"Deixa o moleque trabalhar, poxa. Eu trabalhei. Outro dia eu falei que aprendi a dirigir com 12 anos de idade. Eu já engraxei sapatos. Molecada quer trabalhar, trabalha" - Jair Bolsonaro.
2020. O ano em que o Brasil tem um presidente que diz, impunemente, este tipo de barbaridades.
8 comentários:
Não se proibiu o trabalho infantil para defender as crianças, mas sim os postos de trabalho dos adultos que estavam em posição de pressionar o legislador. Da mesma forma a escolaridade obrigatória foi inchando para manter os jovens fora do mercado de trabalho cada vez mais tempo. Não sejamos ingénuos.
Por acaso, proibiu-se o trabalho infantil pelas duas razões. Porque se considera que as crianças tem direito à infância e à adolescência e a uma aprendizagem que fará delas no futuro trabalhadores muito mais produtivos do que se entrassem no mercado de trabalho com tenra idade (para além de auferirem de salários melhores e terem uma melhor qualidade de vida, claro), e porque o trabalho infantil, tal como o trabalho dos adultos que trabalham sem fazer descontos ou pagar impostos, comprime os salários de quem faz esses descontos e paga impostos.
O António não parece perceber, ou faz de conta que não percebe, que não há nenhum motivo pelo qual dois motivos nobres não possam ter coexistido na mente de quem levou a cabo tais reformas.
Chama-se enlightened self-interest, sabia? E quem assim pensa é tudo menos ingénuo. Fazer o bem torna-se ainda mais fácil se trouxer vantagens e se o altruísmo é nobre, era só o que faltava que fosse uma condição necessária para a prática do dito bem. Só se fôssemos todos burros com vocação de mártires...
Bolsonaro, pelo contrário, defende um ponto de vista que só interessa a plutocratas que exploram o trabalho infantil e que lucram com a degradação do Estado de Direito.
O hipócrita Trump teve agora que deixar os trabalhadores sazonais estrangeiros entrar nos EUA para as colheitas, para não prejudicar as suas hipóteses de reeleição, já que necessita dos votos dos agricultores que beneficiam desse mesmo trabalho...
Constituição da República Portuguesa, artigo 58º, número 1: "Todos têm direito ao trabalho."
Luís Lavoura, todos têm o direito ao trabalho e também à graçola, por via da liberdade de expressão.
Citar um artigo da CRP fora do contexto só para tentar ser engraçado não abona muito do seu sentido de humor, sabia?
A aplicar-se a sua lógica, um menor teria também o direito de voto, por exemplo...
Pode claro ser que o Luís Lavoura seja daquelas pessoas que não conseguem compreender uma afirmação para além do seu conteúdo literal... Já nos deu vários exemplos disso...
Se for verdade que o André Ventura se prepara para visitar o Bolsonaro, os filhos deste ou evangélicos próximos do Brasil, leva um tal tiro na sua credibilidade, que nem para instrumento de protesto contra o status quo vai servir... Eu, que ainda tenho algumas dúvidas, fico logo sem elas!
Bem, o António Costa (com este última bazucada no pé) está a fazer tudo por tudo para que vote no André Ventura...
Caro Jaime Santos, encontraremos boas razões para quase tudo, e, não raro, as melhores são que geram piores resultados prácticos. Há miúdos para os quais a escola se traduz numa perda de tempo. Para eles e para todos.
Antes do meu tempo, mas não muito antes, não havia ciclo preparatório, nem 12° ano. E formaram-se grandes vultos da nossa sociedade.
Caro Jaime Santos, continuando a conversa, que ontem o tempo escasseou; não advogo situações de exploração infantil, nem sequer de trabalho infantil com redes anti-suicídio como na China. E claro que os miúdos têm o direito a aprender todas as valências necessárias para serem desempregados de qualidade.
Faço-lhe notar que no negócio do entretenimento tais pruridos inexistem - é imoral um matulão de 14 anos ser aprendiz numa carpintaria, não é imoral uma criança de 8 trabalhar como escravo nos morangos com açúcar.
Falemos do direito à infância e adolescência. A carga horária real dum aluno do secundário, incluindo práctica desportiva séria (que é extra-curricular) e as cada vez mais indispensáveis “explicações”, mais os absolutamente dispensáveis trabalhos de casa, é de 12 a 14 horas diárias. Em 3 dias batem o horário semanal dum funcionário público. Para ser claro: a escola não deixa tempo aos miúdos para terem uma vida.
Aprendem o necessário? E não é necessário um pintor, um canalizador, um estucador, um torneiro? Porque razão não podem aprender com quem sabe? A célebre Bauhaus fez isso. Chamem-lhe formação e completem o salário de aprendiz. Pelo menos teriam um horário menos carregado do que na escola - e esse pessoal ganha bem, muito bem mesmo, mais que um professor, mais que um enfermeiro, por vezes mais que um médico.
A minha filha começa hoje as aulas, numas condições de aglomeração que estão proibidas a todo o comércio e serviços. Tem quatro disciplinas distribuídas por SEIS SALAS, com TRINTA alunos na turma. Estava mais segura a trabalhar na Zara.
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