Por detrás do conceito cumulativo austeniano, ficou muito evidente persistir por aí um mundo sinistro, de que agora começa a falar-se um pouco mais, em parte graças ao “infamous” artigo de Fátima Bonifácio. Feitas as contas, a publicação do texto acabou por ter algumas virtualidades. Desde logo, porque provocou o “outing” de um certo reacionarismo cavernícola, que logo acorreu a desculpabilizar a senhora e a colar-se-lhe à diatribe, alguns com o expectável “não, mas”, não fosse alguém confundi-los com o outro lado da barricada. E, claro, deu imenso gozo ver a hipocrisia de alguma dessa gente a levá-la a agarrar-se à liberdade de expressão como âncora argumentativa, como se fosse essa a preocupação maior de quem tem o autoritarismo como linha de vida e a democracia como mero empecilho conjuntural. Mas o mais interessante - de verdade! - foi assistir ao incómodo que o artigo de Bonifácio provocou em algumas áreas de direita que, nem por o serem, deixam de estar legitimamente preocupadas com os valores e os princípios que uma meridiana decência obriga a cultivar. Quero com isto dizer que DB, isto é, Depois de Bonifácio, confesso que acabei por ficar com muito melhor impressão de alguns setores conservadores, que se sentiram obrigados a vir a terreiro distanciar-se daquela barbaridade em forma de artigo. A tolerância é um valor global, que, em gente de bem, é transversal às ideologias.
6 comentários:
Máxima de Evelyn Beatrice Hall, erroneamente atribuída a Voltaite.
«Eu desaprovo o que dizeis, mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-lo».
Mais preocupado com as atoardas de uma Bonifácio qualquer, fico eu quando o primeiro ministro usa a cátedra da televisão para mentir despudoradamente.
https://poligrafo.sapo.pt/fact-check/costa-diz-que-a-taxa-de-juro-da-divida-portuguesa-baixou-de-4-em-2015-para-05-em-2019-verdade-ou-falsidade#vhs-mQvFFnsuAeTw7teEQd0O
O senhor embaixador não tem nada a dizer sobre o assunto?
Já não será o caso de João Miguel Tavares, basta ler o que escreveu sobre "os Zulus que não foi por acaso que dali não saiu o autor de Romeu e Julieta, ou que não foi igualmente por acaso que o IPhone não foi inventado por um português".
E, todavia, foi o homem que Marcelo PR foi buscara para o 10 de Junho (o mesmo Marcelo que quis ir à tomada de posse de Bolsonaro e que quer trazer Trump até cá, certamente para falar de Ambiente, fecho de fronteiras, entre outros tópicos em que ambos, supostamente, divergem).
Voltando a JMT, é mais um daqueles proto-fascistas que por aí navegam, nesta nossa espantosa Democracia.
a)Jorge Albuquerque
Eu cá acho que devia de haver quotas para diplomatas. Que raio! É tudo branquela? O Portugal fantástico, multirracial, multicultural, onde não há população autóctone (segundo Daniel Oliveira, somos todos roxos desde o tempo do Afonso - o Henriques, só tem diplomatas brancos?
Fará Seixas da Costa parte de uma máquina racista? Quantos embaixadores ciganos se arranjam? E pretos - perdão, negros -, não há? Todos os embaixadores junto das ex-colónias deviam ser pretos - perdão, negros -, isso é que estava correto! Quotas, já!
E qual é a parte da responsabilidade de J M . Tavares em não termos inventando o I phone?
"Desde logo, porque provocou o “outing” de um certo reacionarismo cavernícola, que logo acorreu a desculpabilizar a senhora e a colar-se-lhe à diatribe, alguns com o expectável “não, mas”, não fosse alguém confundi-los com o outro lado da barricada."
"A tolerância é um valor global, que, em gente de bem, é transversal às ideologias."
Em democracia e não numa republica democrática, em que ficamos quanto à tolerância?
Ou é tudo blá blá blá.
E....o que será hoje "gente de bem" pelos exemplos dos políticos e figuras públicas e afins??
Ou será só "gente de bem" quem possui ideologias.
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