Do cravo negro do Ventura (sponsorizado, podemos imaginar, pela Servilusa) ao cravo branco do Chicão do Caldas, na manhã a-preto-e-branco deste “pas de deux” da direita, qual será a verdadeira distância? O tempo o dirá!
Aqui fica este oportuno poema de Luís Filipe Castro Mendes, revisitando Pedro Homem de Mello e o seu “O Rapaz da Camisola Verde”:
“O Fado do Chicão”
De olhos nas câmaras e de olhar afoito,
jeito de marinheiro ou de soldado,
era um rapaz da direita moderna,
negra madeixa ao vento, cravo branco de lado.
Perguntei-lhe quem era e ele disse
“sou a direita e por mim vai tudo mudado”.
Pobre rapaz da direita moderna,
negra madeixa ao vento, cravo branco de lado.
Porque me assaltam turvos pensamentos?
Que queres tu mudar no nosso fado?
Diz-me rapaz da direita moderna,
negra madeixa ao vento, cravo branco de lado?
Ouvindo-me, quedou-se altivo o moço
e respondeu com o cravo branco empinado
“De vermelho tornei branco este cravo,”
negra madeixa ao vento, olhar arregalado.
Soube depois que tivera tantos votos
quantas ideias tinha apresentado.
Ai do rapaz da direita moderna,
negra madeixa ao vento, cravo branco murchado!
1 comentário:
Com um abraço ao Luís Filipe Castro Mendes, estes versinhos rafeiros e cúmplices:
A MALTOSA DE DIREITA
NÃO É MUITO DEMOCRATA:
É VER COMO SE AJEITA
À MEMÓRIA DA CHIBATA.
O CHICÃO DIZ LIBERDADE
COM NENHUMA CONVICLÃO:
O QUE ELE QUER, DE VERDADE,
É DIREITA COM TESÃO!
ELE DIZ QUE NÃO AO VENTURA,
MAS, POR DEBAIXO DA MESA,
FAZ COMO QUEM PROCURA
CUMPLICIDADE BEM TESA!
Eugénio Lisboa
Enviar um comentário