Senhor embaixador Para quem está longe de Lisboa e conhece as dificuldades das pequenas autarquias, chega a esboçar um leve sorriso de cinismo quando, como agora, vê um carro "afogar-se" no meio da Avenida da República, artéria estrutural da capital do país. Nas últimas cinco ou seis décadas essa artéria deve ter "sofrido" (e aqui é bem empregue o termo, ao contrário do que é tão habitual em escrevedores) umas cinco ou seis remodelações, para dar no que dá: poder morrer-se afogado no meio da dita artéria estrutural da capital do país. Depois de muitos milhões de contos e de euros - tantos que dariam para resolver milheiros problemas básicos de muitas autarquias do interior. Confesso que cada vez estou mais ferozmente indignado com o centralismo do pais e com tantos políticos pequenos. Agora mesmo, tem graça ver que o actual presidente da câmara de Lisboa, perante aquela noite estragos e desconforto vir logo, logo, atirar-nos à cara que agora é que vai resolver-se o problema das inundações com um ou dois colectores grandes, grandes (que anda, pensados há décadas) e que vão consumir mais uns milhões. Talvez que com essa tirada até tenha ganho alguns votos... E o melhor é enterrar mais algunss milhões em nova remodelação da Avenida da República. MB
Há 40 anos eu tinha um Citroen GS. O motor tinha ali uma subtileza qualquer na disposição do motor pois algo que não podia apanhar água de modo algum (não me lembro o quê, mas imagino) estava demasiado perto do chão. Assim, um belo dia que na altura não me pareceu assim tão belo, achei que aquilo nem eram 10 cms de água mas afinal eram mais de 20 cms (não foi em Lisboa). Resultado: o carro ficou logo ali no meio da rua até chegar o reboque. Na altura as coisas não funcionavam como hoje (não havia télémóveis, imaginem!), o apoio que hoje a seguradora e o ACP me dão não era linear, a hora era tardia e houve que empurrar o carro para a berma e esperar (já nem me lembro bem, mas acho que ficou lá de um dia para o outro).
Esta conversa toda vem a propósito de que me serviu de emenda, hoje vejo um lençol de água num sítio suspeito de ser mais fundo do que parece e não arrisco, ou inversão de marcha ou estacionamento até ver o que acontece a carros mais ou menos com a altura de chassis daquele em que vou. E fico espantado com a quantidade de gente que continua a arriscar, basta ver os filmes e as fotos de carros com água "pelo joelho", alguns deles muito espantados por ficarem ali "afogados". Outra situação chata são as poças de água isoladas no meio da estrada, habitualmente há um buraco por baixo, na melhor das hipóteses leva-nos o pneu, na pior leva-nos também a jante.
Por este comentário se vê bem a vida confortável que V. leva, que se gaba de fazer tudo a pé, e o respeito que tem pelos que não têm o seu tipo de vida e são a grande maioria dos que trabalham, sofrem e lutam pela vida em condições que pelos vistos nem lhe passam pela sua cabeça de egoísta. Há 6 meses que não saio de Lisboa e todos os dias vou ver um familiar muito, muito próximo e muito, muito doente, não me arrisco a faltar um dia que seja e acontecer qualquer coisa má nessa noite. Para isso ando mais uma hora de carro dentro de Lisboa, para lá e para cá, em sítios que também inundaram, podia-me ter acontecido a mim, portanto a alguém que, sem outra alternativa, anda de carro quando deve (e muito). Não costumo ser indelicado mas o mínimo que lhe desejo é que vá bugiar. O máximo que lhe desejo não seria indelicado, seria claramente malcriado.
