A senhora secretária de Estado saiu do governo, obviamente, tal como, há horas, por aqui achei que ia acontecer. Na realidade, a senhora não parece ter incumprido com nenhuma lei, mas acabou arrastada pelo “clamor popular”. De Murça ao Terreiro do Paço, este é o país que temos.
17 comentários:
"TAP: Sociedade de advogados de irmão de Marcelo esteve a negociar indemnização"
A senhora fez bem em afastar-se.
Senhor embaixador, o povo é quem mais ordena.
Vejo o Sr. Embaixador com dúvidas. Acha aceitável uma Sr.ª administradora sair de um empresa pública tutelada por determinado Ministro, receber avultada indemnização (como se tivesse sido destituída sem justa causa) e depois ir trabalhar, a convite do mesmo Ministro, para o governo, encarregada da pasta de assuntos relacionada com a empresa? Há aqui um desdobramento de personalidade, do Estado directo, por um lado e do Estado indirecto ( empresas públicas), por outro, que transforma a vida destes gestores numa alegria permanente. Sacam daqui, vão para ali. Estão ali e vão para acolá. Sempre a sacar do mesmo Patrão, que acha tudo normal.
Tal como o outro que não sabia fazer nada e foi à entrevista de emprego só para dizer que não contassem com ele, também eu venho aqui dizer que não contem comigo para achar que isto parece ser tudo pacífico e muito menos achar que foi o clamor popular (sem aspas) que a arrastou.
Se sairmos das bolhas em que nos sentimos confortáveis (e eu saio) começamos a aperceber-nos que há um incómodo generalizado a instalar-se e começo a achar contra producente falar por puro partidarismo, que já só vai convencendo os já convencidos e os que estão por tudo.
Mas como já aqui disse, foram os filhos e os seus conhecidos que me puxaram para a realidade sempre, agora são os netos a continuar esse trabalho.
E como os netos e os seus conhecidos não precisam de me dizer aquilo que eu quero ouvir para sobreviverem nas minhas boas graças...
Senhor embaixador é necessária alguma sensatez e humildade. A senhora não se demitiu, foi demitida, porque demitir-se exigiria seriedade e dignidade que, agora, se questiona…pois “à mulher de César não basta sê-lo mas também parece-lo”
Lá se vai a "ética republicana", tão ao gosto dos socialistas...
Este é um daqueles casos em que a dialéctica nos poderia levar numa interessantíssima viagem de ida e volta entre o geral e o particular, mas infelizmente não há condições para esse efeito.
De todo o modo, o locupletamento obsceno com dinheiro que é em larguíssima proveniente dos bolsos de todos nós (de uns bolsos bem mais do que de outros, verdade seja dita), ainda que através de manigâncias mais ou menos bem urdidas para que o Rossio possa caber na Betesga, não pode nem deve, deixar de nos continuar a provocar um profundíssimo asco, salvo se já estivermos absolutamente letárgicos, sintoma este que não é menos preocupante do que a opera buffa a que temos assistido por estes dias (ou serão meses?).
No "não parece..." é que está o problema. Num país decente, com transparência, não nos poríamos a adivinhar. O país que temos é este. Afinal, tinha saído por vontade própria, ou foi despedida? É que as soluções legais são distintas. Fez bem o povo em reagir à falta de transparência. Mal vai um país em que um governo sobranceiro não reaja ao "clamor popular", como se estivesse a tratar de raia miúda.
A senhora, não somente não incumpriu com nenhuma lei, como fez tudo como é costume fazer no meio empresarial privado. Tudo no processo de despedimento dela é normal no Portugal empresarial.
Só que, como a generalidade do povo não tem conhecimento dessa normalidade, e como o povo está, muito justificadamente aliás, furioso com a quebra de rendimentos que está a sofrer (é a economia, estúpido!), a senhora pagou as favas.
manuel campos
"é a economia, estúpido!", diz-se nos EUA.
O povo português está a ver o seu poder de compra diminuir aceleradamente. E está-se a revoltar. Em todas as situações similares ocorridas ao longo dos últimos 50 anos (incluindo no 25 de Abril), o governo caiu. Veremos se este se aguenta, cada vez tenho mais dúvidas.
