quarta-feira, setembro 02, 2020

Trás-os-Montes no Avante




Nunca como este ano a Festa do Avante se tornou tão polémica. Tendo o debate começado por boas razões, de ordem sanitária, logo se percebeu que o argumento acabou utilizado como arma de arremesso por quantos diabolizam o PCP.

E se, na primeira questão, alguma razão se poderia reconhecer aos contestatários da festa na Atalaia, já o peditório anticomunista subsequente tresanda a áreas políticas insalubres.

Tendo um grande respeito pela luta dos comunistas contra a ditadura marcelo-salazarista, estive na primeira Festa do Avante, realizada na FIL, em Lisboa, em 1976. Depois, em 1978, voltei à festa, já então no Jamor. E, finalmente, em 1986, a uma outra edição, na Ajuda. Nunca estive no local onde o evento agora tem lugar, na Atalaia.

Mas a que propósito surge o título do artigo, perguntará o leitor? Por três razões.

Da festa no Jamor, guardo na memória uma cena passada no stand transmontano onde, naturalmente, fiz questão de ir jantar. Encontrei então por lá um velho colega de escola primária, de Vila Real, que eu sabia ser responsável do PCP local. Surpreendido com a minha presença, e suspeitando-me - e bem! - como mero "turista político", fez-me a pergunta: "Vieste cá à festa por vir ou vieste porque devias vir?". Saiu-me esta resposta: "Olha! Vim porque me apeteceu. E tu? Foste obrigado?" Não me recordo o que me respondeu.

A segunda nota transmontana prende-se com o pão da excelente padeira de Mirandela, de seu nome Seramota, que, ao que sei, todos os anos assegura uma presença comercial militante na festa comunista. No ano passado, quando, por esta altura do ano, passei por Mirandela para me abastecer do seu produto, fui informado de que a senhora estava de serviço na Atalaia.

A Festa do Avante tem ainda uma interessante nota final, bem ligada a Trás-os-Montes, terra onde as ideias comunistas nunca tiveram um acolhimento eleitoral por aí além. Foi em Tuizelo, no distrito de Bragança, que os comunistas portugueses descortinaram a dança popular que, desde os anos 80, abre e fecha os seus comícios e tempos de antena, a Carvalhesa. A música acabou por se transformar num verdadeiro segundo hino do PCP, muito pela mão de Rúben de Carvalho, uma simpática e dialogante figura, que há mais de um ano saiu da cena da vida e que, por muito tempo, foi a principal cara da Festa do Avante - e não escrevo "alma" por razões óbvias.

Todos os anos, a Festa do Avante termina com toda a gente a dançar a Carvalhesa. Só podemos esperar que, este ano, o façam em total segurança.

30 comentários:

Anónimo disse...

Não se pode utilizar o pretexto do anti-comunismo para passar uma esponja branca pelo comportamento do PCP. Aliás, na verdade, o PCP é uma força em declínio, com anti-comunismo ou sem ele, que já não acrescenta nada à sociedade portuguesa. Pelo contrário, é uma força nociva para a liberdade e para o desenvolvimento ecómnómico e social, de tal maneira que se transformou num partido conservador, diria mesmo reaccionário. Lida mal com o pluralismo de ideias e é genuinamente contra a liberdade, como se vê no apoio às ditaduras deste mundo. Não deviamos tolerar a Festa do Avante neste contexto. Lá porque lutaramm contra a ditadura (pela instalação de outra pior....) não os autoriza a terem comportamentos de risco para a nossa saúde. O Otelo também fez o 25 de Abril e o Estado teve de por cobro à sua actividade terrorista. Há limites!

Anónimo disse...

Senhor embaixador, temos que admitir que este ano esta festa do avante não faz qualquer sentido e deveria, na minha opinião, ser o próprio partido a decidir o seu cancelamento por razões óbvias! Não se entende esta decisão do partido, do governo, da DGS, enfim no mínimo poder-se-à dizer que vivemos numa partidocracia. Lamento a falta de bom senso e este país sem rumo.

Luís Lavoura disse...

dançar a Carvalhesa [...] em total segurança

Isso é impossível. Dançar é sempre uma atividade perigosa. Pode-se tropeçar, ou bater noutra pessoa, e dar uma queda. Caindo mal, pode-se partir uma perna, romper um tendão ou, até, partir uma anca e acabar por morrer.

A vida é perigosa. De todos os perigos que há na vida, a covid-19 é um dos menores.

Luís Lavoura disse...

