Os berros das crianças portuguesas nas piscinas e nas praias, sob a impávida surdez dos pais, ainda um dia vai ser elevado a património de incivilidade da humanidade.
Não é só em Portugal. Passou-se de um extremo ao outro. É bom ver famílias juntas e crianças a brincarem, mas tem de haver respeito pelo espaço dos outros.
Um dia destes ainda vou ler que devia haver uma barreira de som à volta dos parques infantis porque quem vai para o jardim "meditar" não consegue ter sossego.
As crianças não são cães, nem passam doenças.
No Japão são cada vez mais o hotéis onde não são admitidas crianças e isto não é avanço civilizacional. Pelo contrário!
Adiante. O que me interessa mais aqui são as onomatopeias. No outro dia discutiu-se os "false friends" nas traduções mas as onomatopeias também andam sob ataque:
- "Ei" passou a "hey" - "Pum!" passou a "Bang!" - "Ena!" passou a "wow" (ler "uââu") - "Xi!" passou a "eish" - "Eh!" passou a "Ói" - "Chiu!" passou a "shuut"
Como sou promitente bisavô, ainda que isso possa durar entre um e dez anos, devo dizer que sempre nos preocupámos que filhos e netos não berrassem nem gritassem nem em privado quanto mais em público. No entanto sempre estivemos rodeados de situações destas ainda que se tenha vindo a notar um relaxamento nas atitudes dos encarregados de "educação" em consonância com outros relaxamentos "cívicos" na vida em sociedade.
Há que reconhecer que muitas vezes as pessoas que se sentem mais incomodadas são as primeiras a defender as crianças se os pais lhes dão dois berros, tal como as que clamam pela polícia num distúrbio são as primeiras a defender os vândalos.
Não frequento há muito tempo nem praias nem piscinas por várias razões mas lembro-me que sempre foram locais propícios a estas excitações, talvez por serem mais "públicoS" que outros, ao ar livre e num regime menos formal.
Agora é em restaurantes que surgem situações pontuais de birra mas aí, por ser um espaço fechado restrito e rodeados de olhares recriminadores, acabam por ser retirados da sala até acalmarem. Mas a "AV" tem razão, não é exclusivo das crianças portuguesas.
Para evitar os "traumas" de infância vão apanhá-los todos quando começarem a trabalhar. Como sempre disse aos meus "as últimas pessoas que te chateiam porque gostam de ti somos nós, pela vida fora só te vão chatear sem gostar de ti".
Tenho um velho livro de viagens, inglês, dos finais dos anos 50. Dizia a inglesa que o escreveu que uma das coisas que lhe faziam impressão era o ar humilde e silencioso das crianças, fazendo um paralelo com crianças de outros sítios do mediterrâneo. Uma inglesa, imagine-se, da terra onde as crianças são ensinadas a terem maneiras. Ter maneiras, entenda-se, nos locais e circunstâncias onde isso se justifica, não o fazer ruido numa praia ou um parque, onde isso é suposto. Eu, quando vou a praias, se quiser estar só a ouvir as gaivotas e o som do mar, a ler o meu livro, tenho muito por onde escolher. Normalmente, gosto de ouvir sons de crianças, incluindo berros e risos e correrias. Também nunca percebi pessoas que ficam incomodadas com crianças nas outras mesas, em restaurantes. Mas não sou exemplo, porque gosto de ir a restaurantes com som geral em volta, pessoas a falar. Só me incomoda mesmo uma coisa: pessoas a falar alto ao telemóvel ao eu lado, em comboios ou outros transportes públicos. Não tanto pelo som (também), mas porque fico embaraçado a ouvir conversas intimas dos outros.
As crianças têm necessidade de dar larga á sua alegria. Ficam numa excitação tal que se esquecem do que as rodeia. As crianças começam pequeninas a estarem fechadas: O berçário, o Jardim de infância, a pré -primaria e por aí fora. É ao ar livre que elas crescem mas também faz parte do crescimento o saber estar em cada uma das situações. Para isso estão os educadores, os pais, os avós para lhes chamarem a atenção para uma melhor maneira de conviver/brincar sem ser aos gritos nem aos berros.
"pessoas a falar alto ao telemóvel " E muitas vezes em alta voz para que percebamos as respostas. Crianças não me incomodam. Incomodam-me sim cães, sobretudo os de grande porte, em lugares como esplanadas etc. Mas a Lei permite.... Zeca
8 comentários:
Acho que devia haver zonas separadas. Há adultos que não se importam. Mas há outros que penam horrores. Não têm estes direito à tranquilidade?
