segunda-feira, agosto 28, 2023

Qual é a pressa?

De um momento para o outro, em meados de 2023, a direita decide discutir o nome do seu candidato a umas eleições que terão lugar em janeiro de ... 2026! 

Não têm mais nada que fazer?

João da Câmara


Quando, há quase 25 anos, convidei o João da Câmara para ser meu chefe de gabinete, ao tempo que era secretário de Estado dos Assuntos Europeus, "esqueci-me" de lhe perguntar o que é que ele era politicamente. Quem, durante esses cinco anos e meio, trabalhou no meu gabinete - e estamos a falar de quase quatro dezenas de pessoas - pode testemunhar que essa pergunta nunca foi colocada a ninguém. 

Mas pus-lhe uma questão: "Você gosta de fado?". Ao contrário de mim, que adoro fado e do castiço, constatei que o João não apreciava. Logo ele, que era filho de Vicente da Câmara (esse mesmo, o das "Tranças Pretas"), sobrinho de frei Hermano da Câmara e irmão de José da Câmara, para além de primo dos inúmeros Câmara Pereira! Mas o João, pelos vistos, não era muito de fados.

Conheci o João nos anos 80, então um jovem diplomata, recém-entrado para a carreira Era um homem sereno, educado e atencioso, com um sorriso bom e uma imensa capacidade de diálogo, com uma conversa que encantava as mulheres. Convidei-o para chefiar o meu gabinete num período bem complicado - a presidência portuguesa da União Europeia, em 2000. Viajámos imenso, pela Europa e não só, com ele, discreto e extremamente eficaz, a aturar-me algumas impaciências, a organizar as minhas agendas e a resolver (bem) muitos problemas, a montante de eu ter de os enfrentar. 

No final desse exercício, exausto como estava pelo trabalho executado, o João foi merecidamente colocado em Londres. Por lá o fui encontrar, meses mais tarde, num jantar em sua casa, em Wimbledon, quando me confessou: "Bons tempos foram os seus aqui por Londres, Francisco, quando o salário dos diplomatas portugueses permitia viver no centro da cidade. Agora, só dá para estar na periferia ..." Era verdade.

Com os ciclos profissioniais e as distâncias a separarem-nos, fomo-nos perdendo de vista. Íamos tendo notícias um do outro, através de amigos comuns. Soube das suas estadas como embaixador no Zimbabué, em Angola, na Índia e no Canadá, que foi o seu último posto, onde me desafiou a ir fazer umas palestras, ideia que as circunstâncias vieram a tornar inviável.

Um dia, tive o gosto de recomendar o seu nome para uma delicada função oficial, que ele veio a cumprir com o rigor e a imparcialidade do grande servidor do Estado que sempre foi. Na ocasião, perguntaram-me:"Tem, por acaso, ideia do que é que ele é, politicamente?" Não sei se acreditaram, quando respondi que não fazia a menor ideia.

Há poucos meses, jantámos, num grupo de amigos. O João dava evidentes sinais dos efeitos de uma grave doença de que padecia, desde há vários anos. Acabo de saber que morreu. Os meus sinceros sentimentos à família do meu amigo João da Câmara.

domingo, agosto 27, 2023

Almoço na Catedral

 


Academia Socialista


Fui convidado a intervir na Academia Socialista, promovida pelo Partido Socialista, pela Juventude Socialista e pelo Grupo dos Eurodeputados Socialistas Portugueses, destinada a 80 jovens entre os 18 e os 30 anos.

Na minha intervenção, que terá lugar no dia 8 de setembro, em Évora, abordarei o papel do Multilateralismo no atual contexto geopolítico internacional.

sábado, agosto 26, 2023

sexta-feira, agosto 25, 2023

Grande Caminha!


É extraordinário encontrar, numa terra como Caminha, uma variedade de oferta de imprensa como a da Tabacaria Gomes. Sem contar com a também clássica Tabacaria Atenas. Viva o papel!

Prigozhin

Não iremos saber tão cedo quem matou Prigozhin. E, quando surgir a versão oficial, muitos não acreditarão nela. Uns por mero viés anti-Rússia. Os mais sensatos porque é hoje evidente a falta de independência e, por essa razão, de credibilidade das atuais instituições russas.

Bolas!

Agora a sério: passa pela cabeça de Luis Rubiales, presidente do futebol espanhol, que tem alguma hipótese de se manter no cargo? Há cada cromo!

Turismo

Hoje deu-me para ir ao estrangeiro. Fui a Tuy, para ver se havia manifestações contra ou a favor de Luis Rubiales, o beijoqueiro presidente da liga da bola de lá. Mas estava tudo a fazer a sesta. Meti gasolina (desculpa, Fernando Medina!) mais barata e regressei logo a Valença.

Vamos então a isto!


quinta-feira, agosto 24, 2023

O efémero

A intensidade dos comentários televisivos que faço sobre a guerra na Ucrânia está a criar em mim uma insuperável retração a escrever seja o que for sobre o tema. Fico com a sensação de que já disse tudo o que queria dizer e que, acabado que seja qualquer texto, factos novos o tornarão rapidamente irrelevante. Tenho de pensar melhor sobre isto.

quarta-feira, agosto 23, 2023

Adeus, Linda!

Telefonei hoje para um (bom) restaurante em Viana do Castelo, a marcar uma mesa para sábado: "Só marcamos às 19:30 ou depois das 21:30, mas na condição de poder ter de esperar". Não janto à hora do lanche nem pago caro para ter de esperar. Desejo muito boa sorte à Tasquinha da Linda. Sem mim, claro.

É assim!

Em Espanha, a história da agressão sexual a uma jogadora de futebol não apenas diluiu o que deveria ter sido o júbilo nacional pela conquista do título mundial como está a marcar a agenda pública de tal forma que quase compete com a discussão sobre a formação do governo.

Sorry!


Eu sei que estou em atraso na publicação da minha última lista de restaurantes, a que refere Lisboa e arredores - localidades como Moscavide, Estoril, Queijas, Cascais, Linda-a-Velha e lugares assim. Peço um pouco mais de paciência. A vida, no Minho, tem sido dura...