Anónimo de 2 de setembro de 2020 às 01:00

O PCP só é "uma força nociva para a liberdade" em certas situações. Noutras situações, é uma força muito positiva para a liberdade. Nomeadamente, como neste caso, para a liberdade de dançar e de ouvir música, que é uma liberdade que faz muita falta neste momento.
Como uma vez disse Emma Goldman, uma distinta lutadora pela liberdade que não era comunista, "se não se pode dançar, então eu não quero a revolução".

José Manuel Silva disse...


Será que os milhares de peregrinos que já visitaram Fátima, nenhum estava infetado ou a fé os torna imunes?

Luís Lavoura disse...

Anónimo de 2 de setembro de 2020 às 08:22

Pelo contrário, este ano a festa do Avante! faz mais sentido que nunca, porque será a primeira vez em muitos meses que ela dará ao povo português a liberdade de fazer coisas que, infelizmente, estiveram proibidas durante largos meses.

Joaquim de Freitas disse...

Anonimo de 2 de Setembro de 2020 às 01:00:

"Pelo contrário, (o PCP)é uma força nociva para a liberdade e para o desenvolvimento ecómnómico e social"

Portugal é pobre, subdesenvolvido,atrasado,porque o PCP...

Os custos para Portugal da corrupção cifram-se em 20 mil milhões de euros por ano, mais do que o orçamento anual para a Saúde. No conjunto da UE as perdas devido à corrupção ascendem a 904 mil milhões de euros anuais.

Segundo o relatório, Portugal é o 11.º país dos 28 Estados-membros da União Europeia (UE) com a factura mais pesada da corrupção, em termos absolutos. No entanto, quando medido em percentagem do PIB, Portugal surge como 17.º país mais penalizado.

Se fosse redistribuído por toda a população portuguesa, o valor perdido para a corrupção daria 1.763 euros por ano a cada português.

Em termos de valor perdido para a corrupção, Itália é o líder destacado. Todos os anos são 237 mil milhões de euros de custos com a corrupção, o que corresponde a 13% do PIB italiano e representa 26% das perdas totais para a corrupção dos 28.

Seguem-se França, com uma perda anual de 120 mil milhões de euros, o que vale 6% do PIB gaulês, e a Alemanha, com prejuízos de 104 mil milhões, ou 4% do seu PIB.

Todos estes países são dirigidos ou são influenciados pelos partidos comunistas…

LIBERDADE

Escritores e activistas costumavam pensar que só regimes socialistas eleitos democraticamente seriam alvo de golpe de estado sistemático. Hoje as fronteiras políticas são muito mais restritivas. Apelar ao "nacionalismo económico", completamente dentro do sistema capitalista, e procurar acordos comerciais recíprocos é convidar ataques políticos selvagens, conspirações inventadas e capturas militares internas que acabam em "mudança de regime".
Embargos e taxas abusivas , golpes de estado, pressões económicas de toda a espécie minam a estabilidade do mundo.
O mundo encontra-se sob a chapa de chumbo do comunismo.

Anónimo disse...

...e as paletes de jornalistas e aprendizes de jornalistas que este ano estão a preparados para ir, como abutres, à Festa do Avante ?!!! Devem esgotar as dezasseis mil entradas...

Anónimo disse...

Anda por aí uma espécie de "normalização" do PCP que pretende fazer esquecer:

- o seu papel subversivo durante a guerra de África, com a consequente desmoralização das nossas tropas, fortalecimento do inimigo e - imagina-se -, vítimas nacionais.

- a participação essencial na definição do quadro político que levou à miserável "descolonização exemplar".

- o apoio às ditaduras dos PALOP -, contra os interesses de Portugal, dos portugueses e das vítimas africanas desses regimes.

- a defesa, ativa ou passiva, de regimes totalitários, no passado e presente!

- as nacionalizações e a destruição dos grandes grupos económicos/industriais nacionais.

- a instrumentalização do sindicalismo para fins politiqueiros, com prejuizo da população.

Bem... a lista continuava longa e isto não pretende ser um testamento à Freitas.

PS: como é que ficou a história da entrega do arquivo da PIDE a Moscovo?

Anónimo disse...

Os comunistas não aceitam a democracia: eles são forçados a viver nela. Não há um, um só, país à escala global onde o poder comunista permita uma sociedade livre e democrática. E continua-se a dar crédito a esta malta quando enche a boca com "democracia". No Avante vê-se bandeiras da Coreia do Norte, o Machado disse um dia que a dita Coreia era "uma grande democracia", babam-se com Cuba, elogiam Putin, idolatram Maduro, renegam os Gulag e os crimes de Estaline.

Um partido destes é um pilar da Democracia caseira? Não me lixem! Da única vez que teve verdadeiro poder (não do povo, mas dado pela agitprop), só fez asneiras nesta terra e ainda hoje andamos a pagar por elas.

Corsil Mayombe disse...

