terça-feira, junho 15, 2010

"Horizons Lointains"

O debate acabou por ser um pouco mais tenso do que eu estava à espera - confesso! -, mas o visionamento do filme sobre Lisboa e a literatura portuguesa, incluído no ciclo "Horizonts Lointains", da cadeia televisiva franco-alemã Arte, baseado numa ideia dos irmãos Patrick e Olivier Poivre d'Arvor (na imagem), animou fortemente, ontem à noite, os salões da Embaixada.

O filme, de cerca de uma hora, constituiu uma visita guiada aos nossos mitos e sonhos, em conversas excelentemente conduzidas por Patrick Poivre d'Arvor com figuras da nossa cultura. Nelas se destaca uma entrevista muito interessante com António Lobo Antunes.

O filme tem a grande virtualidade de "abrir o apetite" para Lisboa e as suas novas escritas, para o Portugal cultural em rápida mutação. O público franco-alemão terá oportunidade de nos olhar um pouco para além do habitual registo de fixação na História e no cultivo de uma endémica nostalgia.

O aberto contraditório sobre o modo de representar filmicamente Portugal, no equilíbrio instável entre a tradição e a contemporaneidade, atravessou o animado debate que se seguiu ao filme, o qual mobilizou o interesse das mais de 100 pessoas presentes. No final, diga-se, fiquei com a sensação de que ninguém se importou em mergulhar em conhecidos "clichés" lusos: vinho do Porto, queijo da serra e pasteis de nata... 

4 comentários:

Helena Oneto disse...

O queijo da serra, que fez a delícia de todos, era realmente muito bom, o mesmo se pode dizer dos pasteis de nata e outros mimimos caseiros que casam, “à merveille”, com os nossos bons vinhos. O Porto esta noite excelou!

Gostei de ouvir Manoel de Oliveira falar da arte (e) da vida. Gostei da vida e das histórias e de ouvir historias da vida por alguns dos nossos melhores escritores. Gostei da sensibilidade dos olhos que filmaram a intranquilidade de Fernando Pessoa. Gostei do lindo fado que fechou uma muito agradável viagem à (nossa) História, à (minha) Lisboa, e ao nosso imaginario colectivo (passado e futuro).

Não gostei de ouvir um (nosso) ex-ministro da Cultura, que “recebia em casa” os autores do filme, fazer-lhes uma critica, “déplacée” e injusta. É caso para dizer que (por vezes) somos pobres e mal agradecidos. Valeu-nos o (nosso) Embaixador que, com a mestria que lhe é nata, salvou, lindamente, a “prata da casa”.

margarida disse...

Depois da tensão arterial, isso foi muito mau para o colesterol.
Para a próxima sugerem-se Água das Pedras, bolachas de água e sal e um queijinho fresco magro.
Antecedido de uma sessão sobre museologia nacional.
Os espíritos (e o que os sustenta) sairão muito mais serenos...

Maria Climénia Rodrigues disse...

Quem por Lisboa está, e não teve pois acesso a esse relembrar português, aconselho vivamente,porque tenho acompanhado de perto, os preparativos, a visitar a partir de 19 deste mês, uma belissima exposição,no Museu da Electricidade intitulada ...POVO..., que decerto trará algum acalento ãos nossos corações, agora que aqui,tudo ficou parado no tempo, com o acontecimento futebolistico,que abre,e fecha os nossos telejornais,e é noticia de caixa alta em todos os jornais, deixando para trás, o cada vez mais agravamento da situação que o País atravessa...

Helena Sacadura Cabral disse...

Se fosse invejosa depois dessa descrição, Senhor Embaixador, teria ficado morta da dita inveja.
Que delícia deverá ter sido...
Infelizmente, hoje, a minha vida cujo centro balançava entre Paris e Lisboa, deslocou-se para Bruxelas.
Mas espero poder, a breve trecho, fazer a triangulação e retomar o l'air de Paris!
Entretanto, Maria Climénia muito obrigada pela informação. Estarei atenta e pode crer que lá irei.
Para já, gosto imenso desse título: POVO.

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