Bela síntese do “Financial Times”, na sequência do artigo de Olaf Scholz, primeiro-ministro alemão, na “Foreign Affairs”: “Germany is a case study of a western state that made a “strategic bet” on globalisation and interdependence — and was now suffering the consequences.. It outsourced its security to the US, its export-led growth to China, and its energy needs to Russia.”
5 comentários:
Falta acrescentar que as más consequências para a Alemanha - e para a Europa em geral - foram causadas, em boa parte, por políticas dos EUA. Com efeito, foram os EUA quem sabotou (literalmente, e através das sanções) a ligação energética da Alemanha à Rússia e quem lançaram uma guerra tecnológica e comercial contra a China.
E por ser "o motor da Europa" tornou-nos a todos, uns países mais que outros por razões óbvias, os danos colaterais dessa aposta estratégica.
A questão é que todos estando enredados numa complexa teia de interesses e ligações de todos os tipos, do político ao financeiro e ao comercial, não vai ser fácil nem muito menos breve o saír deste "puxar da manta" que irá tapando e destapando as incongruências em que estamos mergulhados (*).
Antes da pandemia tinha longas conversas com um amigo meu, numa simpática e calma esplanada aqui da zona, que acabavam sempre com um de nós a despedir-se com um "vivemos tempos muito interessantes", numa de "há de passar".
Hoje em dia, com a pandemia pelo meio, que nos deixou ainda mais dependentes de situações e bens que antes nos diziam irem ser dispensáveis em breve, já nem conclusão da conversa tiramos, saem assim umas despedidas atabalhoadas.
É mesmo Olaf que se escreve, senhor embaixador.
É o fim da globalização como a conhecemos? É que, muitas vezes, só funciona de um lado, e o resultado aí está. Voltaremos ao proteccionismo e à auto-suficiência?
Comovente. Muito comovente. Quo vadis, Europa?
Ficou ali um (*) no meio da rua.
"Incongruência" parece-me uma palavra adequada porque tem os sinónimos que se seguem e qualquer deles serve a algo do que vai acontecendo:
incoerência, inadequação, impropriedade, absurdo, inconsequência, inconveniência, desarmonia, incongruidade, barbarismo, desconexão, contrassenso, insensatez.
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