A cor dos meus dias

 


terça-feira, agosto 22, 2023

Lá por Vila Real...


Com esta temperatura, a minha mãe punha-me mais dois cobertores, dava-me sumo de laranja e mandava chamar o dr. Tibúrcio.

É só para saber!

Se o presidente da federação espanhola de futebol, que deu um beijo na boca da jogadora, fosse uma mulher, será que se tinha levantado todo este escarcéu?

Saída?

 


Será mesmo esta a saída?

segunda-feira, agosto 21, 2023

Ainda há o VAR, claro!

Com todo o respeito, institucional e pessoal, que (com toda a sinceridade) me merecem o presidente da República e Marcelo Rebelo de Sousa, acho que ainda há muito de João Galamba no veto presidencial de hoje. O país assiste a um jogo Costa-Marcelo que só espero não vá a penaltis.

Quando...


 .... for grande, quero ser magistrado!

Guerra é guerra

Hoje, a guerra muda de terreno. De Zaporizhzhya e Bakhmut, passa para a habitação e para os professores. À noite, no comentariado, Zelensky e os F16 serão substituídos por Marcelo e os decretos. Ambos irão ter oportunidade de falar, daqui a dias, sobre as respetivas guerras.

domingo, agosto 20, 2023

Sérgio Vieira de Mello - 20 anos


“Você sabe, Francisco, só me aparecem desafios que não consigo recusar!” – foi a frase que retive da última conversa com Sérgio Vieira de Mello, quando lhe telefonei, de Viena para Genebra, a desejar sucesso para a sua nova missão em Bagdad. Ironizámos então com o facto de Paul Bremer, o primeiro "administrador" americano no Iraque, com quem Sérgio teria que se articular, ter coincidido comigo em posto diplomático na Noruega, nos idos de 70: prontifiquei-me para "meter uma cunha", se ele precisasse…

Só conheci pessoalmente Vieira de Mello em Setembro de 1999, quando o protocolo nos sentou lado-a-lado, num almoço em Nova Iorque. Acabara, há pouco, a sua missão nos Balcãs e entre nós passou, de imediato, uma corrente de empatia luso-brasileira, logo cimentada pelo mútuo culto do humor. Recordo-me de termos falado da possibilidade de ele chefiar a nova missão da ONU em Timor, ainda semanas antes de Kofi Annan lhe propor o lugar. Eu não tinha a pretensão de estar a ser presciente: limitava-me a ecoar o nome prestigiado que circulava já por alguns corredores, afirmando-lhe a certeza antecipada de que o Governo português o acolheria com muito agrado. Na altura, Sérgio retorquiu-me, com o seu sorriso confiante, que não, que “ia precisar de algum tempo para descansar”. Felizmente, isso acabou por não acontecer.

Sérgio Vieira de Mello fez em Timor um trabalho notável, como várias vezes tive ocasião de referir, em nome de Portugal, em intervenções no Conselho de Segurança da ONU. E – confesso – fi-lo com uma sinceridade que nem sempre é regra nos discursos oficiais. Com ele combinei, nas derradeiras fases do processo pré-independência, o tom comum das nossas intervenções em Nova Iorque, por forma a garantir o apoio que o secretário-geral da ONU e o Governo português entendiam necessário que fosse dado aos timorenses pela comunidade internacional, nos difíceis anos que se seguiriam. Recordo também os pedidos que fez, por meu intermédio, para que Portugal “deixasse cair”, a nível adequado, palavras de acalmia e bom-senso junto de responsáveis políticos de Timor, a fim de atenuar alguns litígios menores, mas que ameaçavam a estabilidade do processo interno.

Em Novembro de 2002, convidei Sérgio Vieira de Mello para ir a Viena, falar ao Conselho Permanente da OSCE, já na sua qualidade de Alto-Comissário da ONU para os Direitos Humanos. Foi uma sessão memorável, que gerou um debate interessantíssimo, em que o à-vontade diplomático de Sérgio sublinhou o seu profundo conhecimento da situação internacional. Mas que também revelou a firmeza das suas convicções. No almoço em minha casa que se seguiu, e perante uma observação mais tensa avançada pelo meu colega americano, não deixou de lhe recordar que os prisioneiros de Guantanamo “não vivem na Lua” e que, também a eles, se deviam aplicar, em pleno, “todos os Direitos Humanos devidos aos cidadãos da Terra”.

Foi em 19 de Agosto de 2003 que Sérgio Vieira de Melo morreu, de forma violenta, em Bagdad.

sexta-feira, agosto 18, 2023

"Já não é o que era..."



Sei que a alguns poderá parecer uma mania algo masoquista. Desde há anos, decidi ir dormir, de quando em vez, a unidades hoteleiras que um dia já estiveram no topo do imaginário turístico português e que, por uma razão ou por outra - sendo o tempo e o uso intensivo as principais dentre elas -, entraram num processo de decadência. 

Claro que só visito unidades que ainda conservam alguma qualidade e charme, com pormenores arquitetónicos ou de decoração que guardaram memória dos velhos e mais gloriosos tempos. E, obviamente, só hotéis que nunca desceram abaixo das "4 estrelas"; é que já não tenho idade para sacrifícios...

Não farei aqui a lista nominativa dessas históricas unidades hoteleiras, por razões de simpatia para com o esforço que, nos dias de hoje, é feito para a sua manutenção. Umas mantêm ainda algum brio residual, outras deixaram-se cair, por falta dele. O serviço, em algumas, ainda é esforçado e cordial, em outras é penosamente burocrático, quase "de Leste", sem estímulo nem estamina, quiçá devido a salários menos apelativos. É a vida!

Não tarda muito que eu conclua o meu percurso por esse Portugal hoteleiro da série "já não é o que era...". No dia de hoje, estou precisamente numa dessas unidades.

quinta-feira, agosto 17, 2023

As Festas!