C'os diabos, aí estão os DEMOcratas no seu melhor!

Joaquim de Freitas disse...

1) O anónimo de 2 de Setembro de 2020 às 13:15 escreve : - o seu papel subversivo ( do PCP) durante a guerra de África, com a consequente desmoralização das nossas tropas, fortalecimento do inimigo . Leia entao:

https://media.rtp.pt/descolonizacaoportuguesa/pecas/as-razoes-de-uma...

O discurso de Salazar de Agosto de 1963 destinou-se a por fim à ideia de que havia possibilidade de chegar a acordo com os norte-americanos.

2) o anónimo escreve: “ a defesa, ativa ou passiva, de regimes totalitários, no passado e presente!”

Quem defende quem?

Pinochet, Baptista, s Jimenez, Stroessner, Duvalier, Somoza, Videla , Álvarez,Ortega, Trujillo,Mubarack, Park Chung-hee, , Islam Karimov ,.Duque , ,etc,etc.

SUHARTO: roubou mais de US $ 35 bilhões durante seu governo de 31 anos. Mas a corrupção - apenas a ponta do iceberg. Durante os seus longos anos no poder, Suharto ocupou ilegalmente a ilha de Timor (matando cerca de um terço da população), que se dedicou a limpeza étnica dos chineses, e matou 2,1 milhões de seu próprio povo, entre os quais 1 milhão de comunistas.

Rei Abdullah

Um dos regimes mais repressivos da história moderna Grande cliente do Ocidente, a Grã-Bretanha tem um comércio de £ 15 bilhões de dólares com a Arábia Saudita e, vende armas que são posteriormente utilizadas para destruir aldeias no Iêmen, por exemplo. EUA considera a Arábia Saudita como um de seus aliados mais próximos e nunca se manifestou contra as violações dos direitos humanos naquele país. Muito menos quando esquarteja um jornalista do Washington Post em Istambul. Olhe o que fazem com cristãos >> deporta . Todas as relações com este país, um pária nojento, hipócrita e errado. No entanto, os líderes ocidentais continuam a considerá-los como aliados vitais.

Joaquim de Freitas disse...

Anonimo de 2 de Setembro de 2020 às 14:25: Indique por favor onde existe um regime comunista no mundo.

Joaquim de Freitas disse...

Anonimo 2 de Setembro de 2020 às 14:25


Ao ler este anónimo de serviço, é de acreditar que a ideologia de base do nosso sistema capitalista, tem virtudes alquímicas surpreendentes: transforma podridão em perfume.

A política ocidental pode acumular cadáveres, mas esta compulsão nunca é atribuída à sua própria essência. A sua brutalidade é apenas um acidente de história, de deslocação transitória, de aventuras vagas rapidamente mergulhadas no esquecimento pelos mecanismos da memória selectiva.

Podemos vitrificar líbios como bem entendermos, transformar o Afeganistão num campo de ruínas, entregar sírios à Al-Qaeda, tentar pôr o Irão de joelhos, fazer com que as crianças venezuelanas morram privando-as de medicamentos, como as iraquianas nos tempos de Madeleine Albright; afinal de contas, nunca é mais que acepipe…. Aves de capoeira com uma tez bronzeada dedicada à imolação sacrificial pelos sumos-sacerdotes da democracia e dos direitos humanos.

Na escala de Richter do massacre à motosserra, a democracia ocidental excedeu há muito todas as expectativas. Nuvens de bombas sobre coreanos, vietnamitas, cambojanos, iraquianos, palestinianos, sírios, líbios, afegãos, iemenitas. Guerra por procuração, bloqueio, guerra económica, acção clandestina, golpe de Estado, manipulação do terror: a panóplia é inesgotável, o resultado é edificante. Vamos orgulhar-nos e exportar o nosso know-how!

Perguntamo-nos como é que os regimes políticos ocidentais se justificam, aliás, em dar lições morais a todo o planeta. Foi preciso pôr o mundo de cabeça para baixo para acabar por tomar a sua propensão histórica para o crime de massa como um certificado de virtude e exemplaridade. SHOA, Hiroshima, Nagasaki, Vietname, e todos os outros…certificados !

Anónimo disse...

No dia em que o PCP tomasse conta do poder ( e nele mandassem algumas jarras do antigamente) acabava a "liberdade de dançar e de ouvir música", sobretudo, se a dança e a música fossem de protesto em relação ao poder. Ilusões...

Anónimo disse...

Xx

Anónimo disse...

Joaquim Freitas

Não se esqueça da China onde o Partido Comunista lidera, de Cuba, do Vietname e da Venezuela.
Apesar de todas as desgraças causadas pela mais hedionda das ideologias totalitárias, que causou milhões de mortos nos vários cantos do globo (bem mais que o totalitarismo irmão nazista), o comunismo ainda tem hoje alguns defensores que não querem ver uma ideologia repressora e xenófoba.

