terça-feira, agosto 01, 2023

Falando de golpes

O golpe de Estado no Niger está a dividir a África, com ameaças de intervenção externa por parte de vizinhos. E, claro, reações contrárias. Curioso é que alguns dos que agora se mostram chocados com aquele golpe de Estado chegaram ao poder através de ... golpe de Estado.

4 comentários:

Lúcio Ferro disse...

Não sei se sabe que o grupo wagner esteve envolvido na coisa e que nas manifestações em apoio ao golpe foram surgindo bandeiras tricolores e não, não eram francesas....

Retornado disse...

A França e os ex.colonialistas perderam a vez em África.

A Europa só fez asneiras.

Nuno Figueiredo disse...

so?

Carlos Antunes disse...

Na minha opinião, que vale o que vale, o recente golpe no Níger representa o que ocorre continuadamente na região do Sahel desde 2007, uma guerra em grande escala de grupos jihadistas (Boko Haram, Al Qaeda e o Estado Islâmico), contra os 5 estados da região (Níger, Nigéria, Mali, Costa do Marfim e Burkina Faso), a que se juntaram, em 2022. o Togo e o Benin, alargando, assim, a base territorial de actuação de grupos jihadistas.
A França e os Estados Unidos foram os dois países mais empenhados na luta contra o terrorismo em África. A França lançou, desde 2013, duas grandes operações, no Mali (Operação Serval) e no Sahel (Operação Barkhane). Anteriormente, em 2002, os EUA através da Força Conjunta para o Corno da África (CJTF-HOA), tinham intervindo no Djibuti, na Somália, mas também na África Ocidental, mas em ambos os casos com fracos resultados.
O fracasso das abordagens ocidentais é simbolizado, como sucedeu agora no Níger, pela queima das bandeiras francesas e o eriçar das bandeiras russas (quando não mesmo com a expulsão do embaixador francês de Bamako em 2022), mas que no fundo representa a distância entre os países ocidentais e os déspostas governantes locais, pouco interessados em coerências políticas democráticas e, por isso, mais próximos dos aliados autocráticos, os russos militarmente (vd. intervenção do grupo Vagner nesses países) e os chineses, comercial e estrategicamente.

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