sábado, julho 20, 2019

Ponto

O grupo de trabalho criado na Assembleia da República, em 2017, para avaliar o impacto da aplicação do Acordo Ortográfico, terminou ontem sem consenso quanto à proposta de eventuais alterações a esse acordo. E o governo português já informou que não tenciona tomar qualquer iniciativa nesse sentido: “Uma das qualidades que (Portugal) tem é honrar os compromissos que assume e, portanto, cumprir os tratados e acordos que livremente subscreve, incluindo o Acordo Ortográfico de 1990”, disse ontem em Cabo Verde o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva. 

11 comentários:

João Cabral disse...

Mesmo que um tratado acabe por ser comprovadamente prejudicial para o próprio país? Pede-se, no mínimo, bom senso e juízo. No Brasil, já se discute a revogação, Angola e Moçambique nunca ratificaram, dos países africanos, só Cabo Verde aplica na prática, Guiné-Bissau e Timor-Leste não finalizaram até hoje os respectivos processos (conforme nota do próprio MNE). E Portugal? Portugal cumpre os tratados que assina... Orgulhosamente só. E isto para já não falar de, por hipótese, ter de discutir a língua na CPLP com um país que fala espanhol. Nojo.

Anónimo disse...

E andamos nisto há 28 anos!
E ainda há gente a repetir mentiras inventadas há 28 anos (a história do "cagado", por exemplo).
Marretas!

Luís Lavoura disse...

Augusto Santos Silva tem razão.
Independentemente deste ponto de vista internacional, do ponto de vista nacional seria ridículo estar a votar para trás na ortografia. O mundo faz-se progredindo, não recuando.

João Cabral disse...

Para o anónimo das 09:54:
Essa do "cagado", infelizmente não é uma invenção. Fazia parte do projecto de acordo de 1986, que abolia todos os acentos (porque a informática na altura não dispunha de acentos, era o argumento...). Perante tamanho absurdo, claro que esse projecto teve de ser alterado e desembocou no AO90. As mesmas pessoas que elaboraram as normas do "cagado" foram as mesmas que depois redigiriam o AO90. E isto, só por si, quer dizer muito sobre a adequabilidade das novas normas.

josé ricardo disse...

Ponto, vírgula. a desculpa do Santos Silva é pobre e mal amanhada. não sabia que eramos assim tão zelosos no cumprimento dos nossos contratos, internos e externos.

Anónimo disse...

João Cabral: o acordo é de 1990. Só há um acordo, o de 1990 e não contempla nenhum "cagado". Portanto, quem repete a história do "cagado" é MENTIROSA ou IGNORANTE!

João Cabral disse...

Uma lição para ministros e diplomatas:

«As palavras de circunstância de Augusto Santos Silva em Cabo Verde parecem sensatas e politicamente correctas, mas não nos dizem toda a verdade. Os tratados e acordos internacionais deveriam servir, apenas, para regular as relações entre estados soberanos. Não para impor aos cidadãos, na ordem jurídica interna, leis irrevogáveis. Como cada vez mais se vai fazendo, instituindo uma prática que mina os fundamentos dos regimes democráticos.
A democracia deve estar acima da diplomacia. A vontade popular e a sua expressão parlamentar devem prevalecer sobre as imposições de directórios políticos. As línguas pertencem aos povos que as usam, não são propriedade de políticos insensatos e ambiciosos. E decisões erradas tomadas por maiorias circunstanciais devem poder ser revertidas quando se torna evidente que causam mais prejuízos do que benefícios. [...]
Deveria servir de lição para políticos de todos os quadrantes: das piores coisas que podem fazer é criar um problema real para resolver problemas imaginários – que neste caso existiam apenas na cabeça de alguns académicos e políticos em busca de notoriedade.»
https://escolapt.wordpress.com/2019/07/21/aborto-ortografico/

Anónimo disse...

De “ fato “ não sei se este “ fato “ é adequado ...
Então não era mais lógico escrever : de “ facto “ não sei sei se este “ fato “ é adequado ...
É só um pequeno exemplo .
Sei que antigamente se escrevia farmácia com ph ... e teve lógica mudar . Mas este acordo , francamente ...

Francisco Seixas da Costa disse...

Estou certo de que o comentador das 9:56 sabe que a palavra “facto” não e alterada pelo AO. Se não sabe, fica a saber.

Anónimo disse...

Obrigada por me emendar . De facto , como não sigo o AO e continuo a escrever como aprendi em criança , às vezes já nem sei se estou a escrever correctamente . Ainda por cima odeio dar erros ortográficos , em minha casa isso não era consentido ...

João Cabral disse...

Para o anónimo das 18:24: não se preocupe, os próprios acordistas se encarregam de escrever "fato", "contato" e outras bizarrias, além de misturarem normas. Eles próprios se enterram. Escusavam era de enterrar também a língua, como bem se vê, por exemplo, no "Diário da República" após a adopção desse famigerado acordo.

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