Tenho um amigo que é fanático do Leixões sendo, aliás, nos dias de hoje, um dos sócios mais antigos daquela agremiação matosinhense. Mas ele não é apenas fanático do Leixões, é também a mais fanática pessoa que conheço contra o Futebol Clube do Porto.
Há bem mais de 30 anos, fui almoçar ao “Portucale”, no edifício que é mais conhecido no Porto como a Cooperativa dos Pedreiros. Eu estava numa mesa com o presidente do FCP, Pinto da Costa, e mais duas pessoas. Era uma refeição por motivos profissionais, para a montagem de operações de cooperação através das filiais do FCP nas antigas colónias portuguesa (fizémos o mesmo com o Benfica e Sporting, descansem os mais sensíveis!). O tal amigo leixonense de quem falo - o qual, noto, é um dos meus melhores amigos - entrou na sala. Da mesa, saudei-o, com um gesto. Não retribuiu, pelo que deduzi que me não tinha visto. E seguiu para a sua mesa. Pedi licença às pessoas com quem estava, levantei-me e fui ter com ele. Recebeu-me com ar frio: “Alguém que almoça com um tipo daqueles deixa de ser meu amigo”. Não tenho a certeza que a palavra “tipo” fosse exatamente o termo que utilizou. Passada a falsa zanga, demos um abraço caloroso.
No domingo, jantei com esse meu amigo em Matosinhos (que bem que se comeu no “Gaveto”!). Falou-me dos tempos maus que o seu Leixões atravessa, mas não deixou de lembrar uma taça que, há muitos anos, o seu clube ganhou ao Porto, por 2-0, nas Antas, naquele que foi um dos dias mais felizes da sua vida. O Leixões continua a emocioná-lo!
Ontem, segunda-feira, acabada uma reunião de trabalho, antes de apanhar o Alfa Pendular, de regresso a Lisboa, decidi ir almoçar a uma das catedrais gastronómicas mais apreciadas pelos portistas de gema, o excelente “Líder”, perto da praça Velasquez. Mal entrei, descortinei, numa mesa, Pinto da Costa. Dei graças à sorte pelo facto do meu amigo leixonense, apenas por umas escassas horas, ter falhado mais esse encontro de terceiro grau!
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