domingo, junho 02, 2024

Será assim?

Os próximos tempos irão esclarecer-nos se, como alguns analistas militares aventam, a Rússia já atingiu a sua diversificação possível na utilização de armamento convencional da Ucrânia. A partir daqui, restaria a Moscovo passar ao patamar do nuclear tático. Será assim?

5 comentários:

manuel campos disse...


Tinha aqui um texto escrito às 3 da manhã, há quem tome comprimidos para dormir, eu escrevo coisas para continuar acordado.

Era para um texto lá mais abaixo mas acho que passou o "momento do remate" e aqui também não destoa, andamos sempre malheureusement à volta do mesmo.

Portanto e com sua licença, segue dentro de momentos.

manuel campos disse...

Há um problema e um problema, seja ele qual fôr, começa a ser resolvido no momento em que surge, o que exige capacidade de luta e bom senso, a pouco conduzindo as excitações infantis de quem encara o mundo que aí está como um jogo, a maior parte das vezes porque não é um jogo que vá jogar.
E falo em infantis porque são raciocínios saídos daqueles jogos de computador em que o herói morre mas tem sempre mais uma e outra vida, em que os bons ganham sempre aos maus (até porque os maus não têm sete vidas nesses jogos).
Vejo no entanto que continua a haver quem renegue os regimes totalitários na teoria (fica bem) mas bem gostasse de ter agora por aí alguns (na prática), era a maneira de proceder à rápida conscripção dos outros, dos filhos dos outros ou dos netos dos outros (conforme a idade dos outros), pois eles bem queriam também ír mas, pobres coitados, já são muito velhos para isso, o que muito os entristece.

Duvido muito que algumas vez cheguemos aí, por vezes não parece mas ainda há adultos na sala, há quem perceba que chegar aí seria um jogo sem ganhadores nem perdedores, um empate a zeros onde nem dava para ir a pénaltis (já que gostam tanto de encarar isto do conforto dos vossos sofás como mais uma boa jogatana).

É estranho (ou talvez nem por isso) que tanta gente “salte” as poucas notícias sobre o estado geral a que estão a chegar as forças armadas de um grande número de países europeus, tanto pela falta de investimento em equipamento (“Tem que se pensar nisso bem a sério”, é o que dizem há quase 900 dias) como pela dificuldade enorme de recrutamento a que se somam as não renovações de contratos (não há muitos nem muitas jovens que algum dia achem entusiasmante a ideia, uma coisa é alistar-se em tempo de paz sabendo que se pode ir à guerra um dia, outra coisa é alistar-se em tempo de guerra sabendo que se pode não chegar à paz algum dia).
A conversa de Macron e da Legião Estrangeira não conta, só quem não conhece o que é a Legião Estrangeira pode achar algum interesse nela, não vejo como é que, para além do apoio moral, possam fazer muito mais num contexto por assim dizer “mais sofisticado” (um amigo meu esteve lá uns anos, tenho todo o tipo de amigos com hábitos extravagantes).

Os EUA têm muito com que se entreter, os verdadeiros problemas deles estão do lado do Pacífico (relembro que desde o 1º mandato de Obama), estão cada vez mais com Israel e a Palestina e agora com a crescente revolta nas faculdades, já com prováveis efeitos nas próximas eleições presidenciais, é sempre lá que começam os protestos que levam às profundas mudanças naquela sociedade.
Mas o que acontece por lá é, de um modo geral, de menos fácil compreensão para nós europeus, habituados que estamos a ver tudo à luz de ideias de esquerda e de direita quando, do meu ponto de vista, nos EUA não há uma esquerda e uma direita claramente definidas quando toca aos assuntos que envolvem toda a gente, há dois partidos de idêntica matriz visto pelos olhos deste lado do oceano (Democratas e Republicanos), ainda que um seja mais desviado para esquerda e outro mais para a direita.

(continua com uma espécie de "postre")

Anónimo disse...

As recentes decisões dos EUA e Europeus sobre uso militar, efectivo, de todo armamento recebido faz com que o mandato de Putin, especificamente Putin, tenha tremido.
A recente, muito controversa, acção (teste?) militar "ucraniana" contra os sistemas de radar anti-misseis-balísticos (dois sistemas) da/na Fed. Russa, demonstra uma alteração de intenções significativa.
Resta saber se os quadros militares de Putin, a vários níveis, irão mesmo cumprir certas ordens óbviamente auto-destrutivas.
Lembremo-nos de Calígula e a sua guarda republicana. Será que estes já andam à procura de um (aparentemente) tolinho tipo Cláudio?.

manuel campos disse...


