Há causas que somos tentados a defender mas que, ao constatarmos que são apoiadas por aqueles que, em definitivo, não respeitamos e dos quais, em tudo o resto, discordamos em absoluto, acabam por nos suscitar sérias dúvidas. E ficamos incomodados por estar nessa companhia.
3 comentários:
Não consigo, naturalmente, decifrar o mistérios por detrás das palavras. Sucede porém (de facto, a vida às vezes é mesmo feita de certas coincidências), que acabo de encalhar numa, ao que parece, notícia, dando conta de que Ministro Russo dos Negócios Estrangeiros, terá abandonado a cimeira do G20, dado que foi ostensivamente ignorado por todos os seus congéneres presentes na reunião, os quais se terão também recusado a fotos e jantares com a sua participação. Vale isto por dizer, que, independentemente das razões mais profundas e concretas, todos vivemos já um dia em que a conjuntural convivência com certa criatura nos deixou absolutamente agastados. Mas, ainda assim, é apenas uma impressão minha, ou há alturas em que é preciso ter a coragem de engolir o sapo? Não por nós mesmos, mas pelas funções em que estamos conjunturalmente investidos, por aqueles que representamos e cujos interesses nos cabe defender de modo abrangente, evitando aumentar a tensão de uma corda, cuja capacidade de resiliência efectivamente ninguém está em condições de determinar com rigor.
Longe de mim querer colocar-me ao lado de Sergei Lavrov. Mas onde é que viu, salvo na imprensa adversa à Rússia, que Lavrov foi “foi ostensivamente ignorado por todos os seus congéneres presentes na reunião”? A sério? Não sabia…
A questão é mesmo essa, à força de lhes ser dito que este assunto é "a preto e branco" toda uma multitude de gente que habitualmente vê o mundo em "tons de cinzento", porque nunca se quer comprometer em nada, já se sente cheia de força para tomar posições fortes porque sente que é isso que está a dar.
Não ter que pensar muito pela própria cabeça nem ter que avançar argumentos equilibrados é uma benção dos céus para quem só quer parecer "cool" e continuar a sua vidinha.
Tenho aí um mapa curioso que não dá para pôr aqui.
Tem a América do Norte, a Europa, a Austrália e o Japão em tons escuros e o resto do mundo a branco.
O título é "A comunidade internacional de acordo com os MCS ocidentais".
Enviar um comentário