Não é só em Portugal.
Passou-se de um extremo ao outro.
É bom ver famílias juntas e crianças a brincarem, mas tem de haver respeito pelo espaço dos outros.
Um dia destes ainda vou ler que devia haver uma barreira de som à volta dos parques infantis porque quem vai para o jardim "meditar" não consegue ter sossego.
As crianças não são cães, nem passam doenças.
No Japão são cada vez mais o hotéis onde não são admitidas crianças e isto não é avanço civilizacional. Pelo contrário!
Adiante. O que me interessa mais aqui são as onomatopeias. No outro dia discutiu-se os "false friends" nas traduções mas as onomatopeias também andam sob ataque:
- "Ei" passou a "hey"
- "Pum!" passou a "Bang!"
- "Ena!" passou a "wow" (ler "uââu")
- "Xi!" passou a "eish"
- "Eh!" passou a "Ói"
- "Chiu!" passou a "shuut"
Como sou promitente bisavô, ainda que isso possa durar entre um e dez anos, devo dizer que sempre nos preocupámos que filhos e netos não berrassem nem gritassem nem em privado quanto mais em público.
No entanto sempre estivemos rodeados de situações destas ainda que se tenha vindo a notar um relaxamento nas atitudes dos encarregados de "educação" em consonância com outros relaxamentos "cívicos" na vida em sociedade.
Há que reconhecer que muitas vezes as pessoas que se sentem mais incomodadas são as primeiras a defender as crianças se os pais lhes dão dois berros, tal como as que clamam pela polícia num distúrbio são as primeiras a defender os vândalos.
Não frequento há muito tempo nem praias nem piscinas por várias razões mas lembro-me que sempre foram locais propícios a estas excitações, talvez por serem mais "públicoS" que outros, ao ar livre e num regime menos formal.
Agora é em restaurantes que surgem situações pontuais de birra mas aí, por ser um espaço fechado restrito e rodeados de olhares recriminadores, acabam por ser retirados da sala até acalmarem.
Mas a "AV" tem razão, não é exclusivo das crianças portuguesas.
Para evitar os "traumas" de infância vão apanhá-los todos quando começarem a trabalhar.
Como sempre disse aos meus "as últimas pessoas que te chateiam porque gostam de ti somos nós, pela vida fora só te vão chatear sem gostar de ti".
Tenho um velho livro de viagens, inglês, dos finais dos anos 50. Dizia a inglesa que o escreveu que uma das coisas que lhe faziam impressão era o ar humilde e silencioso das crianças, fazendo um paralelo com crianças de outros sítios do mediterrâneo. Uma inglesa, imagine-se, da terra onde as crianças são ensinadas a terem maneiras. Ter maneiras, entenda-se, nos locais e circunstâncias onde isso se justifica, não o fazer ruido numa praia ou um parque, onde isso é suposto. Eu, quando vou a praias, se quiser estar só a ouvir as gaivotas e o som do mar, a ler o meu livro, tenho muito por onde escolher. Normalmente, gosto de ouvir sons de crianças, incluindo berros e risos e correrias. Também nunca percebi pessoas que ficam incomodadas com crianças nas outras mesas, em restaurantes. Mas não sou exemplo, porque gosto de ir a restaurantes com som geral em volta, pessoas a falar. Só me incomoda mesmo uma coisa: pessoas a falar alto ao telemóvel ao eu lado, em comboios ou outros transportes públicos. Não tanto pelo som (também), mas porque fico embaraçado a ouvir conversas intimas dos outros.
É conhecido que piscina+crianças=barulho.
Uma frase que me fartei de repetir aos meus filhos e que agora repito aos meus netos é: gritem baixinho!
As crianças têm necessidade de dar larga á sua alegria. Ficam numa excitação tal que se esquecem do que as rodeia.
As crianças começam pequeninas a estarem fechadas: O berçário, o Jardim de infância, a pré -primaria e por aí fora. É ao ar livre que elas crescem mas também faz parte do crescimento o saber estar em cada uma das situações. Para isso estão os educadores, os pais, os avós para lhes chamarem a atenção para uma melhor maneira de conviver/brincar sem ser aos gritos nem aos berros.
"pessoas a falar alto ao telemóvel " E muitas vezes em alta voz para que percebamos as respostas.
Crianças não me incomodam. Incomodam-me sim cães, sobretudo os de grande porte, em lugares como esplanadas etc. Mas a Lei permite....
Zeca
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