Quando, nos dias que me restam de férias - e elas acabarão antes do mês acabar -, me cruzar, no norte do país, com as inevitáveis feiras medievais, com os seus terreiros de luta, prometo vir a lembrar-me das interessantes "espadeiradas" que, nos dias de hoje, andam pela caixa de comentários deste blogue.
10 comentários:
Que nunca lhe falhe a memória para os bons momentos que por aqui se passam, alguns até com características medievais!
Senhor Embaixador,
tenho pena que as respectivas Câmaras não invistam em trabalhos sérios sobre a História Local, que tanta falta faz.
Gastar dinheiro público em espectáculos pindéricos é capaz de dar alguns votos. Para a ciência, o conhecimento do país, este "folclore" indigente não acrescenta nada.
Gastar dinheiro naquilo que é essencial para o PENSAMENTO, elevando o nível de conhecimento das populações é que devia ser o objectivo das Câmaras.
Há excepções, mas são, como no domínio de conhecimento da população, a IMENSA MINORA.
É verdade, Manuel Campos. E a si que não lhe faltem dedos para muitos "relambórios vaidosos" (o que eu tenho rido à conta deste epíteto anedótico).
Francisco de Sousa Rodrigues
Há assim situações em que nunca sabemos muito bem se são para rir, se são para chorar ou para as duas.
Está um cidadão "muito quentinho" (como diria o Solnado) a teclar histórias banais do seu dia-a-dia misturadas com algumas larachas que se tenta serem bem humoradas, sabendo de experiencia feita que isso pode ter algum interesse para pessoas que, pelos motivos que sejam, não têm a possibilidade de passear pela Baixa ou serem atropeladas por uma trotinete no passeio e logo há quem nos venha verberar o que consideram a nossa estultícia.
As pessoas levam-se muito a sério, não brincam com medo de parecerem fúteis, não falam delas com medo que alguém lhes vá bater à porta amanhã a pedir dinheiro emprestado, só abordam dois ou três temas que se lhes tornaram uma segunda razão de existir (senão mesmo "second to none") com uma fúria que não admite ser contrariada porque, se o fôr, vai tudo à frente.
Quando da pandemia e das frases bonitas de que íamos ficar todos melhores, muita "pancada" levei porque fazia uma careta e acrescentava "vamos é ficar todos muito piores, muito mais egoístas e egocêntricos".
Mas o meu caro sabe mais destas coisas que nós todos juntos.
PS- Ontem apanhei aqui pelo meu "algures" um R4 de matricula JD (1985) num estado de conservação raro mas que não está à venda.
Não é que eu o comprasse mas fiquei de facto impressionado com o estado.
Claro que tinha a matricula preta com letras brancas da época.
Faz-me confusão ver carros com mais de 30/35 anos em "estado de concurso" com as matriculas mudadas para as brancas, que raio passa pelas cabeças dos proprietários ao gastarem um dinheirão a manter o carro e estragarem tudo com um pormenor que nenhuma lei obriga, antes pelo contrário.
Hmj como disse um grande autor que venero , digo o sem aspas, chama se valupi, há que haver de tudo, ok ?? Tem de haver investimento, tempo e espaço para a cultura como para o entretenimento. Não gosta ? Não ponha lá os pés
Eduardo ricardo
Há muitos, muitos anos atrás (mas não tantos que dê para chegar à Idade Média), havia um programa na TSF chamado "Bancada Central". Aquilo era uma espécie de forum de discussão sobre desporto (entenda-se, futebol), que vivia inteiramente dos telefonemas dos ouvintes. A tentar domar as feras estava um sujeito chamado Fernando Santos, um homem calmo, sereno e com o que parecia ser uma paciência inabalável - de santo! -, para aturar quem lhe telefonava. Porque era preciso muita paciência, acreditem.
Em minha casa, o "Bancada Central" era chamado "o programa dos malucos" e eu deleitava-me diariamente a ouvir aquilo. Ria-me com aquela gente: os rodeios pretensamente racionais até chegarem ao ponto (geralmente insultar alguém), a obsessão em falar de arbitragem, as insinuações de todo o tipo, os mil agradecimentos "pela oportunidade que me dá", os elogios ao moderador (uma espécie de semideus desmerecedor de qualquer crítica), os apelos de ouvintes desesperados por serem validados pelo mesmo moderador, os coices e comentários laterais, os supostos "diálogos", os tipos que liam declarações escritas uns minutos antes, os principiantes de voz nervosa que pediam muita desculpa porque era a sua "primeira vez"... Havia coisas para todos os gostos e sentidos de humor.
