar livre, às vezes com uma parreirinha (no Rato, no Campo Pequeno, na Luneta dos Quartéis), ousaram contrariar uma Lisboa que, por muitos anos, parecia amedrontada em comer sob o céu.
Ai as fardas!
Para “palermers”
sábado, julho 16, 2022
10 restaurantes de Lisboa que recomendo: Jockey
Para quem não conhecer o local, lá chegar pode ser uma espécie de aventura (talvez com GPS seja fácil). O Jockey é um restaurante que fica no meio do hipódromo do Campo Grande. Entra-se pelo topo norte da avenida que passa em frente à cantina e por detrás da reitoria da universidade de Lisboa. É essencial reservar (217 957 521). Dizemos ao que vamos numa cancela e procuramos o local. Há que ter cuidado onde se estaciona, porque as vagas, por ali, são como agulhas num palheiro - e ali há muita palha! Pelo caminho, não se admire se, às vezes, se cruzar com uma fauna de nariz arrebitado, a armar ao fino e a bater o tacão, claramente indisposta por interrompermos a exclusividade do seu lazer equino.
Europa, Europas
Oportunismo
sexta-feira, julho 15, 2022
Almoço egocêntrico
O meu almoço de hoje foi um exercício assumidamente egoísta e lúdico. Convidei para ele três bons amigos, que sabia não se conhecerem entre si. A idades eram similares, mas as experiências de vida eram muito diversas, tendo apenas Lisboa como cenário comum. Foi interessante anotar, no fluir da conversa, as referências geracionais que partilhávamos e, aqui e ali, nomes de conhecidos e amigos que uniam alguns, muito raramente todos, dos interlocutores. Foram umas horas que, estou em crer, foram por eles apreciadas, mas reconheço que nisso não consigo ser um juíz imparcial.
Marcelo e Balsemão. Uma conversa
Achei graça ouvir a entrevista feita por Francisco Pinto Balsemão a Marcelo Rebelo de Sousa, a que se pode ter acesso através do podcast que o ”Expresso” de hoje traz.
quinta-feira, julho 14, 2022
A arrogância dos peões
Há muitos anos, quando fui viver para a Noruega, usufruí, pela primeira vez, do prazer de viver em cidades em que as passadeiras para peões eram respeitadas, em absoluto. Atravessar uma rua não era ali uma aventura, era algo que se processava com imensa naturalidade e segurança.
E o agitador regressou!
Há dias, contei aqui uma saga por que passei no ISCSPU (que tinha então U no fim da sigla), onde a roda da fortuna me impôs um processo disciplinar, que se prolongou por anos, que levou à impossibilidade da minha entrada nas instalações por todo esse período, que me obrigou a arranjar um emprego, depois a ir para a tropa e, finalmente, a (quase) a mudar de vida.
quarta-feira, julho 13, 2022
Eu, pelos vistos!, perigoso comunista!
Na UE, 40% das florestas são públicas. Em Portugal, as florestas públicas representam apenas 2% do total.
O debate sobre os debates
terça-feira, julho 12, 2022
AC
Coragem, sempre!
Adeus Uber, olá táxis!
Será assim?
No reino
O Leixões é que é!
segunda-feira, julho 11, 2022
Hubert
domingo, julho 10, 2022
Mortos & mortos
sábado, julho 09, 2022
sexta-feira, julho 08, 2022
quinta-feira, julho 07, 2022
Más companhias
Boris
Mais papista do que o Papa no tema ucraniano, isto é, mais ferozmente anti-russo do que os próprios Estados Unidos aparentam ser, Johnson julgaria ter encontrado, nos últimos meses, na frente externa, uma espécie de elixir compensatório para a sua crescente fragilidade interna. Hoje, terá finalmente aprendido que isso nunca é suficiente.