Com pena o digo: este ano não vou às Festas! Vou ter de faltar àquela que é, lá por Viana do Castelo, a maior e a mais animada romaria do país. Vai-me fazer falta o ruído dos bombos na Praça e aquela agitação pelas ruas. Mas a vida é assim. Num passado recente, até já fui presidente de honra das Festas de Nossa Senhora da Agonia - e nem imaginam o prazer e a honra que tive em aceitar o convite. Quem não conhece as Festas de Viana não sabe o que perde! 

Deixo-os com o cartaz da primeira romaria da Senhora da Agonia a que "assisti": 1948.

quarta-feira, agosto 16, 2023

Noticias da minha rua


Há uns tempos, o meu bairro entrou em estado de sítio, com o pretexto de umas filmagens. Já não era a primeira vez que isso acontecia, mas nunca com aquela dimensão. Numa das noites, a minha rua entrou em ebulição: motores a rugir, tiros de pólvora seca, embates metálicos e coisas assim. Horas depois, regressou o silêncio, ou melhor, só passaram a acelerar por ali os habituais cromos da noite.

Ontem, numa (rara) passagem pela Netflix, apeteceu-me ver um filme, "Stone" qualquer coisa, que se anunciava cheio daquelas cenas "jamesbondianas" de violência implausível, que sempre me divertem. E lá vejo surgir a minha rua, no meio de mais de cinco minutos de uma fantástica perseguição automóvel por Lisboa, onde se colam cenários geográficos díspares, do elevador da Glória ao Terreiro do Paço, de Alfama à Junqueira, da estação do Rossio à zona do Chiado. Tudo termina, numa cena de tiros, no chafariz junto ao museu de Arte Antiga. 

Talvez valesse a pena avisar o mundo que Lisboa, em regra, não é bem assim!

terça-feira, agosto 15, 2023

As minhas mesas


Nas listas que têm vindo a ser publicadas aqui, com alguns restaurantes que conheço e aprecio - que não devem ser confundidos com "os melhores restaurantes" - falta aquela que se refere a "Lisboa e arredores". Espero que os meus amigos do Estoril e Cascais não venham a ficar ofendidos pelo facto de irem ficar ao lado de Moscavide e de Queijas... Peço dois dias de tolerância para a sua preparação.

Ontem, chegou-me uma versão informática daquelas minhas listas, que circula pela net. Ainda sem o Porto e Lisboa! Que pressa! Ainda vou pensar nos "copyrighs"! 

Os desventurados

O líder oficial da extrema-direita lusa escreveu ao papa a arrepender-se pelo facto de ter faltado com a sua presença durante a jornada católica. Antigamente, chamava-se a este tempo "silly season".

Notícias medievais


Quando, nos dias que me restam de férias - e elas acabarão antes do mês acabar -, me cruzar, no norte do país, com as inevitáveis feiras medievais, com os seus terreiros de luta, prometo vir a lembrar-me das interessantes "espadeiradas" que, nos dias de hoje, andam pela caixa de comentários deste blogue. 

As minhas mesas - (8) Porto e arredores


Aqui ficam algumas das casas do Porto e arredores por onde passo com gosto. Muitas outras poderiam ser citadas, reconheço.

AMARANTE
- Quinta do Outeiro
- Filhos de Moura (Aboim)

BAIÃO
- Pensão Borges

CARVALHOS
- Mário Luso

GAIA
- Vinum

LEÇA
- António

MATOSINHOS
- Gaveto

PAREDES
- Cozinha da Terra

PEDRAS RUBRAS
- Fernando

PENAFIEL
- Sapo (Irivo)

PORTO
- Cafeína
- Cozinha do Manel
- Líder
- Terra
- Rogério do Redondo
- Al Mare
- Nanda
- Adega Vila Meã
- Moinho de Vento

segunda-feira, agosto 14, 2023

No meio da ponte


É miserável a demagógica campanha em curso contra o cardeal Manuel Clemente, que não pediu para ter o seu nome numa ponte e que é uma pessoa honrada e respeitável. Lamento muito os silêncios comprometidos de quem tinha obrigação de já se ter pronunciado sobre isto. Não vale tudo!

domingo, agosto 13, 2023

Já tem barbas


Um amigo, que me viu há pouco com uma incipiente barba na televisão, perguntou: "É para homenagear o 97º aniversário do comandante, que hoje faria anos?", 

Nunca fui um grande fã do senhor, embora isso desse um belo alento à acusação de "putinista" que, no dia de hoje, recebi abundantemente no Twitter e tanto me fez rir.

Em 2016, na minha coluna no "Jornal de Notícias", escrevi isto sobre Cuba: https://duas-ou-tres.blogspot.com/2016/10/marcelo-e-fidel.html . A embaixadora cubana em Lisboa, muito popular nos círculos diplomáticos e que, até então, para mim era só sorrisos, zurziu-me e insultou-me em várias plataformas. Elegantemente, chamou-me "velho". Felizmente, Fidel não era...

"Pica-Pau" (Lisboa)


Cansado dos nomes tradicionais, num domingo a derreter de calor, decidimos experimentar um restaurante na Rua da Escola Politécnica, de que vinha a ouvir falar, há uns tempos. Embora seja sempre perigoso comer por aquelas bandas: com a Livraria da Travessa ao lado, a conta pode subir...

O nome - "Pica-Pau" - era bem português, embora anote que é cada vez mais raro o restaurante lisboeta que oferece um bom pica-pau. Reservei de véspera. Reservo sempre, em toda a parte. Entrámos e quase só havia estrangeiros.

O espaço é interessante, pequeno, com uma área aberta atrás, bem agradável neste tempo. A casa não terá mais de 50 lugares. O serviço era jovem e delicado.

A lista, surpreendentemente para a clientela que por ali se via, era mesmo portuguesa, sem concessões à moda, bem construída e equilibrada. Há um prato de referência para cada dia da semana. Os preços, para a zona da cidade e para a qualidade do que se provou, eram muito razoáveis. Surgiu uma boa lista de entradas, permitindo aí assentar uma refeição de petiscos, para quem tiver essa tentação, "à espanhola". E ninguém nos tentou impingir "couvert" e coisas cumulativas (que, aliás, pedimos). Nos pratos de "resistência", uma boa escolha era possível, suficientemente variada. Apenas a lista de sobremesas pareceu demasiado curta. Os vinhos tinham boas opções de defesa pessoal - "if you know what I mean".