Antigamente, antes da previsão de chuva, andavam uns funcionários camarários a retirar a terra depositada nas caixas das sargetas e ato contínuo, uma carripana a recolher essa terra. Agora não vejo nada disso. Por esse facto, digo eu, aumentou, nalgumas zonas altas, como o exemplo atras da Av. da República. Aqui bem perto de mim no acesso à Padre Cruz, quem vem do Campo Grande, num declive, por baixo de um viaduto em construção, quando chove fica uma bacia de água. Existe ali, uma única grelha de escoamento. Vieram retirar a terra para o lado e o monte da mesma por ali ficou, para voltar de onde saiu, logo que choveu de novo. Vejo muita propaganda e muito pouca ação. Mais um caso. Quando acabava um jogo de futebol, aqui no Sporting, vinha logo uma Brigada recolher o muito lixo e carro a lavar a berma. Agora, está ainda no outro dia, tudo cheio de lixo, garrafas, etc. Não é bonito, mas é como é!
A passagem de uma série de responsabilidades para as Juntas de Freguesia teve aspectos que pareciam bons (estava tudo muito centralizado na Câmara Municipal) mas que acabaram por se revelar maus (nas Juntas não existem nem os meios nem, pior ainda, as competências).
Vejo por aqui, zona turística por excelência (que eu bem o dispensava, diga-se de passagem), daquelas onde se anuncia serem "montras" da cidade, as ervas crescem junto aos prédios, as sarjetas estão atulhadas de lixo e há uns 5 anos que ninguém lava os passeios, agora escorregadios e nojentos. Entretanto a recolha do lixo normal, que pertence à C.M., é feita pontualmente todos os dias à meia-noite. A do ecoponto aqui perto de mim é mesmo uma festa, como há papel, plástico, vidro e indiferenciado, vão passando quatro camionetas diferentes com frequência, que fazem todas aquelas operações com a grua, umas às 3 da tarde engarrafando o trânsito que apita e outras às 3 da manhã acordando os de sono mais leve.
É engraçado alguns virem logo falar de alterações climáticas quando coisas destas acontecem há décadas. É a desculpa do momento para tudo, para não fazerem o que deviam e justificar o que fizeram mal feito.
10 comentários:
Senhor embaixador
Para quem está longe de Lisboa e conhece as dificuldades das pequenas autarquias, chega a esboçar um leve sorriso de cinismo quando, como agora, vê um carro "afogar-se" no meio da Avenida da República, artéria estrutural da capital do país.
Nas últimas cinco ou seis décadas essa artéria deve ter "sofrido" (e aqui é bem empregue o termo, ao contrário do que é tão habitual em escrevedores) umas cinco ou seis remodelações, para dar no que dá: poder morrer-se afogado no meio da dita artéria estrutural da capital do país. Depois de muitos milhões de contos e de euros - tantos que dariam para resolver milheiros problemas básicos de muitas autarquias do interior.
Confesso que cada vez estou mais ferozmente indignado com o centralismo do pais e com tantos políticos pequenos.
Agora mesmo, tem graça ver que o actual presidente da câmara de Lisboa, perante aquela noite estragos e desconforto vir logo, logo, atirar-nos à cara que agora é que vai resolver-se o problema das inundações com um ou dois colectores grandes, grandes (que anda, pensados há décadas) e que vão consumir mais uns milhões. Talvez que com essa tirada até tenha ganho alguns votos...
E o melhor é enterrar mais algunss milhões em nova remodelação da Avenida da República.
MB
Há 40 anos eu tinha um Citroen GS.
O motor tinha ali uma subtileza qualquer na disposição do motor pois algo que não podia apanhar água de modo algum (não me lembro o quê, mas imagino) estava demasiado perto do chão.
Assim, um belo dia que na altura não me pareceu assim tão belo, achei que aquilo nem eram 10 cms de água mas afinal eram mais de 20 cms (não foi em Lisboa).
Resultado: o carro ficou logo ali no meio da rua até chegar o reboque.
Na altura as coisas não funcionavam como hoje (não havia télémóveis, imaginem!), o apoio que hoje a seguradora e o ACP me dão não era linear, a hora era tardia e houve que empurrar o carro para a berma e esperar (já nem me lembro bem, mas acho que ficou lá de um dia para o outro).
Esta conversa toda vem a propósito de que me serviu de emenda, hoje vejo um lençol de água num sítio suspeito de ser mais fundo do que parece e não arrisco, ou inversão de marcha ou estacionamento até ver o que acontece a carros mais ou menos com a altura de chassis daquele em que vou.