Joaquim de Freitas disse...

O anonimo de 2 de Setembro de 2020 às 22:59, deve ler a historia dos quatro paises que cita, para descobrir quem criou os partidos comunistas respectivos. E porque sao quatro povos perseguidos , atacados, todos os dias pela potência americana. E porquê? .

" que causou milhões de mortos nos "vários cantos do globo " Que saiba, os Chineses, os Cubanos, os Vietnamitas e os Venezuelanos nunca sairam das suas fronteiras e nao mataram quem quer que seja. Deve confundir com outro pais! Nao ?Que dispoe de 800 bases militares espalhadas pelo mundo...e sempre esteve em guerra por toda a parte...

Anónimo disse...

O Freitas, para além de sofrer de um complexo de perseguição relativo aos anónimos (o homem é tão arrogante que acha que apenas uma pessoa no mundo inteiro pode discordar dele), também é ignorante. Ou isso ou faz de mentir um passatempo.

" Que saiba, os Chineses, os Cubanos, os Vietnamitas e os Venezuelanos nunca sairam das suas fronteiras e nao mataram quem quer que seja."

Atente-se na obtusa estupidez e desonestidade da frase anterior:
- os Chineses, que começaram e alimentaram a guerra da Coreia!!! (que ele vai já dizer que foi culpa dos EUA), que atacaram o Vietname comunista e INVADIRAM O TIBETE e agora andam a "picar" uma guerra com a Índia.
- os Cubanos, que ainda a independência de Angola estava quentinha e já lá estavam instalados e em pé de guerra (levaram tudo o que podiam, quando se foram embora).
- os Vietnamitas, que andaram em guerra no Laos e no Camboja.

Este homem sofre de uma paranoia anti-americana e de um gravíssimo problema com a verdade. Nada de novo em comunistas - é disso que eles sempre viveram.

Joaquim de Freitas disse...

Anonimo de 3 de Setembro de 2020 às 13:44: Primeiro, diga-me qual é a diferença entre um anónimo e um …anónimo. Tenha a coragem de escrever o seu nome.

Pobre ignorância : Leia a História e depois venha argumentar inteligentemente se puder.

1945: Na Conferência de Potsdam (Julho-Agosto), a URSS e os Estados Unidos concordaram em dividir a Coreia no paralelo 38 para dividir as responsabilidades de desarmamento da península após a queda do Japão. Em 10 de Agosto, os soviéticos entraram na Coreia do Norte. Em 15 de Agosto, o Japão anunciou a sua rendição. A 8 de Setembro, tropas americanas desembarcaram na Coreia.

A rendição do Japão não restaurou a independência total da Coreia. A luta entre combatentes da resistência e colaboradores dos japoneses degeneram na guerra civil.

As esperanças de um governo único para toda a península acabam. Em 1946, MacArthur anunciou o fracasso da reunificação.

Dois Estados são criados: A República da Coreia (Sul) em 15 de Agosto e a República Popular Democrática da Coreia (Norte) em 9 de Setembro. Mas nenhum reconhece a legitimidade do outro.

1) Em 25 de Junho de 1950, as tropas norte-coreanas atravessaram a linha de demarcação entre as tropas americanas e soviéticas no paralelo 38.
2) Os Estados Unidos desembarcaram em Inch'ôn no dia 15 de Setembro, apoiados por uma força militar da ONU.

3) No final de Outubro de 1950, as tropas da coligação chegaram à fronteira chinesa antes de serem repelidas pela contra ofensiva sino-norte-coreana.

MacArthur pede a Truman a autorização de lançar bombas atómicas sobre a China…Truman recusou e o general demite-se.

E é a esta “contra ofensiva sino-norte-coreana.” que o anónimo chama invasão…chinesa. Claro que os EUA gostariam de ter as suas tropas na fronteira do rio Yalu, como fizeram na Europa depois da queda do Muro de Berlim. Mas os Chineses não sao os Russos...

Sobre Angola e os Cubanos vem a seguir se o Sr.Embaixador permite.

Joaquim de Freitas disse...

Fidel Castro havia decidido enviar soldados para ajudar o MPLA contra ataques de outros movimentos, apoiados secretamente pelos Estados Unidos e pelo Governo do apartheid da África do Sul.

Incursão encoberta paralela dos EUA e África do Sul em Junho de 1975. Jonas Savimbi, fundador da UNITA, colaborou com as autoridades coloniais portuguesas para tentar acabar com o MPLA, tendo viajado para a África do Sul em 1974 a fim de pedir armas e dinheiro para tomar o poder,e com os sul-africanos comprometeu-se a não permitir que a SWAPO actuasse a partir de Angola para chegar à Namíbia”. O Governo da África do Sul pediu opinião aos EUA antes de dar uma resposta positiva em armas e dinheiro a Savimbi.

