terça-feira, junho 18, 2024

Inveja

A notícia do dia é o salário (mais "alcavalas") que António Costa pode vir a receber se acaso vier a ser escolhido para presidente do Conselho Europeu. O número, redondo e rechonchudo, é mostrado para provocar choque, para motivar o tão lusitano "lá estão eles a alambazar-se!".

O cidadão que espuma de raiva ao olhar aqueles títulos de tablóide tem todo o direito de se preocupar com o salário que a si próprio lhe pagam, a interrogar-se sobre se está a ser adequadamente recompensado, em face daquilo que produz e das qualificações e da experiência que possui, da dedicação que oferece ao seu empregador. Isso sim, são questões legítimas, que o devem mobilizar, quiçá a reivindicar, da luta sindical à greve. Mas não: esse tipo de cidadão adora passar o tempo a olhar para "o lado", para o "quintal do vizinho", vivendo indignado com a sorte dos outros, com as pessoas que ganham mais do que ele ou que tiveram um destino melhor do que o seu.

A inveja é, dos sentimentos humanos, um dos mais mesquinhos e baixos. E, afinal, dos mais comuns.

12 comentários:

João Cabral disse...

Outra questão é se o salário é merecido ou não.

Francisco Seixas da Costa disse...

E tem de haver questão?

João Cabral disse...

E porque não há-de haver, senhor embaixador? Afinal de contas, somos nós, cidadãos, que pagamos esses salários.

Francisco Seixas da Costa disse...

Eu falei do caso de António Costa apenas como exemplo recente. A inveja tanto existe quanto aos lugares públicos como face aos privados. Todo o pretexto é bom para contestar salário elevados. Como dizia Olaf Palme, temos de acabar com os pobres, não temos de acabar com os ricos. A mim, interessa-me pouco que haja alguns, poucos, a ganhar muito - mesmo que muito - dinheiro. O que me custa é que haja tantos a ganhar tão pouco.

David Caldeira disse...

O valor do salário é do conhecimento público. E podemos discutir se é muito ou pouco. Mas não venham com tretas: o que se quer mesmo é chafurdar e tentar colar António Costa a uma seita de comilões. Já é este o vencimento do atual presidente do conselho também pago com o dinheiro dos impostos pagos por alguém. Mas isso nunca foi notícia. Porquê? Não nos tomem por parvos.

João Cabral disse...

Nesse ponto, estamos inteiramente de acordo, senhor embaixador.

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

A inveja tem origem nas fantasias de luta pelo poder da criança muito pequena antes de interiorizar uma coisa chamada amor, nomeadamente quando começa a integrar a experiências gratificantes e frustrantes num "continuum" e a interiorizar que as mesmas pessoas lhe podem proporcionar ambos os tipos de experiências - isto é que detêm um poder que a criança não tem.
Não dos admiremos que ela ande por aí e em força.

Carlos disse...

A verdadeira corrupção, a violação do Estado de direito habita no ministério público. Esta entidade alberga pessoas indignas que estão a usar a sua função para interferir nas funções dum governo legítimo, perseguir cidadãos com objectivos ínvios. São eles e elas os fora da lei! Nada justifica a publicidade dada as escutas da conversa entre um chefe de governo e um ministro.

afcm disse...

"Espumar de raiva" é forte e um sentimento que faz mal ao corpo e ao cérebro...

Mas e será que é legitimo que agora toda a crítica a um tal montante seja logo caracterizada com vestes tão negras lançando logo o labéu ?

Como refere, o salário deve estar em conformidade com o retorno do trabalho de quem o recebe e com as responsabilidades atinentes.

Mas então será que o valor do retorno das variadíssimas tarefas e funções que existem na nossa sociedade ( desde logo, a nível da União Europeia, mas aplicável a todo o mundo ) é assim tão diferente ou divergente ( e falo em termos económicos e em termos de utilidades para as pessoas ) que permita a décalage existente nos salários?

Nunca se produziu tanta riqueza a nível mundial como actualmente.
Essa riqueza não é apenas produzida pelos que são supimpamente pagos.

É óbvio que não estou a falar do salário futuro do Dr. António Costa.







Unknown disse...

O meu ponto não é se António Costa merece o salário mas se merece o lugar. E, na minha opinião, não merece, tanto por razões internas como extermas. Mas essa é outra questão. Depois de lá estar que ganhe o melhor salário possível.
Dito isto, não me parece que a questão dos salários se resuma a mera inveja. Também é uma questão ideológica. E para um socialista devia ser mais isso.

Anónimo disse...

Fernando Neves
E não sabem eles que é líquido

Tony disse...

Unknown. Essa é muito boa, do socialista ter de ganhar muito menos, não pelo lugar/função, mas por ideologia. Para o Sr. Charles Michel, tudo em grande! para o Sr. António Costa, (socialista), não. Nunca ninguém, que eu saiba, criticou aquelas remunerações. incluindo o Sr. das Lajes, agora que é o Costa, Ai Jesus, Socialista tem de abdicar do parte da remuneração e extras. vamos ter um pouco de tino, na cabecinha.

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