(O "postre" para quem ainda não está cheio)

“O valente soldado Chveik” é uma notável obra do “escritor, humorista, satírico, jornalista, boêmio e anarquista” checo Jaroslav Hasek, uma feroz crítica ao absurdo da guerra.
Li-o pela 1ª vez na edição dos Livros de Bolso da Europa América, uma edição que ainda tenho e só de o folhear até me encolho todo, tal o tamanho da letra, muito frequente naquelas edições (isto foi antes da tropa).
Aliás ainda hoje tenho o trauma da letra pequenina, ainda que com a idade se justifique, se ao folhear aquilo me parece ir forçar muito a vista fica lá.
Depois comprei-o passados uns anos em francês na Livre de Poche e voltei a lê-lo com evidente prazer, redescobrem-se sempre novas sensações (isto foi depois da tropa).
Finalmente aqui há uns anos comprei a edição portuguesa da colecção de clássicos do humor editados pela Tinta da China com o “patrocínio” de Ricardo Araújo Pereira (não está esgotado, não é nada caro e o título aqui é “O Bom Soldado Svejk”).
Este livro para além de ter uma letra de tamanho decente, tem os quatro volumes publicados originalmente, de um modo geral só era publicado o primeiro, é esse que eu já conhecia (o último volume ficou inacabado pelo autor mas está lá o que ele deixou escrito).
Espero ainda o voltar a ler um dia, só tem 900 páginas.

Li agora de enfiada “La carte et le territoire” de Michel Houellebecq e “Revolucion” de Arturo Perez-Reverte (ambos no original, o 2º nem está ainda em edição de cá).
Comecei a ler ontem “La fin des temps” de Haruki Murakami na edição francesa da 10/18, não encontrei o original japonês (e não me ia servir de muito).

Vou ter que reler "Soumission" agora quando fôr passar uns dias "algures", está lá e já percebi que quando o li não era a altura certa para o ler.
Michel Houellebecq, o "enfant terrible" da literatura francesa ganhou o Prix Goncourt de 2010 com “La carte et le territoire”.
O nome real dele é Michel Thomas, Houellebecq é o nome de solteira da avó que o criou.

7ze disse...

Esclarecidíssimo Senhor Embaixador:

Permita-me que avance uma outra possibilidade, mesmo conhecendo a sua ténue probabilidade de ocorrência, devido à manifesta teimosia de Putin, escaldado com o seu aparentemente único verdadeiro sucesso desta guerra, consistindo no ensinamento pós-soviético de que a guerra pode ser incluída no restante lote de actividades humanas, no que toca a uma maior eficácia e eficiência, quando entregues à iniciativa privada. Não sendo uma verdade absoluta, quando confrontada com a força anímica que proporciona a filiação em nacionalidades ou filosofias autenticamente mobilizadoras (não me parece que seja o caso da Ucrânia, pelo menos à altura do desafio que enfrenta actualmente, mas vimo-lo com a Jugoslávia de Tito contra o nazismo, ou o da Grécia contra as tropas de Mussolini, para me limitar à última Grande Guerra Mundial), também não me parece que ofereça grandes dúvidas. O pior (para Putin, obviamente) é que só percebeu metade da moral da história: a parte referente ao poder do dinheiro. Como mau aluno, continua a ter más notas e a pagar a factura. Pelos vistos carece de explicações, as quais valem obviamente muito dinheiro, mas que, dado minha especial predisposição hoje e em atenção ao blog do Excelentíssimo Senhor Embaixador, bem como em homenagem à admiração que ambos sentimos por Lavrov, ofereço especialmente de forma gratuita. A Rússia ainda não esgotou as possibilidades de utilização de armamento convencional, até por dispor de muitos arsenais obsoletos. O que parece ter esgotado é a sua capacidade de sacrifício humano (que tão eficazmente soube mobilizar o meu homónimo José há oito décadas), para uma guerra estática e estúpida de tricheiras, obsoleta há mais de um século, quando, ainda na primeira, o Capitão Erwin Rommel prenunciou a seguinte, toda feita de movimento, coisa que os italianos, com a vantagem da defensiva em altura, e com considerável vantagem numérica não conseguiram travar, nunca o tendo perdoado ao dito cujo, mesmo trocando de campo, de inimigos para aliados, entre essas duas Grandes Guerras. Mas evitando dispersar-me e continuando: para obviar ao seu problema, Putin começou a contratar mercenários. Só que, não tendo compreendido a lição Wagner na íntegra, ou melhor, em negação do erro que cometeu ao apostar nos generais e na iniciativa estatal, está a fazê-lo ao contrário, contratando carne para canhão, em vez de contratar empresários. Para além dos enormes custos políticos em relação ao prestígio da Rússia, está obviamente condenado ao insucesso, ao insistir no erro de integrar essas unidades no exército convencional, onde são vistos com desconfiança, quando não tratados com racismo. Caso tivesse contratado para uma ofensiva de Primavera os empresários certos, os mercenários adequados, dotando-os de autonomia táctica, estratégica e logística, operando através de contratos por objectivos, talvez lá para o fim do Verão pudesse passear em Kiev e as coisas até lhe saíssem mais barato. Assim, vai continuar a chumbar de ano, a passar vergonhas, a ter de ouvir bocas como estas. Espero que nunca chegue a esses saltos maiores que a perna, que Vossa Excelência insinua. Que vá estudar e fazer os trabalhos de casa, em vez dessa ingrata porfia. Não poderá dizer que não o avisaram, ou sequer que não lhe ofereceram tais possibilidades. Desculpando-me pela longura do texto, com os melhores cumprimentos me despeço, sempre a considerá-lo

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