Em 1990, Margareth Thatcher, a primeira-ministra vencedora da guerra nas Falkland/Malvinas, que insuflou o capitalismo mais liberal na City, que esmagou greves e desfez o poder dos sindicatos, que defrontou o IRA com mão de ferro, que desprezava Jacques Delors e os “federastas” de Bruxelas, mas que obteve “my money back”, conseguiu acantonar, por muitos anos, o Partido Trabalhista na bancada da oposição e veio a passear-se, ao lado dos Estados Unidos, na ribalta dos orgulhosos vencedores da Guerra Fria.
E, no entanto, Thatcher viria a perder internamente o poder, pelo receio do Partido Conservador de que, com ela em Downing Street, as eleições legislativas seguintes fossem um desastre ou que um eventual sucesso levasse ao nome de Michael Heseltine, figura desafiadora da primeira-ministra e não grata no cenáculo dos “grandees” do partido. O cinzento John Major, que sucedeu a Thatcher sem renegar a sua herança, conseguiu ganhar a Niel Kinnock, os “tories” mantiveram a maioria e só a viriam a perder, anos mais tarde, para o trabalhismo “soft” de Tony Blair, um “labour” parecido com os conservadores e, como estes, sempre, sempre ao lado de Washington, para o bom e para o Iraque.
Agora, foi a vez de Boris Johnson. Como o irá recordar a História britânica? Talvez o seu inconfundível estilo pessoal, o seu regular desafio desrespeitoso da instituição parlamentar, a pilotagem determinada em direção ao Brexit, as “trapalhadas” na gestão da pandemia e o empenhamento denodado na causa da Ucrânia. Contudo, o juízo da História far-se-á também à luz da capacidade que vier a ser demonstrada pelo seu sucessor.
Nada estará mais distante da caricatura de um “gentleman” britânico do que a figura física de Boris Johnson, embora a bizarria na atitude e a irreverência também façam parte desse mundo de eleitos, saído de Oxbridge, da aristocracia ou do sucesso. Cultivando um claro culto pela figura de Winston Churchill e pela imagem atrativa da heterodoxia comportamental deste, Johnson procurou recriar-se numa espécie de líder de novo estilo, para o século XXI, prenhe de posturas incomuns e modos idiossincráticos que o distinguiam dos seus pares do sistema político.
Cultivava uma atitude deliberadamente diferente, um pouco “latina” ao seu modo, e isso ter-lhe-á permitido captar fortes simpatias no eleitorado conservador, que ele pensava poder manter como eterno escudo protetor, garantindo-lhe uma menor dependência da pressão do “establishment” formal que o rodeava. Muito inteligente, brilhante mesmo, jornalista de talento, tinha como medalha não despicienda o facto de ter dirigido o “The Spectator”, a revista conservadora que é um expoente de indiscutível qualidade jornalística. A sua autoconfiança acabou por traí-lo e afastá-lo progressivamente da realidade. Sai agora, aos ombros de si próprio.
O modo como Boris Johnson lidou, ao longo dos anos de poder, com as instituições parlamentares, surpreendeu pelo aberto desprezo por muito dos seus formalismos, que temos por identitários daquele país, o que será tanto mais estranho se pensarmos que isso emanava do líder de um partido conservador - supostamente mais empenhado na preservação dos “basics” do regime. Se nos lembrarmos ainda da instrumentalização, quase obscena, que fez da Câmara dos Comuns, das mentiras que aí procurou disfarçar e impor, com imenso desplante, fácil é concluir que estivémos perante o líder que, na história contemporânea, mais colocou em causa a preeminência do parlamento no centro da vida política britânica. Em muitas ocasiões “económico com a verdade”, para usar uma expressão clássica, Johnson dava ares de querer usufruir de uma espécie de inimputabilidade política. Durante muito tempo, reconheça-se, conseguiu levar a sua avante.
