domingo, setembro 25, 2022

Lula

Raramente alguém é feliz no regresso ao sítio onde isso aconteceu. Lula vai regressar. Vai lutar contra a regra e leva consigo uma carga de esperança a que, só por milagre, estará à altura. O mundo em que Lula teve assinalável sucesso já não existe. Precisará, desta vez, de muita sabedoria e sorte.

1 comentário:

manuel campos disse...


Há uns 20 anos tinha eu acabado de fazer dois mandatos â frente de uma empresa de alguma dimensão (mais de 400 pessoas) quando a estrutura accionista mudou e tive que dar o lugar a outro.
Não que eu não fôsse homem de confiança dos novos donos, era até bastante próximo, mas não era "o" homem de confiança.
Passados alguns tempos alguém me ligou com uma "conversa mole", algo não estava a correr bem, os quadros superiores iam-me equiparando a uma espécie de "D. Sebastião" que talvez não fôsse má ideia tirar do nevoeiro.
Claro que não voltei pelas mesmas razões que aqui expõe, tudo tinha mudado tanto que eu acabaria por ser quase de certeza uma desilusão quando ainda hoje me gabam pelo trabalho feito (incluíndo o ministro da altura, ainda há dias, num grupo de amigos comuns).
Do ponto de vista financeiro foi bastante mau para mim, mas mal de nós quando só vimos esse, tendo alguma folga não podemos arriscar-nos a acabar por saír pela porta das traseiras quando toda a gente nos tinha visto saír pela principal.

Com Lula vai ser algo como diz.
Grande parte do êxito do Brasil na altura se deveu a uma forte alta das "commodities" em que o país é rico conjugado com baixas taxas de juro que obteve nos mercados onde se financia, tendo esse "superavit" sido inteligentemente utilizado na melhoria do nível de vida das populações mais carenciadas.
Num país com outras características poderia ter aproveitado para criar algumas indústrias que trouxessem valor acrescentado àquelas exportações, aumentando assim a riqueza nacional e preparando-se para outros vôos.
Mas sou o primeiro a compreender que as pessoas têem fome hoje e há que ajudá-las já quando a miséria é grande.

Assim, e como sempre, há um risco grande de "sem muita sabedoria e sorte" não ficar na História no mesmo lugar em que agora orgulhosamente está.

"O mundo em que Lula teve assinalável sucesso já não existe", é isso mesmo.
E duvido que ele, que ainda por cima parte desgastado por tantas razões, o tenha percebido.
E se percebeu e vai "empurrado" pelas circunstâncias a que não se pode compreensívelmente furtar, é mais complicado porque não estará eventualmente muito convencido.

Ai Europa!

E se a Europa conseguisse deixar de ser um anão político e desse asas ao gigante económico que é?