“Os EUA chegaram à conclusão de que deviam lançar uma operação secreta. Praticamente se decidiu aí. Era Junho/Julho (1975) e a operação estava em marcha”,.

O Governo do apartheid mandou dinheiro e armas para a UNITA e em Agosto já havia instrutores sul-africanos e oficiais paramilitares da CIA para dar formação.

Quando a África do Sul invade Angola, a 14 de Outubro de 1975, houve uma mudança significativa no curso da guerra. “Já não eram somente os bravos combatentes das FAPLA contra a FNLA e a UNITA. Era as FAPLA enfrentando uma coluna sul-africana, motorizada e com helicópteros, em clara superioridade”.que entraram pelo Cunene, e ocupam Benguela, Lobito, e seguiram avançando até ao Norte.

“Foi aí que, respondendo a um pedido de Agostinho Neto, a 4 de Novembro de 1975, Fidel Castro decide enviar tropas a Angola para travar o avanço sul-africano”. “

O primeiro livro que mencionava essa operação está em afrikaans e descreve a cooperação entre os EUA e a África do Sul já dentro de Angola. Os aviões norte-americanos traziam as armas para a FNLA e UNITA aterravam no aeroporto internacional de Ndili (Kinshasa) onde aviões mais pequenos sul-africanos transportavam o material para o interior de Angola”.

O que se passou em Angola entre Agosto e Setembro de 1975 está documentado. “Os norte-americanos e sul-africanos chegam à conclusão de que apesar do apoio que estavam a dar à UNITA e à FNLA, o MPLA estava a ganhar a guerra e nessa altura ainda não havia cubanos a combater”.

Em finais de Setembro já havia assessores cubanos em Angola. Aliás, a primeira missão militar cubana em Angola começa em fins de Agosto de 1975, com a chegada do comandante Aguilar e um pequeno grupo de cubanos.

Outro grupo chega em Setembro, entre eles o general Espinosa, que vem dar treinamento aos combatentes das FAPLA. O grosso das tropas chega na primeira semana de Outubro, num total de 480 instrutores, que começaram a actuar apenas na segunda quinzena de Outubro”.

A ajuda em armas que mais tarde os soviéticos deram ao MPLA é de longe inferior a que os americanos e sul-africanos deram à UNITA e FNLA. E quando os norte-americanos e os sul-africanos chegaram à conclusão de que o MPLA estava a ganhar a guerra, um grupo restrito do poder na África do Sul decidiu que além de instrutores era precisa mandar tropas para impedir a vitória do MPLA.

“O pessoal da Inteligência e a gente da Chancelaria desaconselharam o envio de tropas, mas o ministro da Defesa Pik W. Botha e o pessoal do Exército, diziam que era necessário enviar tropas”.

Documentos comprovam que Pretória consultou Washington, e pediu: “por favor enviem tropas’” “Foi uma acção conjunta. É preciso perceber que a África do Sul não actua a mando dos Estados Unidos, actua pelo seu próprio interesse, mas muito claramente ao invadir Angola, os EUA lhes haviam dito que “não estavam sozinhos”.

Joaquim de Freitas disse...

Anonimo de 3 de Setembro de 2020 às 13:44.

Quando a estupidez é crassa, que fazer ? Um indivíduo anónimo, vem para este blogue falar de assuntos que não conhece e deixa isto: “os Vietnamitas, que andaram em guerra no Laos e no Camboja.”

Pobre Vietname e pobre Laos e pobre Camboja. Conheço os dois primeiros em detalhe. Uma pessoa da minha família nasceu no primeiro.


Durante a Guerra do Vietname, entre 1964 e 1973, os Estados Unidos lançaram mais de 2 milhões de toneladas de bombas no Laos, incluindo 270 milhões de sub munições, embora o país não fosse parte do conflito.
Em 1970, o Laos tinha apenas 3 milhões de habitantes, o que representava uma média de 90 submunições por pessoa...
Mais de 50 anos após os primeiros bombardeamentos americanos, o país continua a ser o mais poluído do mundo por bombas de fragmentação (BASM) e outros restos explosivos de guerra (REG).

Estas armas não explodidas continuam activas e representam uma ameaça diária para a população do Laos.
Oficialmente para cortar as rotas de abastecimento para o Vietname do Norte (o Trilho Ho Chi Min), os Estados Unidos realizaram quase 600.000 missões de bombardeamento sobre o Laos, um bombardeamento diário a cada 8 minutos durante 9 anos.

