À volta do Telefunken lá de casa, em Vila Real, na transição dos anos 50 para 60 do século que teima em não me passar, o meu avô, o meu pai e eu, com as senhoras da família um pouco mais distantes, mas atentas, ouvíamos, com patriótica ansiedade, os relatos dos Portugal-Espanha ou Portugal-Itália que ditavam, nesse ano, o campeão europeu em hóquei em patins, modalidade onde, por uma vez, “éramos” (plural majestático da glória que estava mais à mão) bons. Perdíamos, ganhávamos, e, por uns dias, aquilo era um verdadeiro oxigénio moral. Depois, vinham os dias normais.
Amanhã, serão esses dias. Toda a vida me tenho interrogado sobre esta inevitabilidade de nos dedicarmos nervosamente ao absurdo das equipas, das cores, das pátrias. Mas tudo indica, seja lá por que for, que a vida é mesmo assim.
1 comentário:
Segundo consta, o meu padrinho de batismo atirava com os sapatos ao rádio até o partir quando Portugal perdia com Espanha (a mulher, minha madrinha, era espanhola, aquilo deviam ser guerras lá deles).
Amanhã já passou.
Enviar um comentário