sábado, setembro 26, 2020

O “Expresso” e Balsemão


Ser leitor do “Expresso” desde o primeiro destes seus 2500 números, tendo a absoluta certeza de nunca ter falhado a leitura (muitas vezes “à vol d’oiseau”, confesso) de nenhum desses números, não me confere nenhum direito. Nem mesmo me dá a menor autoridade para emitir uma opinião autorizada sobre o papel desempenhado por esse semanário na história da imprensa em Portugal. Mas também não me impede de a ter.

O “Expresso” cavalgou uma réstia de abertura ainda vislumbrada no extertor do “marcelismo”. Se o “Expresso” tivesse aparecido em 1968/69, colado à “ala liberal” com que Marcelo Caetano procurou dar um sinal de potencial democratização, a sua história poderia ter sido outra e, quem sabe, o jornal poderia ter contribuído bastante mais para a História do país. Da forma e no tempo em que emergiu, pouco mais de um ano antes do 25 de abril, o “Expresso” acabou por ser mais um reflexo do mal-estar que então atravessava o país e, muito menos, um verdadeiro ator na mudança que se processou nessa noite de 1974.

Marcelo Rebelo de Sousa, que teve um papel importante no “Expresso”, antes e depois do 25 de abril, não parece ter razão quando, há uma semana, atribuiu ao jornal um papel relevante no desencadear da Revolução. O principal, e verdadeiramente determinante, papel do “Expresso” acabou por ser durante o processo revolucionário e, muito em particular, durante o período democrático subsequente. O “Expresso” foi um ator de grande relevo ao longo destas mais de quatro décadas - qualquer que possa ser a opinião que tivermos sobre aquilo que protagonizou.

Neste momento em que se assinalam os 2500 números do “Expresso”, um jornal que, sobranceiramente, muitos dos seus antigos leitores fazem gala de dizer que deixaram de ler, quero deixar uma mensagem de forte respeito democrático pela figura de Francisco Pinto Balsemão. 

Na história do nosso jornalismo, e na nossa história política, Balsemão tem hoje um lugar cativo, por muito que isso desagrade a muitos dos que se politicamente se lhe opõem. Portugal seria um país democraticamente bem mais rico se dispusesse de muitas mais figuras com a estatura cívica de Francisco Pinto Balsemão. É o que penso, muito sinceramente.

14 comentários:

Anónimo disse...

Deixei de ver no Expresso a referência que via antigamente. Não há ali um grande jornalista ( tirando Ângela Silva ou Henrique Monteiro) que admire e cuja opinião considere imprescindível. É gente mais nova que faz o melhor que pode, mas que não tem grande estatuto. Já não é no Expresso que estão os melhores jornalistas, cronistas ( tirando Clara Ferreira Alves ou o Padre Tolentino) ou comentadores (politicamete engajados).

Anónimo disse...

O Semanário Expresso é o grande jornal Português, todos os países têm o seu é este é a nossa referência. Não concebo um fim de semana sem o Expresso e sempre foi assim na minha e em muitas famílias. Parabéns a Francisco Pinto Balsemão e à sua equipa. Que se mantenha até ao número 500 e por aí adiante.

Jaime Santos disse...

Sem dúvida. Isso não impede que se diga que o Expresso não tem a qualidade de antigamente. Agora, chamar a Henrique Monteiro um jornalista, não lembra ao diabo. O homem escreve bem, mas isso por si só não faz um jornalista. E depois a lógica, às vezes, valha-me Deus...

Luís Lavoura disse...

Portugal seria um país democraticamente bem mais rico se dispusesse de muitas mais figuras com a estatura cívica de Francisco Pinto Balsemão.

Concordo.

Anónimo disse...

Henrique "avental" Monteiro? O golpista que tudo fez para derrubar Bruno de Carvalho, contribuindo para colocar o patético capitão bananas, o "herói de kandhahar" à frente da Comissão Liquidatária do Sporting Clube de Portugal que é o atual Campo Grande Football Club, também conhecido como Sporting Croquete de Portugal? Não passa de um reles verme!

Anónimo disse...

Mas o Pe Tolentino agora é jornalista?!

João Cabral disse...

O "Expresso" só vive actualmente do nome que teve no passado. A qualidade já se foi há muito. A questão dos Panama Papers acabou com o resto.

Corsil Mayombe disse...

O silêncio sobre O "Clube Bilderberg" e Balsemão,é... ensurdecedor!

Corsil Mayombe disse...


O silêncio sobre o "Clube Bilderberg" e Balsemão,é... ensurdecedor!

Corsil Mayombe disse...

Vamos lá saber então, quem é que teve um papel relevante no desencadear da "revolução"(reivindicação corporativa).

Carlos Fonseca disse...

Deixei de comprar o EXPRESSO depois de terem publicado a lista com o nome de todos portugueses envolvidos no escândalo dos "Panamá Papers".

Ou terá sido por terem faltado ao compromisso que assumiram de os publicar, porque, vendo bem, era tudo gente honrada e com elevada estatura cívica?

Anónimo disse...

Comecei a ler o Expresso nos idos de 80, quando andava na faculdade. Deixei de o ler há coisa de sete anos, e não faço esta afirmação de forma sobranceira. Deixei de o ler porque o Expresso deixou de ser um jornal com notícias (não as da espuma dos dias , obviamente, visto que não é um diário) para passar a ser o expositor semanal de meras opiniões de um conjunto de gente de fraca qualidade profissional, e de "vozes do dono". A multiplicação de cadernos, folders e flyers, as ofertas de sacos, nada disso disfarça a objectiva perda de qualidade do jornal - apenas contribui para os lucros da empresa que o publica. Nada tendo contra o facto de uma empresa gerar lucros, tenho para comigo a obrigação de para eles não contribuir quando a utilidade do produto oferecido era primordialmente a de forrar o caixote do lixo. E garanto que havia semanas em que o "Espesso" não se conseguia gastar nessa nobre tarefa.

Anónimo disse...

Comecei a ler o Expresso nos idos de 80, quando andava na faculdade. Deixei de o ler há coisa de sete anos, e não faço esta afirmação de forma sobranceira. Deixei de o ler porque o Expresso deixou de ser um jornal com notícias (não as da espuma dos dias , obviamente, visto que não é um diário) para passar a ser o expositor semanal de meras opiniões de um conjunto de gente de fraca qualidade profissional, e de "vozes do dono". A multiplicação de cadernos, folders e flyers, as ofertas de sacos, nada disso disfarça a objectiva perda de qualidade do jornal - apenas contribui para os lucros da empresa que o publica. Nada tendo contra o facto de uma empresa gerar lucros, tenho para comigo a obrigação de para eles não contribuir quando a utilidade do produto oferecido era primordialmente a de forrar o caixote do lixo. E garanto que havia semanas em que o "Espesso" não se conseguia gastar nessa nobre tarefa.

Anónimo disse...

O Expresso tem um grande empresário á frente, e que realmente foi sempre um grande empresário. Mas agora anda a confiar muito na "gentinha nova" de que se rodeia. Lá está - há trigo e joio no Expresso. É preciso ter um olho no burro e outro logo no cigano.
E é uma pena, pois o Expresso tem gente que escreve bem, tem jornalistas bons.

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