A notícia do dia é o salário (mais "alcavalas") que António Costa pode vir a receber se acaso vier a ser escolhido para presidente do Conselho Europeu. O número, redondo e rechonchudo, é mostrado para provocar choque, para motivar o tão lusitano "lá estão eles a alambazar-se!".
O cidadão que espuma de raiva ao olhar aqueles títulos de tablóide tem todo o direito de se preocupar com o salário que a si próprio lhe pagam, a interrogar-se sobre se está a ser adequadamente recompensado, em face daquilo que produz e das qualificações e da experiência que possui, da dedicação que oferece ao seu empregador. Isso sim, são questões legítimas, que o devem mobilizar, quiçá a reivindicar, da luta sindical à greve. Mas não: esse tipo de cidadão adora passar o tempo a olhar para "o lado", para o "quintal do vizinho", vivendo indignado com a sorte dos outros, com as pessoas que ganham mais do que ele ou que tiveram um destino melhor do que o seu.
A inveja é, dos sentimentos humanos, um dos mais mesquinhos e baixos. E, afinal, dos mais comuns.
12 comentários:
Outra questão é se o salário é merecido ou não.
E tem de haver questão?
E porque não há-de haver, senhor embaixador? Afinal de contas, somos nós, cidadãos, que pagamos esses salários.
Eu falei do caso de António Costa apenas como exemplo recente. A inveja tanto existe quanto aos lugares públicos como face aos privados. Todo o pretexto é bom para contestar salário elevados. Como dizia Olaf Palme, temos de acabar com os pobres, não temos de acabar com os ricos. A mim, interessa-me pouco que haja alguns, poucos, a ganhar muito - mesmo que muito - dinheiro. O que me custa é que haja tantos a ganhar tão pouco.
O valor do salário é do conhecimento público. E podemos discutir se é muito ou pouco. Mas não venham com tretas: o que se quer mesmo é chafurdar e tentar colar António Costa a uma seita de comilões. Já é este o vencimento do atual presidente do conselho também pago com o dinheiro dos impostos pagos por alguém. Mas isso nunca foi notícia. Porquê? Não nos tomem por parvos.
Nesse ponto, estamos inteiramente de acordo, senhor embaixador.
A inveja tem origem nas fantasias de luta pelo poder da criança muito pequena antes de interiorizar uma coisa chamada amor, nomeadamente quando começa a integrar a experiências gratificantes e frustrantes num "continuum" e a interiorizar que as mesmas pessoas lhe podem proporcionar ambos os tipos de experiências - isto é que detêm um poder que a criança não tem.
Não dos admiremos que ela ande por aí e em força.
A verdadeira corrupção, a violação do Estado de direito habita no ministério público. Esta entidade alberga pessoas indignas que estão a usar a sua função para interferir nas funções dum governo legítimo, perseguir cidadãos com objectivos ínvios. São eles e elas os fora da lei! Nada justifica a publicidade dada as escutas da conversa entre um chefe de governo e um ministro.
"Espumar de raiva" é forte e um sentimento que faz mal ao corpo e ao cérebro...
Mas e será que é legitimo que agora toda a crítica a um tal montante seja logo caracterizada com vestes tão negras lançando logo o labéu ?
Como refere, o salário deve estar em conformidade com o retorno do trabalho de quem o recebe e com as responsabilidades atinentes.
Mas então será que o valor do retorno das variadíssimas tarefas e funções que existem na nossa sociedade ( desde logo, a nível da União Europeia, mas aplicável a todo o mundo ) é assim tão diferente ou divergente ( e falo em termos económicos e em termos de utilidades para as pessoas ) que permita a décalage existente nos salários?
Nunca se produziu tanta riqueza a nível mundial como actualmente.
Essa riqueza não é apenas produzida pelos que são supimpamente pagos.
É óbvio que não estou a falar do salário futuro do Dr. António Costa.
O meu ponto não é se António Costa merece o salário mas se merece o lugar. E, na minha opinião, não merece, tanto por razões internas como extermas. Mas essa é outra questão. Depois de lá estar que ganhe o melhor salário possível.
Dito isto, não me parece que a questão dos salários se resuma a mera inveja. Também é uma questão ideológica. E para um socialista devia ser mais isso.
Fernando Neves
E não sabem eles que é líquido
Unknown. Essa é muito boa, do socialista ter de ganhar muito menos, não pelo lugar/função, mas por ideologia. Para o Sr. Charles Michel, tudo em grande! para o Sr. António Costa, (socialista), não. Nunca ninguém, que eu saiba, criticou aquelas remunerações. incluindo o Sr. das Lajes, agora que é o Costa, Ai Jesus, Socialista tem de abdicar do parte da remuneração e extras. vamos ter um pouco de tino, na cabecinha.
Enviar um comentário