Sei que muita gente não gosta de António Costa e do seu governo. Muito em especial, nesta conjuntura, já se percebeu que não apreciam o trabalho da ministra da Saúde e que não “vão à bola” com a cara de Eduardo Cabrita. Por isso, para eles, faça o governo o que fizer, ou fez tarde, ou faz mal ou não vai ser capaz de fazer bem.
Algumas dessas pessoas vivem numa imensa orfandade política (leia-se: têm saudades de Passos Coelho), porque estão insatisfeitas com as lideranças existentes na sua área, e também porque Marcelo Rebelo de Sousa não lhes traz hoje um mínimo de conforto.
Tenho porém a perceção de que, em face da crise gravíssima como a que hoje atravessamos, lá no fundo, sem nunca o dizerem, essas pessoas acabam por ter alguma confiança na experiência, no bom senso e na capacidade de António Costa.
Ou passa pela cabeça de alguém que um governo Rio-Chicão estaria melhor dotado para enfrentar os desafios da pandemia em Portugal? Não brinquemos!
Como é óbvio e público, sinto-me muito confortável ao ter, neste momento grave, António Costa como primeiro-ministro. Vou mais longe: nenhuma personalidade política portuguesa me daria mais confiança, no tempo que atravessamos, à frente do governo do meu país. Trabalhei com ele, conheço-o e admiro as suas qualidades. Mas, claro, admito que seja suspeito por essa razão.
Um dia dos anos 80, Giscard d’Estaing disse a François Mitterrand, num debate, que a esquerda não tinha “o monopólio do coração”. E tinha razão: conheço bastante gente de direita com preocupações sociais, com cujas ideias nesse domínio frequentemente me encontro, até porque não vivo a política como se isto fosse uma guerra de trincheiras.
Neste tempo excecional, contudo, em que vai ser necessário estabelecer prioridades, em especial em face da onda de problemas sociais que a crise vai potenciar, ter António Costa à frente do executivo português é uma garantia que eu não trocaria por nada.
Mas, mais do que nunca, nestes momentos, cada um sabe de si.
25 comentários:
Esperemos que não venha a ter de engolir as palavras ora ditas (escritas), senhor embaixador. António Costa já demonstrou absoluta inépcia a lidar com problemas graves no país. E não foi assim há tanto tempo. O optimismo irritante esconde, no meu entender, duas coisas: inconsciência e irresponsabilidade. De facto, só aos optimistas isso está reservado.
Concordo. Mas, lamentavelmente, não basta a serenidade de ACosta. Seria preciso que outros actores políticos fundamentais dessem o exemplo de não entrar em histerias loucas. Infelizmente o pior exemplo veio de cima: sua excelência o comandante supremo das Forças Armadas desertou e foi tratar da roupa e lavar a louça. É uma emergência, diz ele. Imagine-se que camionistas, logísticos e outros profissionais da distribuição lhe seguem o exemplo e também decidem entrar em quarentena preventiva apenas porque o marido da tia da vizinha do andar de baixo teve um teste positivo...
Ao contrário de ACosta, o cavalheiro que deveria estar firme no seu posto em Belém, revelou-se em todo o seu esplendor: um verdadeiro especialista em jogos florais e em intrigas palacianas, que só servem para fazer prova de vida e complicar a vida a quem assume o ónus de ter de resolver problemas.
Subscrevo em absoluto tudo o que está escrito neste post. É nestas alturas que os líderes se destacam e o AC está muito acima.
Ontem assisti na SIC à entrevista mais miserável de que me recordo, feita ao Primeiro-Ministro pelo Rodrigo Guedes de Carvalho.
A insistência com que perguntava se podia garantir que haveria ventiladores suficientes, e insistia, insistia, insistia, deu-me agonias.
Quem lhe terá encomendado o questionário?!
Só faltou perguntar se o PM podia garantir a existência de papel higiénico suficiente nos hospitais.
Francamente!
"António Costa já demonstrou absoluta inépcia a lidar com problemas graves no país"
Ah sim ?! Não quer dar um exemplo para ilustrar a malta, caro João Cabral ?
