Foram sete, contei-os bem, os livros que me apetecia comprar e não comprei, na passagem, depois do almoço, nas livrarias Bertrand, FNAC e Férin. Porquê? Nem consigo tempo para ler as resmas que tenho em atraso cá por casa, quanto mais juntar-lhes novos parceiros. “Que ferro!”, diria o Eça.
8 comentários:
Acabado o espaço em Lisboa, comprei e recuperei uma casa meio abandonada, no interior do país, há uns anitos valentes e comecei a levar para lá livros, CD e DVD que já não cabiam aqui (sendo de Lisboa há gerações passámos a ter também direito a dizer que "vamos à terra").
Assim foi e ficámos ali por sítios onde se come e bebe bem nos intervalos de gozar a vista de montes e vales.
É preciso viver numa "zona histórica" da capital há décadas (seja lá isso o que for para quem não vive numa) para dar valor àquela calmaria nestes tempos de "turismo de massas", ainda que os turistas que por aqui andam o dia todo não me pareçam ter muita "massa".
Claro que mandei fazer uma boa estante, para começar.
Ao fim de uns tempos já os livros estavam em duas filas, portanto tornou-se necessário outra estante igual àquela, nova estante essa que ficou depressa com duas filas.
Portanto já começámos a ocupar com estantes o outro piso mas, desta vez acho que vai aguentar mais tempo que as outras, pelas mesmas razões que aponta vimos lutando estoicamente contra essas tentações.
Agora põe-se a questão seguinte: o que é que filhos e netos, com os gostos literários e musicais deles, vão fazer àquilo tudo um dia tirando um número relativamente reduzido (face ao conjunto disponível) de livros, LP, CD e DVD?
É que ninguém hoje em dia quer nada daquilo, ocupam espaço, fazem pó, para as lojas de 2ª mão a música não é a adequada ao gosto generalizado e os filmes estão todos disponíveis algures (a FNAC já nem vende disso em loja), as pessoas acabam a desistir de os vender e muitas vezes deixam-nos lá por tuta e meia (a maior parte das vezes por tuta nenhuma) porque percebem que noutro sítio a conversa será a mesma.
Livros então nem pensar, para os alfarrabistas os venderem a 1€, 2€ ou até 5€ é porque não deram grande coisa por eles e só os foram buscar, até algumas bancas de livros na Feira da Ladra os deixam lá no chão, é melhor que os andar a carregar para a semana outra vez.
Portanto o ideal é que sejam doados um dia a quem se achar que possam ser úteis (e os queira, claro, esse é outro problema pelo que já me dei conta).
É como os olhos que comem mais do que a barriga. Ou então fica-se empanturrado e indisposto.
Costumo conter-me muito. Mas cedo algumas vezes.
A questão dos livros, como diz, é que é preciso lê-los depois de comprados. Se não, eles ficam a olhar para nós nas prateleiras. Os mais carentes, com ar triste, os mais inteligentes, de forma arrogante, os mais bem humorados, a gozarem conosco.
grande Eça!
Bela descrição do "Take Direto".
Permita-me usá-la, com a devida vénia.
Pois é um facto que tenho muitos desses três tipos, felizmente os que estão
contentes com o terem sido lidos, por vezes mais de uma vez por cada um cá em casa, são talvez o triplo desses.
Sei de pessoas que compram livros que nao leem nem vao nunca ler,so para impressionar as visitas. Conheci academicos (de Literatura)!, que apenas liam as criticas!
Meu Avo materno tinha uma biblioteca que ocupava 3 salas enormes. E a minha Avo ofertou-a a camara municipal da sua cidade natal que simplesmente os despejou nas caves...
maitemachado59
O que temo, sob toda a minha boa vontade, é precisamente o que "maitemachado59" nos conta, que para não serem os meus a desfazerem-se do que não puderem e7ou quiserem albergar (o que decerto lhes custaria), sejam outros a fazê-lo depois de lhes terem mandado uma cartita cheia de agradecimentos e elogios à nossa generosidade.
Meu Pai mandou encadernar numa conhecida livraria da Baixa de Lisboa, ali pelos anos 60, um conjunto de livros que lhe eram caros, não eram muitos, um dos meus irmãos os tem hoje.
Contava ele que lá na livraria lhe iam contando ser frequente aparecerem
pessoas respeitáveis e conhecidas dessa época a solicitarem livros encadernados "a metro", não lhes interessava que livros eram e o livreiro que os escolhesse, o que precisavam era de encher uma estante com X prateleiras de Y metros cada.
O DN publica hoje um artigo interessante:
https://www.dn.pt/edicao-do-dia/12-dez-2022/a-febre-dos-livros-adoeceu-a-inglaterra-do-seculo-xix-15467395.html
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