Foi-se a Gôndola, apagou-se o Trinta e Três, já há muito tinha desaparecido o Antigo Retiro do Quebra-Bilhas. Outros lugares ao ar livre, às vezes com uma parreirinha (no Rato, no Campo Pequeno, na Luneta dos Quartéis), ousaram contrariar uma Lisboa que, por muitos anos, parecia amedrontada em comer sob o céu.
Há já muitos anos, no 129 da rua das Trinas, já perto da rua da Lapa, numa antiga escola primária, vi aparecer o restaurante Clube dos Jornalistas, onde o dito clube parece ter sede. Tem uma zona interior simpática mas tem, essencialmente, um fabuloso jardim nas traseiras. Por lá comemorei, em grupo, décadas de entrada para o MNE, por lá estive num casamento.
A casa teve vários tempos. Esteve muito na moda, tinha um cozinheiro creio que basco, depois passou por um período menos feliz, em que, em idas por lá (sou vizinho, a “walking distance”), dei por mim a recordar esses outros tempos melhores e a prometer não voltar. Mais recentemente, já há uns anos (estas minhas notas são impressionistas, socorro-me da memória, não “checko” nada), a qualidade do restaurante ficou bastante mais sustentada. Há uns pratos clássicos, com algum sentido de invenção, os vinhos têm escolhas pouco comuns (teve mesmo uns, cujo nome era um algarismo, que eram muito bons) e o serviço, algo “casual” contemporâneo (mas nada do “casual arrogant” que anda por aí à solta), é simpático e atento.
Há uma semana, organizei por lá uma festa de aniversário de uma pessoa e tudo correu muito bem. Disse-o, com gosto, à Luísa, que gere, com muita eficácia, o estabelecimento. Preço? Já foi mais barato, mas não acho caro. E é bom, agradável e tem aquele jardim!
Ah! E o Clube dos Jornalistas está aberto aos domingos, mesmo para jantar! Nesta época do ano, não vá sem reservar (213 977 138). Pode tentar levar carro, mas a zona não é muito dada a surgirem vagas para estacionar.
4 comentários:
Com a miséria que a maioria dos jornalistas ganha, suponho que não apareçam lá muitos.
Fernando Neves
Era catalão o primeiro dono. Nunca se dizia espanhol
Saudades do Gôndola e ainda mais do Quebra-Bilhas, onde se comia um bom sável com açorda de ovas. Tão agradável comer num belo jardim numa noite amena de Verão.
Há já muitos anos, [...] numa antiga escola primária, vi aparecer o restaurante Clube dos Jornalistas
Seria muito interessante saber como é que o Clube dos Jornalistas chegou à posse dessa antiga Escola Primária. Através de que tráfico de influências, quero eu dizer.
O Clube dos Jornalistas não deve ser uma entidade propriamente muito rica, para se poder dedicar a comprar antigas escolas primárias que até têm um belo antigo recreio nas traseiras.
O Estado deveria, se tem escolas primárias desativadas no dentro de Lisboa, vendê-las a quem desse mais dinheiro. Em vez de as distribuir aos seus afilhados, para eles poderem enriquecer reconvertendo-as em restaurantes.
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