Luis Lavoura, na atividade empresarial normal apenas recebe indemnização quem sai da empresa por iniciativa do empregador. Basicamente é isto. No caso, houve um acordo de saída que beneficiou ambas as partes. Foi uma solução inteligente, sim senhor. Mas apenas possível pelo facto de a TAP ser participada pelo Estado. Ou seja, não há problema de dinheiro. A atividade empresarial normal não é isto. Se estou a ver mal a coisa, tem de me dar o desconto porque sou de Murça.
Luis Lavoura
Lá ía estragando todo o meu simpático e cordial apoio de ontem outra vez.
Safou-se no comentário das 10.05 mas não no das 10.03.
O que diz sobre o despedimento no meio empresarial pode (repito, pode, há circunstâncias) acontecer com os "trabalhadores por conta de outrem" mas não com os "órgãos sociais", nunca com os "órgãos sociais" a quem a lei não reconhece (bem e por razões óbvias) o mesmo estatuto.
Portanto o que acontece com estes últimos está nas mãos de uma Assembleia Geral de Accionistas (ou de "Obrigacionistas", por vezes) porque foram estes que os elegeram para o mandato e portanto só estes os podem mandar embora a meio do mandato ou substitui-los no fim do mandato.
As decisões sobre o futuro pessoal e pecuniário de cada um serem decididas inter-pares sem o patrão saber o que lhe está a acontecer ao dinheiro?
Quando se é director da empresa e se é eleito administrador (como parece ter sido o caso), ao renunciar ou ser substituido como administrador volta-se ao lugar de base na empresa (com as compensações legais que tiverem - ou não- lugar).
Se então se quiser chegar a um acordo de rescisão amigável é neste lugar, aí já dialoga com a administração porque é um "trabalhador" (estatuto que esteve suspenso enquanto foi administrador).
Portanto acho que o meu caro Lavoura está como a generalidade do povo e não tem conhecimento dessa normalidade porque só conhece casos de trabalhadores por conta de outrém.
Já agora, a senhora não pagou "favas" nenhumas. Recebeu uma pipa de massa. Digo eu, que sou de Murça e tenho invejas mesquinhas.
"It's the economy, stupid" é frase de James Carville, estratega de Bill Clinton na campanha de 1992.
Não vai acontecer nada e, como votante PS (desde 1969, já contei) isto é preocupante para mim, preocupado com os filhos na casa dos 50 e que já não têm muitas saídas, nada preocupado com os netos na casa dos 20 e que empurrámos para caminhos que têm saída em qualquer parte do mundo.
Basta olhar para quem é a grande massa dos votantes no PS para perceber que daqui a 10 ou no máximo 15 anos já não estão cá (eu sou um deles) e continua tudo a assobiar para o lado num muito português "não vai haver azar" como se o mundo voltasse alguma vez a ser o mesmo daqui para a frente para as expectativas e os bolsos da enorme maioria, com um cocktail de situações como as que aí estão para ficar, cada uma mais "entusiasmante" que a anterior.
A sensação com que fico é que há um certo tipo de pessoas - muito doutas, muito cheias de princípios, muito "democráticas" -, para quem casos como estes só têm um problema: dão má imprensa.
A ética que se lixe
A moral que se fornique
Não é de estranhar que no mesmo meio político tenha havido tentativas de pôr a pata na imprensa (também aqui, o problema foi essas tentativas terem sido expostas). É que os jornalistas, quando não são do clube, são uns chatos de primeira!
Na sequência do que escrevi por aí e nomeadamente às 12.13 venho informar o Luís Lavoura que a rescisão amigável como "trabalhadora por conta de outrém" do seu lugar de "directora" foi de 56500€, um valor que me parece perfeitamente normal e que era o único que o CA podia decidir sózinho, na minha opinião.
Quanto ao resto da verba e como também já escrevi, a mim não me parece nada dado que o processo todo está cheio de irregularidades (que não são necessáriamente ilegalidades).
Mas como se sabe é vulgar os autarcas irem parar ao tribunal, enviados lá por entidades de supervisão oficiais, devido a irregularidades que nunca foram ilegalidades.
Aproveito para acrescentar que "gestores" é um nome genérico dado tanto a directores e chefes de serviço (trabalhadores por conta de outrem) como a administradores e gerentes (membros dos Órgãos Sociais) e quem não saiba isto não sabe o suficiente para perceber algum dia a distância enorme do ponto de vista legal que vai de uns a outros, sob variadíssimos pontos de vista.
Pedro Nuno Santos demitiu-se! 1° Ministro aceitou!
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