A parte final dedicada a África é muito interessante e merece ser desenvolvida pelo estudo e até onde possível pelo esforço pessoal efectivo de cada um de nós, que vimos e sentimos as oportunidades passarem-nos ao lado, as consequências caírem-nos de forma directa ou indirecta em cima, agora parece-me bem que de forma quase completamente irreversível.
Lembro-me bem de uns encontros que tive "in illo tempore" em Lusaka (não, não foram esses, foram muito “illo” mas não tanto “illo”)) em que era evidente nas conversas informais, muito em especial por parte dos moçambicanos presentes (que muito fiquei a respeitar), o como gostariam de ver as relações evoluírem de forma mais positiva numa altura em que ainda havia muito “espaço” para isso. Já não há grande “espaço”, o que lamento, quem pode, pode, passaram-nos todos à frente.
Efectivamente, desde há muito que a China e a Rússia têm vindo a prosseguir estratégias geopolíticas com vista enfraquecer o poder ocidental (Estados Unidos e UE) no continente africano. A China através de relações comerciais ou económicas (as trocas comerciais ultrapassam o valor de 200 mil milhões de dólares, com a balança a pender para Pequim) inseridas no seu projecto da Rota da Seda que já conta com o apoio de 46 países africanos. O que não quer dizer que a China no âmbito da sua estratégia geopolítica tenha descurado a vertente militar tornando-se no 2.º maior fornecedor de armas a África, logo a seguir à Rússia, ao mesmo tempo que tem vindo a estabelecer com diversos países africanos a instalação de estruturas logísticas de apoio aéreo e naval (como por ex. a base militar no Djibuti). Pelo contrário, a Rússia e tendo em conta a insuficiência do seu poder económico, oferece aos governos africanos a sua sobrevivência através de alianças militares (em substituição dos militares franceses ou americanos como aconteceu recentemente no Mali, Burkina Fasso, República Centro-Africana e Níger onde militares russos se instalaram numa base americana depois de a Junta Militar que tomou o poder ter decidido expulsar as forças americanas) acedendo, em troca, a recursos naturais estrategicamente importantes. A vantagem relativamente ao Ocidente, é que tanto a China como a Rússia não estão preocupados com a promoção de regimes democráticos ou dos direitos humanos em África, o que facilita o relacionamento com os regimes ditatoriais dos cleptocratas africanos que se perpetuam no poder, sem preocupação com o desenvolvimento sócio-económico e criação e melhoria de condições humanas das suas populações. PS: Tendo em atenção que a maior parte das unidades das Forças Armadas Centro-Africanas (FACA) estão a operar sob o comando ou supervisão de militares russos (África Corps, directamente subordinado ao Ministério da Defesa russo e que substituiu os mercenários do grupo Wagner) qual é o papel dos militares portugueses integrados na missão comum ONU/UE de segurança e defesa na República Centro-Africana? Lado a lado, como os americanos e russos na base do Níger?
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A parte final dedicada a África é muito interessante e merece ser desenvolvida pelo estudo e até onde possível pelo esforço pessoal efectivo de cada um de nós, que vimos e sentimos as oportunidades passarem-nos ao lado, as consequências caírem-nos de forma directa ou indirecta em cima, agora parece-me bem que de forma quase completamente irreversível.
Lembro-me bem de uns encontros que tive "in illo tempore" em Lusaka (não, não foram esses, foram muito “illo” mas não tanto “illo”)) em que era evidente nas conversas informais, muito em especial por parte dos moçambicanos presentes (que muito fiquei a respeitar), o como gostariam de ver as relações evoluírem de forma mais positiva numa altura em que ainda havia muito “espaço” para isso.
Já não há grande “espaço”, o que lamento, quem pode, pode, passaram-nos todos à frente.
Efectivamente, desde há muito que a China e a Rússia têm vindo a prosseguir estratégias geopolíticas com vista enfraquecer o poder ocidental (Estados Unidos e UE) no continente africano.
A China através de relações comerciais ou económicas (as trocas comerciais ultrapassam o valor de 200 mil milhões de dólares, com a balança a pender para Pequim) inseridas no seu projecto da Rota da Seda que já conta com o apoio de 46 países africanos. O que não quer dizer que a China no âmbito da sua estratégia geopolítica tenha descurado a vertente militar tornando-se no 2.º maior fornecedor de armas a África, logo a seguir à Rússia, ao mesmo tempo que tem vindo a estabelecer com diversos países africanos a instalação de estruturas logísticas de apoio aéreo e naval (como por ex. a base militar no Djibuti).
Pelo contrário, a Rússia e tendo em conta a insuficiência do seu poder económico, oferece aos governos africanos a sua sobrevivência através de alianças militares (em substituição dos militares franceses ou americanos como aconteceu recentemente no Mali, Burkina Fasso, República Centro-Africana e Níger onde militares russos se instalaram numa base americana depois de a Junta Militar que tomou o poder ter decidido expulsar as forças americanas) acedendo, em troca, a recursos naturais estrategicamente importantes.
A vantagem relativamente ao Ocidente, é que tanto a China como a Rússia não estão preocupados com a promoção de regimes democráticos ou dos direitos humanos em África, o que facilita o relacionamento com os regimes ditatoriais dos cleptocratas africanos que se perpetuam no poder, sem preocupação com o desenvolvimento sócio-económico e criação e melhoria de condições humanas das suas populações.
PS: Tendo em atenção que a maior parte das unidades das Forças Armadas Centro-Africanas (FACA) estão a operar sob o comando ou supervisão de militares russos (África Corps, directamente subordinado ao Ministério da Defesa russo e que substituiu os mercenários do grupo Wagner) qual é o papel dos militares portugueses integrados na missão comum ONU/UE de segurança e defesa na República Centro-Africana?
Lado a lado, como os americanos e russos na base do Níger?
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