Gostei do " Pica-Pau".

No adeus à praia


Há onze anos que por ali paro. Com imenso gosto, nunca tive vontade de mudar. É uma praia não muito longe de Lisboa, quase sem comércio, quase sem restaurantes nas imediações, sem a menor vida social "pública", sem gente sonante, sem "Caras" nem "Flash" nem nada que se lhes assemelhe. Os amigos, bons, e os conhecidos são quase sempre os mesmos. As conversas são, como o espírito da época recomenda, serenas e redondas. A areia é espaçosa, só o mar é que tem dias em que recordo o frio do Cabedelo da minha juventude, lá por Viana. Este ano, contudo, a água esteve a preceito. Verdade seja que os meus banhos de mar são cada vez mais raros. A preguiça tomou conta de mim. E aquele é o local para a cultivar.

A única atividade comercial pela praia é o homem das Bolas de Berlim (com creme, porque o pecado, a sê-lo, nunca deve ser só assim-assim), com aquelas caixas, que imagino pesadíssimas, penduradas nos braços. No passado, por muitos anos, era o Senhor João, que anunciava o produto sossegando dieteticamente: "não engorda, só alarga". O Senhor João, entretanto. desapareceu, constando que anda por outras praias. Ninguém decorou ainda o nome dos seus substitutos. Há dias, encontrei esta sua memória numa pequena roulote, num parque de estacionamento. Não pode haver maior consagração.

As minhas mesas - (7) Algarve


Vou muito pouco ao Algarve. Em termos de cozinha tradicional - que aqui nos ocupa - recomendo apenas alguns restaurantes que considero com qualidade. Dos restantes que conheço, entendo não dever destacar nenhum. Mas que fique muito claro: há outros magníficos restaurantes no Algarve. Só que eu nunca os visitei!


ANCÃO
- 2 Passos

ARRIFANA
- Paulo

BARRANCO VELHO
-Tia Bia

CABANAS DE TAVIRA
- Noélia & Jerónimo

CACELA 
- Costa (Fábrica)

FÓIA
- Luar da Fóia

MEXILHOEIRA GRANDE
- Adega Vilalisa

VALE DO GARRÃO
- António Tá Certo

VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO
- Sem Espinhas

sábado, agosto 12, 2023

Cardiologia verde

Hoje, ao ver o (meu) Sporting a ganhar por 2-0, pensei: "É este ano que vou acabar com a mania de evitar ver jogos do Sporting em direto, para não me incomodar". Os minutos foram passando e, no fim do jogo, decidi que, afinal, é mais prudente manter o velho hábito.

Vergonha

Se os marinheiros amotinados puderem vir a aproveitar a amnistia pela visita papal, este país dará mais um passo no seu destino de se transformar num imenso Portugal dos inimputáveis.

A guerra

Num dos finais possíveis desta guerra, a Ucrânia poderá vir a confrontar-se com o imperativo de se vergar a uma solução de compromisso, justa ou injusta, que talvez pudesse ter aceite, já há muitos meses, sem a perda de dezenas de milhares de cidadãos e uma cruel devastação.

Começou a Liga! Viva o desporto!

 

sexta-feira, agosto 11, 2023

Belo espetáculo

 


Belo espetáculo

 


As minhas mesas - (6) Alentejo


Aqui ficam sugestões dos Alentejos, tiradas da minha experiência, que reconheço ser bastante limitada na costa e no distrito de Beja. 

ALCÁCER DO SAL

- A Escola

ALDEIA DA SERRA

- O Chana do Bernardino

ARRAIOLOS

- Alpendre

BEJA

- Adega 25 de Abril

CASTRO VERDE

- Cavalariça

COMPORTA

- Cavalariça

- Dona Bia

- São João

ELVAS

- Pompílio

ESTREMOZ

- Mercearia do Gadanha

- Larau

ÉVORA

- Tasquinha do Oliveira

- Dom Joaquim

- Origens

MARVÃO

- Mil Homens

MORA

- Afonso

MOURÃO

- Adega Velha

ODEMIRA

- Tasca do Celso

PORTALEGRE

- Tomba Lobos

SANTIAGO DO ESCOURAL

- Manuel Azinheirinha

SERPA

- Alentejano

SINES

- Cais da Estação

TERRUGEM

- Bolota

VAIAMONTE

- Tintos e petiscos

VILA DE FRADES

- O País das Uvas

VILA FERNANDO

- Taberna do Adro

VILA NOVA DE MIL FONTES

- Tasca do Celso


Onda


Eu sei que as interpretações impressionistas deste género convocam inevitáveis críticas, em especial se provindas de pessoas de outra "freguesia", como é o meu caso, mas, mesmo assim, atrevo-me a dizer que o novo patriarca tem cara de ser "boa onda". Logo veremos.

Louros

Carlos Moedas procurou obter destaque, em competição com o governo, nos eventos da Jornada católica, tentando colher louros políticos? Claro que sim. Quem não faria o mesmo, em idênticas circunstâncias? Se o evento tivesse corrido mal, não estaria hoje Moedas no pelourinho?

Lamentável

Portugal ficou honrado com a visita do papa - em especial, deste papa. Contudo, a natureza laica de Estado português, consagrada na Constituição, recomendaria que não fossem promovidas quaisquer amnistias na Justiça, a pretexto do evento. Foi uma decisão muito lamentável.

quinta-feira, agosto 10, 2023

É isto, confesso!


Sou um assumido comodista. Sem o menor complexo por sê-lo. 

Se acaso posso ir de carro a qualquer sítio, nunca vou a pé. Sempre fui assim. Lembro-me (com uma ponta de orgulho envergonhado) de que, quando entrei para o MNE, há quase meio século, tempo em que havia lugares para estacionar à vontade, chegava a ir de carro das Necessidades à Infante Santo, para almoçar num bar que por ali havia. Eram aí 200 metros... mas sempre evitava a subida, no regresso.