E fico espantado com a quantidade de gente que continua a arriscar, basta ver os filmes e as fotos de carros com água "pelo joelho", alguns deles muito espantados por ficarem ali "afogados".
Outra situação chata são as poças de água isoladas no meio da estrada, habitualmente há um buraco por baixo, na melhor das hipóteses leva-nos o pneu, na pior leva-nos também a jante.
Impressionante!
Quem não quer ficar com o carro neste estado, que vá a pé.
Isto só acontece a quem anda de carro quando não deve.
Tivesse ficado em casa.
Ó Luís Lavoura
Por este comentário se vê bem a vida confortável que V. leva, que se gaba de fazer tudo a pé, e o respeito que tem pelos que não têm o seu tipo de vida e são a grande maioria dos que trabalham, sofrem e lutam pela vida em condições que pelos vistos nem lhe passam pela sua cabeça de egoísta.
Há 6 meses que não saio de Lisboa e todos os dias vou ver um familiar muito, muito próximo e muito, muito doente, não me arrisco a faltar um dia que seja e acontecer qualquer coisa má nessa noite.
Para isso ando mais uma hora de carro dentro de Lisboa, para lá e para cá, em sítios que também inundaram, podia-me ter acontecido a mim, portanto a alguém que, sem outra alternativa, anda de carro quando deve (e muito).
Não costumo ser indelicado mas o mínimo que lhe desejo é que vá bugiar.
O máximo que lhe desejo não seria indelicado, seria claramente malcriado.
Antigamente, antes da previsão de chuva, andavam uns funcionários camarários a retirar a terra depositada nas caixas das sargetas e ato contínuo, uma carripana a recolher essa terra. Agora não vejo nada disso. Por esse facto, digo eu, aumentou, nalgumas zonas altas, como o exemplo atras da Av. da República. Aqui bem perto de mim no acesso à Padre Cruz, quem vem do Campo Grande, num declive, por baixo de um viaduto em construção, quando chove fica uma bacia de água. Existe ali, uma única grelha de escoamento. Vieram retirar a terra para o lado e o monte da mesma por ali ficou, para voltar de onde saiu, logo que choveu de novo. Vejo muita propaganda e muito pouca ação. Mais um caso. Quando acabava um jogo de futebol, aqui no Sporting, vinha logo uma Brigada recolher o muito lixo e carro a lavar a berma. Agora, está ainda no outro dia, tudo cheio de lixo, garrafas, etc. Não é bonito, mas é como é!
A passagem de uma série de responsabilidades para as Juntas de Freguesia teve aspectos que pareciam bons (estava tudo muito centralizado na Câmara Municipal) mas que acabaram por se revelar maus (nas Juntas não existem nem os meios nem, pior ainda, as competências).
Vejo por aqui, zona turística por excelência (que eu bem o dispensava, diga-se de passagem), daquelas onde se anuncia serem "montras" da cidade, as ervas crescem junto aos prédios, as sarjetas estão atulhadas de lixo e há uns 5 anos que ninguém lava os passeios, agora escorregadios e nojentos.
Entretanto a recolha do lixo normal, que pertence à C.M., é feita pontualmente todos os dias à meia-noite.
A do ecoponto aqui perto de mim é mesmo uma festa, como há papel, plástico, vidro e indiferenciado, vão passando quatro camionetas diferentes com frequência, que fazem todas aquelas operações com a grua, umas às 3 da tarde engarrafando o trânsito que apita e outras às 3 da manhã acordando os de sono mais leve.
Snorkel, com snorkels nada disto acontecia.
Novembro de 1967, cheias em Lisboa, 700 mortos!
O pudor que alguns tem em falar do nosso passado recente !
É engraçado alguns virem logo falar de alterações climáticas quando coisas destas acontecem há décadas. É a desculpa do momento para tudo, para não fazerem o que deviam e justificar o que fizeram mal feito.
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