MRocha
Caríssimo senhor embaixador e comentadores! De nada resolve dizer que AC é fantástico ou o seu contrário. De facto o passado diz-nos que devemos ser cautelosos , ou alguém já se esqueceu dos incêndios, de tantos...bem! De qualquer forma é o que temos e é sua obrigação fazer o possível e o impossível para minimizar os danos desta tragédia para que não enlouqueçamos todos... ! Mas importa fazer uma distinção entre AC e a generalidade dos seus ministros...exceção para MC! Deus nos proteja e que a tormenta passe depressa. Fiquem
Bem!
Calhou-nos gente medíocre na hora certa.
Liuobomir, o cozinheiro teve razão: falta de "tomates".
Todos temos que morrer...mas o que se poupava em não deixar para amanhâ!
António Costa mostrou nos momentos difíceis que tem estofo de estadista. Qualquer pessoa que governe vários anos tem que ter momentos melhores e piores, mas continuar a falar dos fogos de 2017 como “falha” de seja quem for é não perceber o que se está a passar no mundo e há possibilidades de as pessoas se informarem como os cientistas vêem esses fogos. O que é extraordinário é que muita direita ainda não lhe perdoe a geringonça porque não sabe que a democracia é o governo de quem tem a maioria nos órgãos institucionais e não quem tem mais votos nas eleições. Então queriam que o PAF governasse com 1/3 dos votos e contra 2/3 do Parlamento?
Fernando Neves
Cada um sabe de si e.....Deus de todos...
Há bem pouco tem os responsáveis políticos multiplicavam-se em declarações sobre o vírus que não ia chegar.
Mantiveram-se agendas e olhava-se para o lado.
Ironicamente Portugal discutia a eutanásia quando devia estar a tratar de divulgar os riscos reais do vírus.
Agora reivindica-se a declaração do estado de emergência. O que interessa saber é apenas isto: a declaração do estado de emergência ajuda a combater o vírus?
Se sim, declare-se e já.
Se não, se se trata apenas de um artifício para que uns responsáveis-irresponsáveis possam poder dizer “Até declarámos o estado de emergência”; para que se garantam uns telejornais com aberturas bombásticas “Declarado o estado de emergência!” e para que o povo acredite que se fez tudo mas mesmo tudo para combater o vírus.
Então não vale a pena.
Deus nos livre de passos/portas/cavaco e seus apoiantes!
Que nunca mais...!
O Covid 19 é que não é permeável ás apetências políticas dos governantes, nem tão pouco aos esforços dos doutores, ou ás rezas dos clérigos, apenas sabemos ou suspeitamos que não é republicano, pois usa coroa!
Vai daí todos estamos (in)aptos para tomar medidas para tais fatos. O mais certo é lermos a história para nos confortarmos com outras desgraças que já ocorreram e de que nos chegou notícia e de todas elas pudemos tirar algum sumo. No geral todos os governantes se viram em palpos de aranha e ficaram gratos por terem escapado ao Cavaleiro do Apocalipse, só que dantes vinham a cavalo e agora vem de jacto, mas a reação do humano é tremendamente similar.
Veremos como Costa trilha este caminho minado. É que não é só o vírus que se está a espalhar, e os fundamentalismos, radicalismos, a intolerância, não têm cura nem vacina à vista.
Não consigo entrar neste tipo de balanço que é decorrente em Portugal desde os idos cavaquistas (a ditadura de Salazar, de facto, moldou-nos a psique), com o homem do leme (o que seria de nós sem o sebastiânico Cavaco, o doutor em Finanças, o economista, o seríssimo, o competentíssimo, o inabalável, o...). António Costa é, neste momento, primeiro-ministro. Neste particular do Covid-19, faz o que Rio, com toda a certeza, faria. Deixe-se lá destes encómios idolatrados ao Costa. Até porque, segundo creio, não se ouve uma única voz da oposição a criticar o trabalho do Governo relativamente ao combate à pandemia. E, já agora, deixe-me que lhe diga: na minha opinião, o Eduardo Cabrita já há muito que deveria estar no lugar onde lhe competia: fora do Governo.
Permita-me discordar de algumas coisas.
