sábado, setembro 24, 2022

Conhecimentos


Numa ocasião pública, há dois dias, com imensa gente, ao cumprimentar uma senhora que conhecia, notei que outra, que estava ao seu lado, pessoa que eu nunca vira mas a quem, delicadamente, também tinha saudado, colocou uma “cara de pau”. 

Uns segundos depois, ganhou coragem e disse-me: “Vou ser desagradável, mas quero que saiba que não concordo nada com as suas ideias”. Posso imaginar que a senhora me tivesse ouvido ou lido algures. Não quis saber.

Nestas ocasiões, cada um reage ao seu jeito. A mim, saiu-me: “Ao contrário da senhora, eu não vou ser desagradável. Não vou ter a pretensão de querer conhecer as suas ideias”. 

E, com um aceno de cabeça, saí de cena e fui à procura de uma flute de champanhe, o qual, aliás, era muito bom.

8 comentários:

Anónimo disse...

Nem o Churchill diria melhor!
Mas fica-me uma dúvida. O Embaixador Seixas da Costa nunca fica mal colocado, ao longo da vida, nos episódios que conta, nos quais participou ou de que foi protagonista. Para quem costuma acompanhar o seu blog - e é o meu caso - essa circunstância é muito curiosa. É que todo o ser humano tem maus momentos, alturas em que procede mal, momentos de que tem até alguma vergonha ou de que se arrepende…

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

A isso se chama uma resposta à letra.
É com cada cromo de caderneta.

manuel campos disse...


Como já disse aqui, discordo de si em bastantes visões da política interna nacional, ainda que me situe no mesmo campo partidário.

Mas uma das razões que me trazem agora aqui todos os dias é porque, em política internacional e no caso em particular que neste momento nos afecta
mais, é uma das pouquíssimas vozes livres que nos restam.

Entre o políticamente correcto e as inevitáveis sinecuras temos de tudo e nada que nos leve a sítio algum.

Flor disse...

Com quem essa senhora se meteu....com um diplomata que por acaso "como no queriendo, queriendo" saiu com elegância.:)

Francisco Seixas da Costa disse...

Ao Anónimo das 8:44. Tem razão. De facto, nem sempre as coisas saem bem. Mas essas são para esquecer.

Tony disse...

Resposta lapidar e adequada. A Senhora foi Atrevida, deselegante e presumida, após ter sido respeitosamente saudada. Há gente para tudo. Tenho a certeza que matutando na sua brilhante resposta, a flute, caiu-lhe que nem "ginjas"!. Sr. Embaixador.

Joaquim de Freitas disse...

Magistral.

José disse...

Chama-se a isto "birra de gaja", um miserável fenómeno com o qual já tive de conviver várias vezes na minha vida estudantil, pessoal e profissional (com elevados custos emocionais e - até -, materiais).

A única coisa a fazer é ser-se direto e frontal, expondo perante os outros - sempre que possível -, as razões do comportamento da criatura.

No caso em questão, à birra junta-se uma sensação de impunidade feminina, que faz com que as opiniões sejam ditas em voz alta e na cara da vítima masculina. Afinal de contas, ela não esperava quaisquer consequências da sua falta de educação.

O outro lado do vento

Na passada semana, publiquei na "Visão", a convite da revista, um artigo com o título em epígrafe.  Agora que já saiu um novo núme...