Dou conta do refinamento do meu comodismo na minha relação atual com a praia, ali ao fundo da rua. Cada vez encontro mais pretextos para evitar ir por lá, para regressar cheio de areia, misturada com creme solar. Opto pela piscina. E, nela, em vez de nadar (é uma canseira, concluí!), dou comigo por ali a chapinhar. 

Nestas férias, como de costume, o meu "workout" é alternar entre a cama, o sofá, a espreguiçadeira e o banco do automóvel. E, vá lá!, a cadeira do restaurante. E não é pouco: se se somar, com rigor, a distância entre todos estes pousos, logo se avaliará o que são as minhas maratonas diárias.

Ah! E acreditem nisto ou não! A escolha é vossa!

As minhas mesas - (5) Estremadura e Ribatejo


Sem pruridos de rigor geográfico, aborda-se hoje as regiões da Estremadura e do Ribatejo, ficando à porta da região saloia e de toda a zona envolvente de Lisboa, chegando a tocar o Alentejo, que por aqui surgirá amanhã.

ALCOBAÇA
- António Padeiro

ALCOCHETE
-Alfoz

ALMADA
- Amarra ó Tejo
- Atira-te ao Rio

ALMEIRIM
- Cisco

AZEITÃO
- Wine Corner

CALDAS DA RAINHA
- Adega do Albertino
- Sabores d'Itália

NAZARÉ
- Taberna d'Adélia

ÓBIDOS
- A Nova Casa de Ramiro
- Traçadinho

PENICHE
- Tasca do Joel

SANTARÉM
- Oh! Vargas
- Dois Petiscos

SERRA D'EL REI
- Tribeca

SESIMBRA
- Ribamar

SETÚBAL
- Bataréo

TOMAR
- Lúria
- Chico Elias

quarta-feira, agosto 09, 2023

Ridículo

A discussão sobre o número de pessoas que assistiram à JMJ é de um ridículo atroz. Até porque a verdade ficará sempre entre a magnificação deslumbrada de alguns zelotas e a obsessiva desvalorização feita por quantos não conseguem aceitar que aquilo foi um indiscutível êxito.

Que pena que eu tenho...


Há jogos de futebol em que torço para que percam os dois. E irrita-me que isso não seja possível...

A areia por aqui


 

Frases antigas: "Por favor, um café!"

 


terça-feira, agosto 08, 2023

As minhas mesas - (4) Beira Litoral


Se bem que eu saiba que  a "fronteira" entre a Beira Litoral e a Estremadura/Ribatejo é um eterno ponto de discussão para pessoas que não têm outra coisa com que se entreter, avanço aqui com a minha lista de preferências. Como dizem aos clientes os empregados de restaurante recém-saídos das escolas hoteleiras, "espero que gostem".

ÁGUEDA
- Vidal (Almas da Areosa)

AROUCA
- Parlamento

AVEIRO
- Salpoente
- Telheiro

AVELÃS DO CAMINHO
- Queirós

BATALHA
- Burro Velho

BUARCOS
- Marégrafo

BUÇACO
- Restaurante do Hotel do Buçaco

CANTANHEDE
- Marquês de Marialva

COIMBRA
- Casas do Bragal

FÁTIMA
- Tia Alice

ÍLHAVO
- Dóri

LEIRIA
- Puttanesca
- Luna
- Casinha Velha (Marrazes)

LOUSÃ
- Burgo

MEALHADA
- Rei dos Leitões

POMBAL
- Manjar do Marquês

PENACOVA
- Panorâmico

PRAIA DE MIRA
- Salgáboca

SANGALHOS
- Mugasa

MBWay


Nenhum dos dois catraios tinha mais de sete anos. Estavam a vender porta-chaves artesanais, no caminho para a praia. É um hábito, há anos, ver crianças por ali, com estendais de artefactos, como pulseiras e colares. Os preços são muito baixos, quase simbólicos. À oferta, anunciada à passagem, saiu-nos, desta vez, um "obrigado, mas não trago dinheiro trocado". A resposta foi extraordinária: "Não faz mal! Nós temos MBWay!" O mundo mudou muito. Nós é que, às vezes, nem damos por isso.

segunda-feira, agosto 07, 2023

"A Casa da Rússia"


Ontem, saído de uma jantarada de aniversário, no calor da noite ao ar livre, borrifei-me de repelente contra mosquitos e deu-me para começar ler um le Carré, "A Casa da Rússia", numa tradução portuguesa. Quando chegaram as cinco horas da manhã, achei que, para essa noite, já tinha q.b. de Guerra Fria vista pelos britânicos.

John le Carré é um autor que sempre tive alguma dificuldade de ler em inglês. Recordo ter comprado, há mais de trinta anos, o "Tinker, Tailor, Soldier, Spy", em "audiobook" em cassetes, e, ocasionalmente sozinho em Inglaterra, onde então vivia, ter passado um fim de semana a passear no meu Mini, pela zona de Cornwall, a "ouvir o livro", antes de o ler. E, depois, mesmo assim, deu-me imenso trabalho. Desde então, leio sempre os le Carré em traduções. E há-as magníficas, como as do meu amigo vila-realense Francisco Agarez.

Na tarde de hoje, tendo-me baldado à praia (constou-me que estava vento e eu aproveito todos os alibis para não me confrontar com a areia), e tendo avançado no livro, deu-me para ir rever o filme com o mesmo nome. Maluqueiras de quem está em férias e pode dar-se ao luxo destes repentes da vontade. 

Há uma versão gratuita do filme na net, imaginem! Lá estava a incomparável Michelle Pfeiffer, ao lado do Sean Connery, com este a falar "à Viseu". A imagem é do que julgo ser uma sala do grupo Entreposto, com Connery a olhar Lisboa da janela. Decidi parar o filme no exato momento em que vou na leitura do livro, para não desgastar o que me resta de suspense - embora eu esteja farto de saber como aquilo vai acabar. 

Logo à noite, regresso ao livro. Amanhã, acabo o filme. Podia dar-me para pior, não é?

