quarta-feira, dezembro 07, 2022

Falando de Cristiano Ronaldo


Cristiano Ronaldo é, a uma distância incomparável, o maior jogador português de todos os tempos. Com todo o respeito e imensa simpatia que me merece a figura do grande Eusébio, estamos a falar de “outro campeonato”. 

Cristiano Ronaldo tem disputado com Lionel Messi o título do melhor jogador do futebol contemporâneo. Eu, confesso, sempre hesito em escolher entre eles.

Cristiano Ronaldo está, a meu ver, entre os dez maiores jogadores de futebol de todos os tempos, num grupo onde, para mim, estão Messi, Maradona, Beckenbauer, Pelé, Platini, Cruijff, Di Stefano, George Best e Puskas - e talvez pudessem estar Eusébio, Bobby Charlton, Van Basten, Muller, Romário, Zidane, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e uma meia dúzia de outros mais.

Cristiano Ronaldo levou e leva o nome de Portugal pelo mundo, num sentido positivo, granjeador de um apreço e simpatia que se refletem na imagem do nosso país. Temos de agradecer-lhe por isto. Os portugueses que andam por fora sabem bem do que estou a falar.

Cristiano Ronaldo demonstrou, desde muito cedo, uma vontade de auto-superação que o tornou altamente respeitado e um exemplo mundial de profissionalismo. Além disso, não obstante alguns deslizes de comportamento, Cristiano Ronaldo soube, por muito tempo, conduzir a sua vida pessoal com um apreciável equilíbrio, o que o tornou merecedor de grande admiração. Não deve ser fácil gerir um estatuto - profissional, mediático e sócio-económico - como aquele que hoje é o seu. 

Cristiano Ronaldo tem, nos últimos tempos, dado passos e assumido atitudes que não apenas contrastam com o perfil a que nos tinha habituado como o fazem entrar, por vezes, num inesperado registo de “prima dona”. E porque esse comportamento surge, precisamente, naquele que começa a ser o óbvio início do ocaso da sua carreira, fica a sensação, talvez injusta, de que ele não está a saber lidar bem com essa fase, trágica mas inevitável, do seu tempo profissional.

Porém, Cristiano Ronaldo, por tudo aquilo que foi, pelas alegrias que deu a quem, como eu, sempre apreciou imenso o seu percurso, é merecedor da nossa eterna admiração. E merece mais: merece que esse seu passado seja protegido e preservado de tudo quanto, de menos bom, o seu presente ou futuro possam vir a trazer.

12 comentários:

AV disse...

Sim, isso passa pela comunicação social deixar de comentar e interpretar os mínimos gestos de Cristiano Ronaldo. Se cruza os braços. Se olha para outro lado. Se faz um gesto com os dedos.
Cristiano Ronaldo é excepcional e único como jogador de futebol.
É também um exemplo excepcional de superação de dificuldades e de exclusão.
E de resiliência em sobreviver muito novo fora da família. E de generosidade em agregar a família.
E de inclusão na forma como contribui para associações que promovem o desporto como forma de desenvolvimento para jovens em países e circunstâncias desfavorecidas.
Espero que, pelo mínimo, este iseja o seu legado. Acredito que possa ser muito mais que isso.

Unknown disse...

Nunca apreciei muito os dotes futebolísticos de Ronaldo. Compará-lo então com Messi, é, a meu ver, uma "heresia". Além de que não simpatizo com a pessoa exageradamente egoísta, obcecado com as suas metas e com alguns comportamentos pouco empáticos, que deixaram muito a desejar. Agradeço-lhe ter levado, ainda que involuntariamente, o nome de Portugal pelo mundo, mas tenho pena que Portugal tenha precisado dessa promoção. Não posso, pois, e salvo o devido respeito, concordar com o panegírico que lhe é feito.

Anónimo disse...

Subscrevo na íntegra Senhor embaixador! Cristiano Ronaldo é a personificação do triunfo com trabalho, esforço, dedicação, disciplina…etc.etc. Um exemplo para milhares de jovens, o melhor “embaixador” que Portugal tem, levando o seu nome a todos os cantos do planeta terra. É tão especial que todos nós esquecemos que também é humano…

Anónimo disse...

Subscrevo na íntegra Senhor embaixador! Cristiano Ronaldo é a personificação do triunfo com trabalho, esforço, dedicação, disciplina…etc.etc. Um exemplo para milhares de jovens, o melhor “embaixador” que Portugal tem, levando o seu nome a todos os cantos do planeta terra. É tão especial que todos nós esquecemos que também é humano…

José disse...