Os ingleses ficaram a dever o Brexit apenas a si próprios, à conjugação pontual mas democrática da sua vontade maioritária, de natureza muito diferente e até contraditória, potenciada por uma agenda de medos e de mitos, que conduziu à sua saída da União Europeia. Mas Johnson teve, nesse processo, um papel relevante. Depois de ter sido um defensor da permanência na Europa de Bruxelas, o que entretanto procurou fazer esquecer, fez um volte-face e acabou por estar no centro da operação em direção à saída, manejando, sem pudor, mentiras e distorções da verdade, a caminho desse “opt out” final, que consagrou, em rotura, a postura de parceiro relutante que Londres sempre havia sido desde a sua adesão. Será muito pelo saldo do Brexit, pelo que dele vier a resultar para o destino do Reino Unido - com o futuro da Escócia e da Irlanda do Norte aí incluído -, que o nome de Boris Johnson virá a ser recordado no futuro.
Como todos os seus pares pelo mundo, Johnson teve de enfrentar a crise pandémica. Tal como muitos outros, navegou em ziguezagues, sempre naquele estilo afirmativo de quem é capaz de ter, com a mesma cara e sem assunção dos erros, uma atitude diferente, às vezes mesmo oposta, daquela que havia sido assumida na véspera. Os ingleses não terão perdoado a Johnson, em particular, o facto de ter permitido, e ele próprio praticado, comportamentos desviantes dos cuidados e exigências que ia impondo ao país. A assunção parcial de culpas não foi suficiente para disfarçar a complacência e a dualidade de critérios de que usou e abusou. A perda de popularidade de Boris Johnson terá começado precisamente aí.
Johnson movia-se bastante bem no cenário transatlântico. De inicio, Donald Trump não o apreciava e, em especial, desprezou a invocação da “special relationship”, uma ligação que Londres cultiva sempre com um zelo que, do outro lado do Atlântico, não é, necessariamente, praticado da mesma forma. Salvo quando isso dá jeito aos Estados Unidos, como se viu em várias conjunturas históricas. Johnson foi agora útil a Joe Biden, titulando, na Europa, o brado jingoísta, com laivos de nova Guerra Fria, com que o América reagiu à agressão russa da Ucrânia. Fica a sensação de que, se dependesse da vontade de Johnson, a Ucrânia estaria já a caminho de ser membro da NATO. Os elogios e agradecimentos de Zelensky não deixam margem para dúvidas: perdeu um amigo na comunidade internacional. Mas nada indica que, no essencial, o sucessor de Johnson venha a pôr minimamente em causa o apoio britânico à luta da Ucrânia.
E a União Europeia? Ao pôr em causa a palavra do Reino Unido no compromisso do Brexit, anunciando opor-se àquilo que tinha assinado com Bruxelas, no tocante ao estatuto da Irlanda do Norte no Mercado Interno, Johnson estava a mostrar uma face que não honrava o bom nome de Londres na vida internacional. Estará o seu sucessor disponível para corrigir esta atitude? Por aí veremos quanto das sequelas ácidas do Brexit derivavam do caráter pessoal do primeiro-ministro ou, afinal, decorrem da matriz comportamental dos conservadores no poder.
Esse poder será até quando? As eleições legislativas estão previstas para 2024, e dificilmente serão antecipadas.
Os trabalhistas, que mostram um recuperação sensível de apreço público, são, por estes tempos, chefiados por Keir Starmer, uma face moderada que se distingue, em muito, do anterior líder, Jeremy Corbin, cuja permanência à frente do “labour”, pelo radicalismo que afirmava, era uma espécie de seguro de vida para os conservadores. Cabe a Starmer tentar cavalgar o descontentamento que os efeitos cumulados das consequência económicas negativas do Brexit, dos efeitos disruptores derivados da crise pandémica, das consequências das sanções à Rússia e do investimento militar maciço podem vir a ter na opinião pública e votante. E cabe ao sucessor de Johnson mostrar que a continuidade pode, no essencial, trazer vantagens, que os conservadores têm respostas, em matéria de políticas públicas, para os sinais de recessão que alguns vislumbram. Finalmente, caberá à rainha nomear o seu 15° primeiro ministro, neste que é o 70° ano do seu reinado.
(Publicado no site da CNN Portugal)
Na rua
Nunca fui muito dado a participar em mobilizações de rua, mas, se pudesse estar hoje em Lisboa, iria com muito gosto e convicção a esta mani...