As minhas mesas - (3) Beira Interior


Passemos agora à Beira Interior, de onde já retirei a margem esquerda do Douro e Ervedosa do Douro, incluídos em outra lista. Da que se segue fazem parte restaurantes dos distritos de Viseu, Guarda e Castelo Branco. Há algumas localidades em falha, mas o tempo não dá para tudo, desculpem lá! 

BELMONTE
- Casa do Castelo

CASTELO BRANCO
- Ferreirinha
- O Lagar (Póvoa de Rio de Moinhos)

COVILHÃ
- Taberna A Laranjinha

FOZ COA
- Preguiça

FUNDÃO
- Mário

GOUVEIA
- Lá em Casa
- Albertino (Folgosinho)

GUARDA
- Colmeia

LAMEGO
- Manjar do Douro
- Casa Filipe

LINHARES DA BEIRA
- Cova da Loba

MANTEIGAS
- Restaurante São Lourenço

MARIALVA 
- Casas do Côro

OLEIROS
- Adega dos Apalaches

PINHEL
- Entre Portas

SEIA
- Museu do Pão

TAROUCA
- Tasquinha do Matias (Ucanha)

TONDELA
- Três Pipos

TRANCOSO
- Retiro do Castiço

VALHELHAS
- Vallecula

VISEU
- DeRaiz (Rebordinho)
- Cantinho do Tito

O português

Há o português suave e há o português mesquinho. O português suave é o patriota simplório que se delicia com o facto dos estrangeiros gostarem daquilo que fazemos, da Expo ao Euro, passando agora pelas Jornadas. O português mesquinho é aquele que, a partir de hoje, vai dizer "se houve Metro a horas para quem veio de fora, era só o que faltava que agora não passasse a haver também para nós". O português suave deu, com inocente generosidade, o benefício da dúvida aos gastos das Jornadas, ou porque o Marcelo os tinha abençoado, ou porque o governo de que gosta tinha decidido abrir os cordões à bolsa, ou porque o Moedas em quem votou também esteve empenhado nisso. O português mesquinho, para quem qualquer êxito nacional é um irritante a menos no processo de densificação do mal-estar público que está na sua agenda ácida de vida, não deve tardar muito, vai pedir uma CPI para os ajustes diretos e clamar que "se houve dinheiro para o altar, tem de haver para a saúde". O português suave e o português mesquinho são uma e a mesma pessoa, só que à vez, como as mudanças da lua e dos ciclos políticos.

domingo, agosto 06, 2023

Parabéns!

Muitos parabéns a todos quantos idealizaram, planearam, organizaram e participaram na jornada católica, desde Jorge Mario Bergoglio até ao mais simples assistente aos eventos. Se eu fosse crente, estaria radiante. Não o sendo, saúdo com sinceridade quem o é. Como português, felicito-me pelo facto de tudo ter corrido bem.

As minhas mesas - (2) Minho


No Minho come-se muito bem. Foi um "trinta e um" fazer esta lista de 31 restaurantes.

AFIFE
- Mariana

ARCO DO BAÚLHE
- Caneiro

ARCOS DE VALDEVEZ
- Costa do Vez

BARCELOS
- Turismo
- Pedra Furada (Pedra Furada)
- Bagoeira

BRAGA
- Dona Júlia
- Arcoense
- Augusta

CAMINHA
- Caminhos de Santiago

GUIMARÃES
- Florêncio (Azurém)

MELGAÇO
- Adega do Sossego (Peso)

MOREIRA DE CÓNEGOS
- São Gião
- Pirâmide do Egipto

POIARES
- Taberna Afonso

PONTE DA BARCA
- Moinho

PONTE DE LIMA
- Carvalheira (Fornelos)
- Bocados (Arca)
- Açude

PÓVOA DE LANHOSO
- Victor (São João de Rei)

PÓVOA DE VARZIM
- Petisqueira Barca

SANTA MARIA DO BOURO
- Restaurante da Pousada

SANTA MARTA DE PORTUZELO
- Camelo

SOAJO
- Espigueiro

TERRAS DE BOURO
- Abocanhado (Brufe)

VIANA DO CASTELO
- Tasquinha da Linda
- Casa d'Armas
- Laranjeira

VIEIRA DO MINHO
- Retiro da Cabreira

VILA NOVA DE CERVEIRA
- Casa das Velhas

VILA VERDE
- Torres

sábado, agosto 05, 2023

Todi...

Estou a estranhar que os defensores do "todes" estejam tão calados, depois do "todos, todos, todos" do papa.

As minhas mesas. (1) Trás-os-Montes e Alto Douro


A abrir


A pedido de amigos, aqui deixarei, neste e em próximos dias, divididas por regiões, listas de restaurantes de cozinha tradicional portuguesa que me ocorrem à memória, quando me apetece comer bem. 

Quase todos são mesas de comida "auto-explicativa", isto é, locais em que, em princípio, não haverá o risco de verem surgir junto da mesa alguém, a montante da primeira garfada, a desconstruir descritivamente a elaboração dos pratos. Estamos portanto longe das casas de "fine dining" ou de cozinha contemporânea. Isso não significa, contudo, que se trate sempre de restaurantes economicamente acessíveis.

Não faço ideia se algum dos restaurantes que vou referir está agora fechado para férias. Por isso, recomendo que vão ao Google, descubram o telefone e reservem - sempre! Também não garanto que, desde a minha última visita ou de nota de atualização recebida de amigos de confiança, o pessoal de alguma cozinha não possa entretanto ter mudado ou algum dono possa ter passado a casa "a patacos". 

Por tudo isso, esta despretensiosa lista vale o que vale. Tanto mais que me não considero um "gourmet", mas apenas alguém que se esforça por atualizar o seu conhecimento sobre o país gastronómico. Admito assim, sem o menor problema, poder estar enganado em algumas das minhas escolhas, lamentando também falhar a referência a outras casas, que possam ter um maior mérito relativo. Mas, repito, esta é a minha escolha, feita com uma assumida subjetividade.