Ná! Que o homem é (foi) uma máquina, disso não há dúvidas. Em boa altura me rendi às evidências (provavelmente por altura do 3-2 na Suécia). Mas, dá-lo como exemplo?... Passo.

Se eu quisesse dar um desportista como exemplo, tinha três: a Telma Monteiro, o Fernando Pimenta e a Patrícia Mamona.

A Telma é uma força da natureza, alguém que cai e se levanta ainda mais forte. Olhem para o corpo dela e percebam o trabalho que ali está. O Judo não se treina com corridas e peladinhas; é feito de massacrar o corpo suado durante horas por dia, só porque se gosta daquilo. A paga é o anonimato e, com muita sorte, uma medalha que o mundo esquece passados dois dias.

O Fernando Pimenta é o super homem! Seria uma slotmachine se delas saíssem medalhas. Treina, ganha e sorri com a ligeireza de quem acha que tudo aquilo é normal. Desconheço os métodos de treino da canoagem mas calculo que sejam desconfortáveis, sobretudo no outono/inverno.

A Patrícia Mamona é capaz de ser o exemplo mais completo (embora eu tenha um fraco pela Super Telma): grande atleta e grande estudante. A correr e a saltar está quase a formar-se em Engenharia Biomédica (algo que não deve ser para cérebros preguiçosos). Pratica ao mais alto nível mundial e consegue estudar com brio. De caminho ainda nos derrete com aquele jeito simpático.

Três criaturas que se entregam ao desporto indo além do comum dos mortais. Fazem-no por gosto e, apesar de serem enormes, ganham pouco e são esquecidas durante quase todo o tempo. Quando brilham, é quase por favor que as pessoas olham para elas.


Agora, o Ronaldo? Exemplo? De trabalho, sem dúvida. De superação? Admito que sim. Mas, no fim, está o quê? Um milionário mimado que rebenta fortunas em carros de luxo, encomenda filhos pela internet (é uma piada!..), é símbolo de moda para mitras, gunas e basofes (esta é mesmo a sério!), manda fazer documentários sobre si mesmo e ainda faz questão de esfregar nas trombas do mundo o seu estilo de vida? E não é só ele, é a mãe, as irmãs, a mulher, os filhos. Nesta República das Bananas arranjámos uma família real da casa de Aveiro (suprema ironia): temos o rei Ronaldo, a rainha consorte Georgina, a rainha mãe Dolores, as princesas "manas" Kátia e Elma, o príncipe herdeiro Júnior e a demais prole bizarramente nomeada. Só falta fazerem o Big Brother "Família Aveiro" (está dada a sugestão, TVI), para que não nos falte saber absolutamente nada sobre estes nossos "heróis".

Grande jogador? Absolutamente! Bom exemplo? Não me lixem!

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Totalmente de acordo com o Sr. Embaixador e com AV.
No fundo, parece que temos os que se estão a aperceber que Cristiano Ronaldo afinal é gente como a gente e não estão a gostar, pois de certo modo quando se idolatra alguém há sempre uma fantasia de partilha dessa grandiosidade e portanto uma quase usurpação das qualidades do ídolo para manutenção de uma falsa autoestima, por outro lado temos os que sempre o detestaram ou os que fingiam admiração que julgando-o efetivamente acabado do plano profissional estão a aproveitar para o "calcarem aos pés", perante questões de "lana caprina" que ninguém externo à equipa que compõe a Seleção tem nada a ver.

Tony disse...

A pessoa, a fim de preservar o meritório e brilhante passado, devia saber sair. Acho que ele próprio, mentalmente, ainda se considera com capacidades, mas a prática demonstra-lhe o contrário e lá vem a teimosia, a presunção e as más atitudes de uma autêntica "prima dona". Ele não vê, que as árvores não sobem até ao céu. Mas é a natureza humana, no seu esplendor. É pena, pois ofusca a sua brilhante carreira e sem necessidade.

Carlos Antunes disse...

Caro Embaixador
Magnífico texto sobre o Cristiano Ronaldo, principalmente no que ele representa para Portugal no Mundo.
Conjuntamente com o artigo “Em Defesa de Ronaldo” de Jorge Fonseca de Almeida (https://www.dn.pt/opiniao/em-defesa-de-ronaldo-15430785.html) são as duas mais lúcidas análises que tenho visto sobre o passado, o presente e o futuro de Cristiano Ronaldo.
Felizmente, ainda há portugueses que não padecem dessa espécie de mal português generalizado que é a inveja.
Cordiais saudações

Lúcio Ferro disse...