Estima-se que cerca de 80 milhões de submunições não explodiram no impacto, encontrando-se principalmente em arrozais, ribeiros ou em estradas. Susceptíveis de explodir ao mais pequeno movimento, ameaçam a vida de pessoas em 10 das 18 províncias do país consideradas "severamente contaminadas" diariamente.
E este drogado de americanismo exacerbado, intoxicado com coca-cola, trumpista até ao delírio, vem-nos falar aqui da guerra dos Vietnamitas contra o Laos. Talvez quisesse falar da guerra civil que opôs o Pathet Lao au reino do Laos. Mas ele nem sabe. Não sabe ler.

Olhe leia o que diz um presidente americano Jimmy Carter na Newsweek Magazine recente entrevista em que Trump fala sobre a China:
"...Você tem medo que a China nos supere, e eu concordo com você. Mas você sabe por que a China nos superará? Eu normalizei relações diplomáticas com Pequim em 1979, desde essa data... você sabe quantas vezes a China entrou em guerra com alguém? Nem uma vez, enquanto nós estamos constantemente em guerra. »

Instrua-se.

Anónimo disse...

Comentário às declarações de Joaquim Freitas no dia 3 de Setembro às 13h44

Creio que deve estudar melhor a história contemporânea.

Começemos pela China (RPC), invadiu a Coreia do Sul em 1950 e 1951 (já antes na sombra tinha apoiado a invasão do mesmo país pela Coreia do Norte). Invadiu o Tibete em 1950, a Índia em 1962. Também em 1979 invadiu o Vietname para protestar contra a invasão que este país tinha feito ao Camboja (para derrubar os genocidas do Khmer rouge que era aliados de Pequim).

O Vietname, para além de ter invadido o Vietname do Sul, invadiu o Laos em 1958 e 1959 e o Camboja em 1978.

Cuba enviou os seus mercenários causar a morte e a destruição em várias partes do mundo, desde a Venezuela à Etiópia, passando por Angola, Guiné Bissau e Guiné Conacri.Agora são os apoios da ditadura venezuelana.

Obviamente que a maioria das vítimas destes regimes comunistas foram os seus próprios povos. Aqui a China (RPC) lidera destacada com dezenas de milhões dos seus cidadãos mortos durante a chamada revoução cultural ou o grande salto em frente. Hoje em dia a sua opressão aos Uigurs é claramente genocida.


Joaquim de Freitas disse...

Anónimo 3 de Setembro de 2020 às 21:49 escreve: “Creio que deve estudar melhor a história contemporânea.”

Faço minhas as suas palavras. Mas interessando-se aos factos.

As causas das guerras são complexas. Em alguns casos, outras nações que não os EUA podem ter sido responsáveis por mais mortes, mas se o envolvimento dos EUA parecia ter sido a causa necessária de uma guerra ou conflito, sao responsáveis pelas mortes nela. Por outras palavras, provavelmente não teriam ocorrido se os EUA não tivessem usado o “big stick”.. O poder militar e económico dos Estados Unidos foi crucial.

As forças norte-americanas foram directamente responsáveis por cerca de 10 a 15 milhões de mortes durante as guerras coreanas e vietnamitas e as duas guerras do Iraque. A Guerra da Coreia também inclui mortes chinesas, enquanto a Guerra do Vietname também inclui vítimas mortais no Camboja e no Laos.

Talvez o anonimo não esteja ciente destes números e saiba ainda menos sobre as guerras por procuração pelas quais os Estados Unidos também são responsáveis. Nas últimas guerras registaram-se entre nove e 14 milhões de mortes no Afeganistão, Angola, República Democrática do Congo, Timor-Leste, Guatemala, Indonésia, Paquistão e Sudão.

Mas as vítimas não são apenas de grandes nações ou de uma parte do mundo. As restantes mortes foram em menores, que constituem mais de metade do número total de nações. Praticamente todas as partes do mundo têm sido alvo de intervenção americana.

A conclusão é que os Estados Unidos são provavelmente responsáveis desde a Segunda Guerra Mundial pela morte de entre 20 a 30 milhões de pessoas em guerras e conflitos espalhados pelo mundo.

Alguns exemplos:

1° Em 1998, numa entrevista ao “Le Novel Observateur”, Zbigniew Brzezinski, conselheiro do Presidente Carter, admitiu ter sido responsável por instigar a ajuda aos Mujahadeen no Afeganistão, o que fez com que os soviéticos invadissem.

Brzezinski justificou a colocação desta armadilha, uma vez que ,disse, deu à União Soviética o seu Vietname e causou a dissolução da União Soviética. "Arrepende-se o que?", Disse ele. "Aquela operação secreta foi uma excelente ideia. Teve o efeito de atrair os russos para a armadilha afegã e quer que me arrependa?"