Finalmente, a geografia. Começarei de Norte para Sul, deixando contudo para o fim os restaurantes do Porto e Lisboa, bem com as suas áreas adjacentes. Não irei referir nenhum restaurante da Madeira ou dos Açores, porque não disponho de um conhecimento atualizado dessas regiões. Igualmente, e imagino que para surpresa de muitos, pouco direi do Algarve, onde me desloco muito raramente e que, em termos literais, "não é a minha praia". Em cada localidade onde surja referido mais do que um restaurante, a ordem é a da minha preferência decrescente.

Comecemos então com 23 escolhas em

Trás-os-Montes e Alto Douro

ALIJÓ
- Cepa Torta

BOTICAS
- Rio Beça

BRAGANÇA
- Geadas
- Abel (Gimonde)
- Javali (Estrada do Portelo)

CHAVES
- Carvalho
- Talha
- Aprígio

ERVEDOSA DO DOURO
- Toca da Raposa

ESTRADA RÉGUA-PINHÃO
- DOC (Folgosa)
- Quinta do Tedo (Vila Seca)

MACEDO DE CAVALEIROS
- Brasa

MIRANDELA
- Flor de Sal
- Maria Rita (Romeu)

MOGADOURO
- Lareira

PINHÃO
- Cozinha da Clara (Quinta de La Rosa)

RÉGUA
- Castas e Pratos

TORRE DE MONCORVO
- Taberna do Carró

VALPAÇOS 
- Dona Adelaide

VILA POUCA DE AGUIAR
- Costa do Sol

VILA REAL
- Lameirão
- Chaxoila
- Cais da Vila


Amen

Os comentários negativos da extrema-direita sobre a jornada católica, bem como sobre a figura do papa, podem acabar por lhes sair caros. Dado o bom acolhimento que as Jornadas estão a ter, tais críticas vão em rumo abertamente contrário ao sentimento conservador dominante.

sexta-feira, agosto 04, 2023

Hipocrisia

Muitos dos que sorriem e aplaudem tudo quanto o papa diz - sobre a guerra e as negociações, sobre as responsabilidades da Europa, sobre o armamentismo, sobre a necessidade de um mundo mais equilibrado, sobre o capitalismo, sobre as migrações, sobre os refugiados - estão, no fundo, a borrifar-se, por completo, para o sentido real das suas mensagens.

Passando a coisas sérias


Vamos então falar de quatro restaurantes recentemente visitados.

Comecemos pelo "Galito", em Lisboa, perto do Colombo. Para quem não saiba, o "Galito" é o único restaurante lisboeta que apresenta um menu exclusivamente alentejano. Claro que os excelentes "Salsa & Coentros" e "Magano", respetivamente em Alvalade e Campo de Ourique, têm belos pratos alentejanos. Como também acontece com o "Colunas", na Amadora, e com o "Zé Varunca", em Paço d'Arcos. Mas, totalmente alentejano, só o "Galito", onde o Henrique nos procura compensar a saudade que todos temos da Senhora sua Mãe, a Dona Gertrudes, que recordo nos vinha perguntar gentilmente à mesa, nas duas geografias anteriores do restaurante, se estava tudo bem. Uma vez mais, na visita de há dias, estava tudo bem por ali, salvo a "tragédia" conjuntural da falta das ameixas de Elvas, um pormaior de abastecimento que afeta o acompanhamento da sericaia, crise para a qual o Apolino, no "Tomba Lobos", em Portalegre, me tinha já alertado, há semanas.

Passemos ao "Geographia", a mesa mais próxima da minha casa, um restaurante onde vou cada vez mais, e com grande gosto, apresentando-o com prazer a amigos que ainda não conhecem este criativo espaço onde se cruzam memórias culinárias dos lugares por onde os portugueses andaram, de Cabo Verde a Timor. Situado na Lapa, na área lateral do Museu Nacional de Arte Antiga, o "Geographia" é uma iniciativa do Miguel Júdice, alma inquieta da restauração e hotelaria que hoje (se e nos) alimenta no sofisticado "Eleven" e que teve um interessante percurso restaurativo (como o "Orangerie", no Algarve), hoteleiro (como o "Infante de Sagres", no Porto) ou misto (o "Arcadas da Capela" no hotel Quinta das Lágrimas, em Coimbra). 

Mudemos de agulha geográfica. Passemos à Carrasqueira - é esse mesmo o nome - uma aldeia de pescadores a meia dúzia de quilómetros da Comporta. Com o "Retiro do Pescador" (da minha amiga Sílvia) e com o "Rola" fechados, fui ao "Gonçalves". E não é que comi muito bem, como já me não recordava de ter comido por ali, há anos?! Com um serviço simples mas eficaz, umas belas ameijoas abriram vontade para um arroz de marisco muito bom, que uso na imagem. Demorou a chegar (o que é sempre bom sinal de que está a ser feito na hora), mas valeu a pena. O preço, contudo, deslizou para números "comportáveis", isto é, próximos dos da Comporta. Parece que é a vida!

Acabo no "Grão de Bico", no complexo do Pestana, junto a Soltróia. A lista mudou, mas é equilibrada, tendo inflacionado um pouco os preços. O que foi servido era de boa qualidade e estava muito bem apresentado. O serviço foi educado e isso ficou melhor provado quando teve de aturar a nossa (compreensível) impaciência pelo facto de termos tido de esperar quase uma hora pelo que foi pedido, circunstância desagradável que constatámos que foi comum a outras mesas, de uma das quais os ocupantes acabaram por zarpar porta fora, cansados de esperar. Ao que apurámos, na cozinha havia apenas duas pessoas, manifestamente incapazes de dar vazão à mais de meia centena de clientes. Assim não dá! Não é possível manter um restaurante desta forma, coisa que os responsáveis desta casa devem aprender. E lhes deve ser dito, como deixei patente ao pessoal, alto e bom som.

Aqui ficam quatro notas, que espero possam ser de utilidade a quem por aqui me lê.

quarta-feira, agosto 02, 2023

A folga


Uma das consequências da JMJ é o encerramento temporário de alguns restaurantes de referência.

Lição

Ouvir o papa Francisco citar Saramago constituiu uma bela resposta a uma certa gente.

terça-feira, agosto 01, 2023

Shuut!

