quarta-feira, dezembro 14, 2022

Português de lá

O português que se fala no Brasil tem uma criatividade única. Chamar “revogaço” a um conjunto forte de medidas revogatórias de decisões anteriormente tomadas é uma extraordinária “trouvaille” semântica.

11 comentários:

João Cabral disse...

Nada tem de extraordinário, senhor embaixador, é como um golaço no Maracanaço...

manuel campos disse...


O que se escreve por cá também é muito criativo.
Acabo de ler no "semanário dos semanários" isto a abrir uma frase: " A queda abruta de água...".
Suponho que queriam dizer "à bruta".

carlos cardoso disse...

Não será a forma como os que usam o “aborto ortográfico” escrevem abrupta?

manuel campos disse...


Carlos Cardoso

Será mais a forma como os que não sabem escrever nem com AO nem sem AO...

Mas "abruta" existe e aplica-se a muita desta gente que não ajuda nada nem ninguém a saber escrever.
Abrutar significa embrutecer e embrutecer é perder a capacidade de refletir sobre as coisas.

José disse...

Informa-se as pessoas que sofrem com o "aborto ortográfico" que os nomes e apelidos se escrevem com a primeira letra maiúscula. Assim é desde sempre.

Quanto a "abruPto", leva "p" COM ou SEM Acordo Ortográfico.

Carlos Antunes disse...

“Abrupto” (por sinal o nome dado pelo Pacheco Pereira ao seu blog), vem do latim “abruptus – a – um”, quer dizer, repentino, súbito, inesperado, inopinado.
Não tem nada a ver com “abruta” que vem do verbo “abrutar” que significa ganhar ou adquirir maneiras e/ou comportamentos de bruto, tonar-se rude, embrutecer ou embrutecer-se, abrutalhar.

José disse...

Lembro-me de, uma vez, ver escrito "pato com o Diabo".

A verdade é que, quando passaram na TV o "Pato com laranja", aquilo foi um inferno!

manuel campos disse...


Ah, a insustentável leveza da ironia e por isso tantas vezes desperdiçada...

João Cabral disse...

Essas eliminações indevidas de consoantes mediais aumentaram exponencialmente com o AO90. São hipercorrecções estimuladas pelo próprio AO90 na sua voragem "simplificadora". É um instrumento que criou mais dúvidas do que certezas nas pessoas e só causa problemas, mas os seus ferrenhos apoiantes preferem fechar os olhos e alegar que é alheio a tudo isso.

Francisco Seixas da Costa disse...

Eliminei, sem querer, um comentário interessante de alguém que falava do Acordo e dos seus netos. Lamento o lapso e convido a uma reedição do texto

Anónimo disse...


Dr. Seixas da Costa

Agradeço a sua intenção e o seu cuidado, são coisas que acontecem.
Não guardei o texto (escrevo diretamente e depressa) e, como é possível imaginar, agora dificilmente voltaria a dar-lhe todas as conotações que nele tinha incluído, não por acaso como imagina.
Vou procurar não me esquecer de guardar textos que sejam mais longos e menos fáceis de reeditar sem perderem grande parte do sentido.
Vai "Anónimo" de propósito.

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...