A TSF manteve no ar o programa durante muitos anos e o "Sr. Fernando Santos" nunca perdeu a compostura, mesmo quando lidava com gente que só queria armar bronca. Num qualquer mosteiro tibetano (cedo aos lugares comuns, aqui), devia haver uma estátua dedicada ao homem.
Como este verdadeiro espetáculo acontecia cinco dias por semana, acabou por acontecer que alguns indivíduos resolveram fazer daquilo a sua "casa", telefonando todos os dias, independentemente de qual fosse o assunto (se fosse atletismo, eles logo arranjavam forma de falar de futebol). Entre os habituais, destacavam-se três que, por começarem a fazer caixinha entre eles, acabaram por adotar o título de "Os três mosqueteiros". Um era de Matosinhos (FCP), outro parece-me que era de Queluz (SCP) e do terceiro já não me lembro (mas não era do SLB). O sujeito de Matosinhos era particularmente irritante porque tinha um estilo pretensioso: ele não falava, ele intervinha; ele encaminhava a atenção do apresentador e dos outros ouvintes para as suas anteriores "intervenções"; ele sugeria assuntos, ele pretendia mudar assuntos, ele "pronunciava-se" sobre assuntos; ele falava muito e sempre num tom de voz que tentava estabelecer superioridade sobre os outros; ele estabelecia "diálogos" com os outros "mosqueteiros"; ele tentava organizar convívios; ele defendia a honra do apresentador...
(continua...)
Conhecendo bem o "mundo" dos pequenos meios e até o das feiras medievais, não concordo com o que "hmj" diz na medida em que não é uma questão de votos e duvido que contribuam muito para isso, as prioridades das pessoas são outras na altura de escolher.
Antes de continuar relembro que trabalhei em 5 distritos diferentes deste país e, ainda que o meu gabinete-base fosse na Rua Castilho em Lisboa, durante 15 anos passei 3 ou 4 dias da semana “por fora”, dado que sempre fiz questão de estar onde estava a sede da empresa.
Para além disso tenho uma casa que digo sempre ser “algures” mas que neste momento é “aqui”.
As pessoas gostam mesmo das feiras medievais, nalguns locais é uma tradição hoje de tal maneira enraizada que, terminada uma, já estão a pensar e a fazer planos para a do ano seguinte, envolvendo todas as gerações num entusiasmo só possível de perceber quando vivido “in loco”, contado pouca gente acredita.
O comércio local tem, nessas alturas, o seu grande e muitas vezes único "boom" anual, de que tanto precisa, as mais das vezes a sua única oportunidade pois beneficia da vinda maciça de turistas, do ponto de vista comercial o Natal não existe fora dos grandes centros.
Se a isso juntarmos a agravante de que os que ficam estarem velhos, terem pensões ridiculamente baixas e precisarem do dinheiro para a farmácia (quando chega) temos aqui o pano de fundo que justifica a importância que estes eventos acabaram por ter localmente.
Aí há uns 20 anos (pelo menos) estive aí à frente de uma empresa de alguma dimensão numa zona onde a feira medieval era, é e não duvido que será o marco mais importante do ano.
Chegada essa altura era um quebra-cabeças uma empresa industrial não podia parar, a produção não funciona na base do on-off, uma fábrica não pára e re-arranca como um micro-ondas.
Fosse uma empresa de outro tipo mais valia fechá-la uma semana nessa altura, pois as pessoas metiam férias, inventavam baixas, andavam quase à batatada pela sua vez de se pirarem dali para a festa.
(Noutra empresa onde estive, noutra zona do país, era escusado programar trabalhos de fundo para a 5ª feira na época da caça).
Para terminar não percebi bem que mensagem é que o Sr. Eduardo Ricardo quis transmitir a “hmj”: “Não gosta ? Não ponha lá os pés”?
Não temos que ser todos amáveis uns para os outros (e não somos) mas não exageremos, de qualquer modo “hmj” muito provavelmente já não punha lá os pés de sua livre e expontânea vontade.
Manuel Campos, nada a acrescentar a uma análise certeira de uma pessoa de grande sensibilidade emocional e intelectual como o meu amigo.
Por aqui há bastantes R4, inclusive duas furgonetes (uma delas pertencente a uma icónica Mercearia).
Bem observada essa questão das chapas de matrícula.
Os mercados e feiras medievais também não me dizem grande coisa, mas que são um sucesso, são. Mas nem tudo é folclore, por exemplo caso de Óbidos, em cada edição há sempre a abordagem de um tema da História local numa vertente científico-pedagógica.
A mensagem q quis transmitir foi, "não gosta não ponha lá os pés "
Eduardo
Agradeço o esclarecimento.
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