Os berros das crianças portuguesas nas piscinas e nas praias, sob a impávida surdez dos pais, ainda um dia vai ser elevado a património de incivilidade da humanidade.

Até quando?

A extrema-direita italiana entrou com "pés-de-veludo", levada ao colo pela sua postura favorável à Ucrânia, que levou os parceiros europeus a esquecerem com quem realmente lidavam. Agora, emerge a realidade. Resta saber quanto tempo o oportunismo se sobreporá à decência.

Bola

É digna de um estudo sério esta quase súbita conversão do país ao futebol feminino. Nele mereceria uma análise particular o papel desempenhado pela comunicação social.

Falando de golpes

O golpe de Estado no Niger está a dividir a África, com ameaças de intervenção externa por parte de vizinhos. E, claro, reações contrárias. Curioso é que alguns dos que agora se mostram chocados com aquele golpe de Estado chegaram ao poder através de ... golpe de Estado.

Daqui desta Lisboa


Daqui, desta Lisboa compassiva, 
Nápoles por suíços habitada, 
onde a tristeza vil e apagada
se disfarça de gente mais activa; 

daqui, deste pregão de voz antiga, 
deste traquejo feroz de motoreta 
ou do outro de gente mais selecta
que roda a quatro a nalga e a barriga; 

daqui, deste azulejo incandescente, 
da soleira de vida e piaçaba, 
da sacada suspensa no poente,
do ramudo tristolho que se apaga;

daqui, só paciência, amigos meus!
Peguem lá o soneto e vão com Deus...

(Alexandre O'Neill)

segunda-feira, julho 31, 2023

Seu Cabral


Em tempo de leituras estivais, delicio-me com um colunista do "Observador", que assina com o nome de Manuel Vilaverde Cabral. Em outros tempos, conheci um seu homónimo, quiçá um seu primo, que tinha ideias bem opostas. Que será feito dele?

Vae mortuis!

Não sabemos quem vai ganhar esta guerra. Mas sabemos quem já a perdeu: os que nela morreram.

domingo, julho 30, 2023

Olá, ERC!

Abre-se um "newsmagazine" de grande expansão e lá estão elas, as páginas de publicidade paga, em forma de texto informativo, apresentadas de forma a iludir o leitor. É uma vigarice quase perfeita. A ERC não existe?

Gare

Uma fórmula curiosa, num texto de Artur Portela: "... nessa espécie de Gare do Oriente sem Calatrava que é, lá em baixo, o átrio da Fundação Gulbenkian". Bem visto!

sábado, julho 29, 2023

26

São exatamente 26 livros. O mais grosso com 924 páginas, o mais fino é um "Que sais-je?", logo, tem 128 páginas. São os livros que trouxe para duas semanas de férias. Pela experiência de anos passados, conseguirei ler quatro ou cinco, no máximo. Mas a sensação de poder escolher é um prazer que nunca dispenso.

Notícias do azedume

É minha impressão ou anda por aí um desejo, mais ou menos escondido, de que o encontro religioso de Lisboa corra mal? Se, para azar deles, correr bem, já têm um "plano B": denunciar que está tudo cheio de vigarices, ajustes diretos e coisas assim. Não seria mesmo de abrir já uma CPI?

"L' autoroute des vacances"

 


Havia um conto do Cortázar sobre isto...

João Pereira Neto


No dia 29 de abril de 1974, segunda-feira, entrei fardado no Palácio Burnay, onde funcionava o Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina.

Nesse dia, entrei com todo o à-vontade, coisa que não acontecera nos dois anos anteriores, durante os quais a portaria tinha ordens expressas para impedir o meu acesso.

Eu tinha uma "história" a resolver por ali, depois desses anos muitos complicados, que tinham mudado toda a minha vida. Nesse dia, eu ia falar com o que restava da anterior direção do Instituto, então em muito precário exercício.

Quem me recebeu foi o professor João Pereira Neto. Deu-me um abraço e disse-me uma frase que gravei: "Você tem muitas e justas razões de queixa da nossa Escola". Era verdade, toda a gente o sabia. Mas, dentro do conceito plural de "Escola", eu tinha razões concretas de queixa de muita gente, por ação ou omissão. Contudo, por esses dias, eu andava muito feliz e a última coisa que pensava era tirar qualquer desforço. Nunca o procurei, nem nunca o fiz. O meu "caso" com o ISCSPU, que haveria de perder o "U" com mais rapidez do que o país deixou se ter "possessões ultramarinas", resolver-se-ia pouco depois.

Nestes quase 50 anos, em diversos contextos, fui cruzando o professor João Pereira Neto. A nossa relação tinha sido, desde sempre e sem nenhuma exceção, marcada por uma grande cordialidade, mesmo em momentos em que, claramente, não estivemos do mesmo lado. Tive sempre Pereira Neto como uma pessoa cordata, educada e dialogante.

João Pereira Neto era visto por nós, creio que com razão, como um dos "homens do Adriano", um grupo de pessoas que acompanhou de perto aquele procurou induzir à casa um sentido de escola de Ciências Sociais. Terá sido pela mão de Adriano Moreira que Pereira Neto integrou o CDS, onde chegou a secretário-geral.

A última vez que o encontrei foi, há não muito tempo, na Sociedade de Geografia, onde tinha um lugar destacado de direção. Quis ter a amabilidade de ir ouvir-me, já não sei bem sobre quê. No final, exprimi-lhe que ficava muito grato por isso.

Não tive então o ensejo de lembrar com ele, como gostaria de ter feito, algo que me ficou na memória: as suas provas de agregação, em finais de 1968, uma discussão num júri conduzido pela figura mítica da Etnologia em Portugal, o professor Jorge Dias. Eu desconhecia, até esse dia, a "animação" que podia ser um diálogo tenso, num júri, em ambiente universitário. Pereira Neto seria, pouco tempo depois, professor catedrático.

Acabo de saber que morreu, com 88 anos.

"Então e o ... ?"

Agora, parece que anda na moda. Fala-se ou escreve-se sobre um determinado assunto e é certo e sabido que aparece logo um fabiano a dizer: ...