A CIA gastou 5 a 6 biliões de dólares na sua operação no Afeganistão para sangrar a União Soviética. Quando a guerra de 10 anos terminou mais de um milhão de pessoas morreram e a heroína afegã tinha capturado 60% do mercado norte-americano.

Joaquim de Freitas disse...

2°- ANGOLA: Em 1977, um governo angolano foi reconhecido pelas Nações Unidas, embora os EUA tenha sido uma das poucas nações que se opuseram a esta acção. Em 1986, aprovou a assistência material à UNITA, que estava a tentar derrubar o governo.

A intervenção dos EUA foi justificada ao público norte-americano como uma reacção à intervenção de 50.000 tropas cubanas em Angola. No entanto,o inverso era verdade. A intervenção cubana surgiu na sequência de uma invasão secreta financiada pela CIA – através do vizinho Zaire e de uma viagem à capital angolana pelo aliado dos EUA, a África do Sul). (Três estimativas de mortes variam entre 300.000 e 750.000)


- 3°- CAMBOJA- Os bombardeamentos norte-americanos no Camboja já estavam em curso há vários anos, em segredo, sob as administrações de Johnson e Nixon, mas quando o Presidente Nixon começou abertamente a bombardear para preparar um ataque terrestre no Camboja, causou grandes protestos nos EUA contra a Guerra do Vietname.

Hoje em dia, há pouca consciência do alcance destes atentados e do sofrimento humano envolvido.
Foram causados imensos danos às aldeias e cidades do Camboja, causando refugiados e deslocamentos internos da população. Esta situação instável permitiu ao Khmer Rouge, um pequeno partido político liderado por Pol Pot, assumir o poder.
Ao longo dos anos, temos ouvido repetidamente falar do papel do Khmer Rouge na morte de milhões no Camboja, sem que este assassínio em massa tenha sido possível devido ao bombardeamento norte-americano daquela nação que a destabilizou pela morte, ferimentos, fome e deslocação do seu povo.

Assim, os EUA são responsáveis não só pelas mortes causadas pelos atentados, mas também pelas actividades do Khmer Rouge – um total de cerca de 2,5 milhões de pessoas. Mesmo quando o Vietname invadiu o Camboja em 1979, a CIA ainda apoiava o Khmer Rouge.

Todas as intervenções americanas no mundo obedeceram ao memo objectivo: destabilizar e destruir sistemas ou governos adversos aos seus interesses.

Anónimo disse...

Joaquim Freitas o senhor é obcecado pelo seu ódio aos Estados Unidos e isso tolda-lhe a visão.


Não venha defender que o genocídio feito pelo Khmer Rouge teve como mentor os EUA.

A Revolução cultural da China (RPC) com os seus inúmeros milhões de mortos também terá sido proposta pelos EUA?

Já agora o camarada Stalin e o seu gulag, purgas e outros programas de extermínio que causaram dezenas de milhões de mortos também terá tido por mentor os EUA?

Por favor saia do seu espartilho dogmático e enfrente a realidade.

Anónimo disse...

Se ainda restava alguma dúvida de que o Joaquim Freitas não é um democrata e usa este blog para mera propaganda comunista, elas acabaram.

Joaquim Freitas é um demagogo ao serviço do comunismo e usa abundantemente a hipocrisia, a mentira e a distorção dos factos como ferramentas para tentar enganar as pessoas. Por vezes, também é, apenas, ignorante.

Joaquim Freitas é, igualmente, uma pessoa que sofre de um profundo complexo de ódio aos Estados Unidos - de tipo obsessivo -, o que deverá estar associado à ligação maniqueísta e básica que faz entre a defesa dos seus ideais nefastos e regimes criminosos e a existência de um país que se lhes opõe. Todas as intervenções de Joaquim Freitas são de modo a conseguir trazer os EUA para a discussão, não se inibindo de proceder às mais rebuscadas manobras para atingir o seu objetivo.

É uma vergonha o suporte que Seixas da Costa dá a este homem deixando que o seu blog se converta numa plataforma de propaganda de regimes totalitários e de ideologias radicais, servida com agressividade verbal e arrogância pessoal.

O apoio passivo que Seixas da Costa dá a Joaquim Freitas e aos seus ridículos e tonitroantes textos demonstra, à saciedade, que, de facto, existem dois pesos e duas medidas na forma como se lida com os radicais de direita e de esquerda: aos primeiros, tudo se lhes censura; aos segundos, tudo se lhes permite.

Se alguém ainda não se lembra da razão de ser desta publicação, ela tinha a ver com a realização da Festa do Avante... Só isso.