O facto de se ter saudades de Passos Coelho (rectius, da coragem que evidenciou) não confere ipso facto credibilidade a Costa. Há que separar e deixar de malhar no pobre do homem. Também não consigo compreender a capitus diminutio relativamente a Rio. Onde é que o Sr. Embaixador descobriu que Costa tem mais capacidades do que Rio, que eu, aliás, não aprecio, para enfrentar a pandemia? A experiência é importante mas os resultados não têm sido famosos
E depois o êxito do primeiro ministro depende muito da qualidade dos seus ministros. Ora, quer a ministra da saúde quer o ministro da administração interna têm muito pouca credibilidade. Basta um errozito e a comunicação social ( mais do que o povo ) cai-lhes em cima. Portanto, estou preocupado não tanto com Costa ( que já deve estar a ter pesadelos com a recessão que aí vem ) mas mais com a capacidade da ministra, até para se impor a Màrio Centeno, na hora de gastar
Não percebo porque é que se chama Passos Coelho à colação quando se quer enaltecer António Costa. Aliás, percebo.... Passos Coelho era uma pessoa horrível, de extrema-direita, que gostava de infligir sofrimento ao povo, gratuitamente, e tinha lepra. Costa é de uma esquerda moderada, cheia de capacidades, honesta e honrada ( apesar de gulosa...), amiga do povo e das contas equilibradas (a partir de 2015..) e que combate denodadamente todas as doenças que lhe aparece pela frente. Francamente...
Adoro heterónimos! Os que fingem escrever coisas diferentes e acabam por dizer o mesmo, dando o ar de ser mais do que um. Como se a origem do seu comum IP informático lhes não revelasse a careca...
Para que não fiquem dúvidas, o anónimo das 16.11 é o mesmo das 16.30. Mas isso é relevante? Já não se pode complementar um comentário? Ou não se gosta do que se escreveu nos dois?
Pois é, caro Embaixador. Como dizia o outro, "eles andem aí". Basta o sr. atirar a bola ao ar que "eles" logo vêm a galope para tentar pontapeá-la, que é como quem diz, cairem-lhe em cima como cães a um osso. É deixá-los pousar. Mas o que a gente se diverte, pelo menos eu, com a raivinha de dentes dessa gente.
E para os saudosistas do sr. Passos e do seu governo PAF, se ele por cá ainda andasse, o SNS, o tão criticado e vilipendiado SNS, que ele não teve tempo de destruir completamente, já teria acabado. Queria ver onde recorreriam as "viúvas", se viessem a ser infectadas pelo Covid-19.
E já que estou a ser mauzinho, será que o nosso patriarca seguiu o exemplo do nosso "general" e, acagaçado como o outro, se recolheu em parte incerta?
Isto, em tempos "pafianos", já tinha dado para umas quantas missas e aparições na TV, a exortar os portugueses à calma e a confiarem nas medidas do governo para combater a crise.
O Anónimo das 16:58 pode descansar. Eu sei quem repete...
Tudo fantástico mas... porque razão nos dizem que as máscaras não previnem a infeção e, depois, andam os médicos à nora por não terem máscaras para se protegerem?
Nem mais, Senhor Embaixador!
Peço desculpa pela repetição, Sr. Embaixador e, ainda, pelo facto de admirar algumas qualidades de Passos Coelho e não suportar o repetitivo panegírico de António Costa. Prometo, doravante, mais contenção (economia nos comentários), mas igual contundência. Saúde!
Amante que sou da boa comédia, entretenho-me a pensar o que seria se as medidas limitadoras das liberdades individuais tivessem de ser aplicadas por um governo de direita...
Repito, foi um grande azar os dois medíocres que nos calharam nesta hora complicada: Marcelo e Costa.
Aliás o Costa já tinha demonstrado a mediocridade quando foi dos incêndios.
Liubomir o cozinheiro topou-o, falta de "tomates"
Apesar do atraso, venho, Sr. Embaixador (e eu não sou suspeito), concordar integralmente, com o seu post, relativamente às capacidades do Primeiro Ministro, António Costa. Ao contrário do comentário/graçola bacoca, anterior, referir que tem falta de tom... Não tem, é determinado, sério, competente, inteligente e democrático. Esta provação é das mais duras que lhe batem pela porta. Mas, também acho que, de momento é o melhor que temos. A "tralha direitóla, não gosta e não gostará, jamais. Aguentem. Estão sempre a falar no raio dos fogos. parece que foi ele o incendiário. Outros, que bem sabemos, nas circunstâncias, queria ver.
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