A França com memória celebra, na data de hoje, o apelo feito há 70 anos, pela rádio, de Londres, pelo general de Gaulle, que consagrou o reerguer do seu país sob ocupação estrangeira.
Charles de Gaulle permanece uma figura política polémica, sem que isso signifique que não seja, a todos os títulos, uma figura maior da história francesa. A sua linha de ação política, de que alguns se reivindicam e de que outros se distanciam, continua a ser objeto de análise. As grandes orientações da sua política externa são regularmente evocadas e postas a par das opções contemporâneas que se abrem à França no campo internacional. No ano em que se celebram os 50 anos das independências africanas, o general é lembrado pelas decisões então tomadas nesse âmbito e pelo quadro da "françafrique" que geriu. Algumas das suas opções em matéria de política económica são hoje olhadas com curiosidade, à luz do intervencionismo que os últimos tempos acabaram por ditar. O carater espartano da sua vida e da sua postura é, frequentemente, constrastado com o dos seus sucessores no cargo.
Gostem ou não os franceses do general de Gaulle como líder político e partidário, o que parece incontestável é que, no seu apelo de há 70 anos, ele soube representar o mais profundo do sentimento da França como país. E essa memória permanecerá sempre como a marca mais prestigiante da sua imagem.