Anónimo disse...

Caro anónimo de 04/09 às 13h11

Não concordo com a sua análise do Embaixador Seixas da Costa.
Ele sempre defendeu com coerência e verticalidade a liberdade de expressão, não é de maneira nenhuma apologista de totalitarismos

Leio este blog há vários anos e, apesar de não concordar com muitas das ideias de SC sei que é um homem sério e defensor da liberdade.

Joaquim de Freitas disse...

Do anónimo 4 de Setembro de 2020 às 13:11: “Se alguém ainda não se lembra da razão de ser desta publicação, ela tinha a ver com a realização da Festa do Avante... Só isso. »

Pois é, mas desde o primeiro comentário, lê-se :” anónimo 2 de Setembro de 2020 às 01:00: “ PCP é uma força nociva para a liberdade e para o desenvolvimento ecómnómico e social, de tal maneira que se transformou num partido conservador, diria mesmo reaccionário.”

Já há muito que me apercebi que a direita mais reaccionária e fascista levantava de novo a cabeça no país onde nasci e onde me negaram tudo aquilo a que tinha direito.

O Senhor Embaixador Seixas da Costa não precisa que o defenda, porque sabe defender-se melhor que ninguém.

Mas ler neste comentário tão medíocre, para não dizer mais, do anónimo de 4 de Setembro de 2020 às 13:11: “deixando que o seu blog se converta numa plataforma de propaganda de regimes totalitários e de ideologias radicais”,

ao mesmo tempo que faz apelo ao lápis azul do democrata que dirige este blogue, fez-me rir, argumentando “Joaquim Freitas não é um democrata”

Portanto vamos enviá-lo para o Tarrafal…

Só para que saiba: Conheço os EUA melhor que o anónimo. Andei por lá anos no meu trabalho. Não confundo todo o povo americano com os racistas, xenófobos, fascistas e nazis assassinos que pululam hoje mais que nunca nas ruas e cidades daquele belo país. Tenho lá muitos amigos, que me lêem neste blogue.

Não identifico todos os americanos aos políticos podres que mentiram ao mundo inteiro na ONU, com as ADM, para invadir e destruir o Iraque, a Líbia, o Vietname, o Laos, o Camboja, o Afeganistão, e toda a América Latina.

Sim, detesto o imperialismo americano, que se manifesta em todo o mundo e em todos os sectores.

Não, nunca aceitei de perder alguns milhares de horas de trabalho para os meus 300 colaboradores da empresa que dirigi em França, quando o imperialismo americano, jurídico e financeiro, me impediu de vender duas belas instalações automóvel no Irão, Renault e Peugeot, devido ao embargo terrorista dos USA. Claro que nenhum banco vai negociar os meus negócios em dólares se os americanos ameaçam a sua existência nos EUA. A extraterritorialidade das leis americanas, são o mais imundo exemplo do seu imperialismo.

Este é um dos muitos exemplos que tenho para detestar os políticos que governam essa grande nação.

No entanto, como disse Mitterrand, "A França ( e eu acrescento o Mundo) não sabe, mas estamos em guerra com a América. Sim, uma guerra permanente, uma guerra vital, uma guerra económica, uma guerra sem morte, aparentemente. Sim, são americanos muito duros, vorazes, querem um poder indiviso sobre o mundo. É uma guerra desconhecida, uma guerra permanente, aparentemente sem morte e ainda uma guerra até à morte."
Nunca esqueça a frase do antigo presidente francês, que não era nem um conspirador, nem um anti-americano primário" .

Tendo plena consciência de que as opiniões e posições que expresso nos meus posts são a expressão da minha verdade, dou-lhe acesso às minhas várias fontes de informação, para que possa ter uma apreciação possivelmente diferente da minha e, assim, construir a sua verdade. O único que vale aos meus olhos.

Não, não sou militante comunista. Pertenci ao MUD Juvenil na minha juventude em Portugal. Para combater os reaccionários que construíram o Portugal que ainda paga hoje os anos negros do obscurantismo que alguns querem reactivar neste blogue.

Resta-me pedir desculpa ao Sr. Embaixador pelos extensos textos que publico.

Joaquim de Freitas disse...

Caro anónimo 4 de Setembro de 2020 às 15:05

Evidentemente que o Sr. Embaixador Seixas da Costa é um democrata e o seu blogue é um espaço de liberdade para todos aqueles que têm algo para dizer. O problema é que o anónimo das 13:11 nunca tem nada para dizer sobre nada. Os ataques “ad hominem » são a sua motivação.

Poder é isto...

Na 4ª feira, em "A Arte da Guerra", o podcast semanal que desde há quatro anos faço no Jornal Económico com o jornalista António F...