Pois a mim, a personagem envergonha-me há décadas e por vários motivos. Mais até, também já levei com isso, quando viajo para o estrangeiro: "É português? Ronaldo!" Regra geral, quando recebo uma dessas, só pelo meu olhar a pessoa em causa, guia turístico, pasppalho local, desliga do tópico, até que vou tendo sorte, no estrangeiro falo com poucos idiotas.

Unknown disse...

Esse argumento da inveja já está gasto. Não tenho inveja dos jactos, nem das casas, nem dos carros do Ronaldo, nem da mulher dele, nem dos dos filhos proveta, etc, etc. Não é a essas coisas que eu aspiro e creio que, comigo, milhares de portugueses também passam ao lado desses troféus. Do que tenho "inveja", sim, é daqueles que são mais inteligentes e cultos do que eu e que têm sucesso profissional em áreas do saber e da cultura. Gostava de ter uns milhões, gostava, mas dois ou três já bastavam.

manuel campos disse...


Desta vez não vou comentar grande coisa, punha-me para aqui a dissertar prós e contras o resto da tarde (porque os há sempre, apesar dos facciosos não o saberem).
Mas concordo com o que diz o "Unknown" sobre a estafada conversa da "inveja", habitualmente apoiada com referências culturais pouco imaginativas a Luís de Camões e à última palavra de "Os Lusíadas".

Pode-se ter inveja do tipo que tem um ou dois milhões no banco ou que tem um carro de 100000 €, tudo coisas que com um pouco de sorte na lotaria ou no euromilhões ou até uma herança de um tio da América podemos alcançar, só com o trabalho honesto é mais complicado.

Mas não se tem inveja do que o Ronaldo tem e merece, cada profissional pode aspirar a ganhar aquilo que alguém estiver disposto a pagar-lhe, tem sido e é o caso dele.
E não se tem inveja porque a diferença para o comum dos mortais portugueses (incluíndo os que ganham muito bem, consulte-se a PORDATA) é de tal maneira
abismal e inalcançável que não estamos a falar de todo do "mesmo mundo".

Fiz umas continhas há dias, algo que por cá pouco se faz, daí a aparecerem pessoas que ganharam umas valentes massas no Euromilhões a informar-nos que que com esse dinheiro vão acabar a casita, comprar um carrito para o filho e ír a Espanha onde nunca foram.
Pelos números que aí andavam havia aparentemente uma oferta que lhe garantia numa hora mais ou menos o equivalente ao Vencimento Médio Mensal em Portugal.
Ora repescando a conversa atrás, se alguém lho paga então é isso que ele vale e a maior parte dos portugueses também acham bem.

Falar de "inveja" neste e noutros casos semelhantes é ridículo, naquele patamar só está um número ridículo de profissionais em todo o mundo.
A "única" inveja que eu tenho dele é que o meu neto mais velho nunca tenha tido jeito nem vontade para jogar futebol, lá teimoso no que quer fazer bem é ele.
Mas são sempre muitos os chamados e sempre poucos os escolhidos.

E isto é porque, como anunciei, não ía escrever muito.

Portugalredecouvertes disse...


Considero o texto do Sr. Embaixador muito bom
no sentido de que o jogador português se insere na mundo do futebol como ele é vivido nestes anos!
Se esse mundo tem defeitos, ele não terá culpa, simplesmente responde
e com muito esforço e dedicação ao que a sociedade lhe pede e que o levou a ter-se tornado uma estrela da modalidade, e por conseguinte, "embaixador" prestigiado de Portugal
Também concordo com o José,
"Se eu quisesse dar um desportista como exemplo, tinha três: a Telma Monteiro, o Fernando Pimenta e a Patrícia Mamona...."

mas isso terá a ver com a falta de promoção, divulgação, patrocínios, notoriedade, de outros desportos que não o futebol
então baixar o nível do futebol para nivelar por baixo?
talvez fosse melhor subir a visibilidade do judo, da ginástica acrobática, da canoagem, da patinagem artística, futsal, trampolins, do hóquei, e outros… em cujos campeonatos também se destacam muitos campeões portugueses

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...