segunda-feira, dezembro 12, 2022

Bolas


Lídia Paralta Gomes, uma jornalista do "Expresso" cujo nome li hoje pela primeira vez, escreveu há pouco, em modo sinédoque, este "filme" do Euro que ganhámos: "Moutinho ganha a bola, dá para William Carvalho, este, com aquela leveza que ainda hoje traz no pé, passa para Ricardo Quaresma que devolve de primeira para João Moutinho. O médio vê Éder, entrega a bola ao avançado, que ganha posição a Koscielny e remata."

Gosto destes ritmos de balanço para a glória e, por isso, e para quem tiver idade para isso, trago aqui esta bela "peça" que, há meses, o Manuel Magalhães e Silva me recordou, bem de outros tempos, talvez do Nuno Brás: "Corre Hernâni, levanta a cabeça, procura a quem dar, amortece na coxa, arma o tiro, aponta, executa e ... golo".

O "falar" do futebol é uma arte de antologia. Conseguir dizer que um jogador "chutou com o pé que tinha mais à mão" ou que, como um dia disse o clássico Alves dos Santos, "lá vai o jovem Simões, agilidade na cabeça, inteligência nos pés" são tiradas que confortam a nossa alma de eternos adeptos da "modalidade".

Há "coisas" mais bonitas do que o futebol? Há e eu já fui apresentado a algumas. Mas a arte da bola é magnífica, desculpem lá!

3 comentários:

Carlos Antunes disse...

Da memória dos dias da rádio na Emissora Nacional, recordo esta pérola da autoria do inesquecível Nuno Brás na introdução a um relato de um Guimarães-Benfica, no antigo campo da Amorosa:
«Directamente do velhinho Campo da Amorosa e à sombra do vetusto Castelo de Guimarães, multidão enorme para assistir a este Guimarães-Benfica. O quarto elemento da teoria de Einstein apresenta-se hoje de muito bom aspecto, estando assim garantidas todas as condições para a disputa de uma grande partida».
Só o inolvidável Nuno Brás se lembraria de comparar o estado do tempo (temperatura) com o tempo (dimensão temporal de Einstein)!!!
Caro Embaixador, tem toda a razão: O "falar" do futebol é uma arte de antologia.

manuel campos disse...


Logo no princípio do uso do "replay" nas transmissões de futebol na TV, lembro-me muitas vezes dessa figura nacional que foi Alves do Santos que, num momento de grande excitação - que não era bem o estilo dele - pois alguém tinha acabado de marcar um belo golo, não se deu conta do "R" que então aparecia num canto superior do ecrã e redobrou de emoção porque tinha sido marcado novo golo "a papel químico", o que foi repetindo até alguém o avisar.

Não resisto no entanto a deixar aqui uma ligação para "As 50 Melhores Frases de Gabriel Alves":

https://www.online24.pt/as-melhores-frases-de-gabriel-alves/

No fim do texto estão lá outras ligações sujeitas ao mesmo tema.

João Cabral disse...

O lendário Gabriel Alves merece sem dúvida referência.

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...