terça-feira, abril 14, 2009
segunda-feira, abril 13, 2009
Parlamento Europeu

Contudo, a importância do Parlamento Europeu é cada vez maior para a nossa vida colectiva. O Parlamento tem vindo a ganhar força a cada revisão dos Tratados europeus e os seus equilíbrios internos pesam decisivamente na formatação de legislação que, posteriormente, é convertida em leis nacionais. À partida, os 24 deputados portugueses não parecem ser um número capaz de marcar decisivamente o destino do voto de mais de 700 parlamentares. As coisas, porém, não são bem assim: alguns deputados, pelo seu activismo, em especial nas comissões especializadas, conseguem ter um papel de relevo e de influência. Refiro-me, claro, aos que trabalham, não aos que escolhem o destino político de Estrasburgo e Bruxelas apenas como uma rentável e cosmopolita sinecura.
Recordo-me, ao tempo em que andei noutras tarefas, de dois presidentes de comissões especializadas do Parlamento Europeu me terem pedido para que convencesse parlamentares portugueses, membros dessas mesmas comissões, a ... comparecerem às reuniões, com vista a reforçar posições que eles, ainda que doutras nacionalidades, reconheciam como importantes para a defesa de interesses portugueses que estavam em jogo. E, com gosto, também me lembro de ouvir fartos elogios a outros deputados portugueses, pela sua actividade, interesse e eficácia nos trabalhos. Em ambos os casos, a cor política dos deputados era completamente indiferente.
Porque a Europa está cada vez mais exigente, porque é vital para Portugal indicar pessoas qualificadas para as instituições europeias, seria da maior importância que, das próximas eleições para o Parlamento Europeu, viesse a resultar um conjunto motivado e eficaz de deputados, experientes, com capacidade de intervenção e qualificação técnica para influírem nas decisões que irão ser tomadas nos próximos anos. Como cidadão, entendo até que seria interessante se, pela primeira vez, fosse possível garantir, com a necessária visibilidade pública, o seu compromisso individual de prestação regular de contas em Portugal pelo trabalho que irão (ou não) executar. O Parlamento Europeu é uma instituição que não é susceptível de ser dissolvida, os seus deputados - quer trabalhem, quer não - ficam no cargo por um período de cinco anos e quem os elegeu raramente tem a mais leve ideia do que eles andam por lá a fazer. E alguns até fazem muito, acreditem!
Se alguém pudesse dedicar-se, em Portugal, à criação de um "Observatório do Parlamento Europeu", com um painel independente de especialistas que pudesse efectuar um regular escrutínio do trabalho dos nossos deputados, com divulgação assegurada por órgãos de comunicação social, que bom seria! Excepto para alguns, claro, que provavelmente virão com a conversa de que uma iniciativa dessas configuraria um demagógico acto de populismo anti-instituições. Pois...
Auto-estrada

Era na Polinésia francesa, numa ilha cujo nome me escapou, mas que teria alguns quilómetros de auto-estrada. O meu conviva contou que conduzia a boa velocidade por essa via quando, de repente, começou a observar que os automóveis iam abrandando, até pararem mesmo no meio da própria auto-estrada. Surpreendido, até porque não havia nenhuma razão aparente para esse movimento colectivo, estacou também o seu carro e dirigiu-se ao condutor da viatura que seguia à sua frente, inquirindo sobre a razão de tão estranho procedimento. A resposta sintetiza toda a história: "Sabe, nós cá na ilha paramos sempre para ver o pôr-do-sol"!
domingo, abril 12, 2009
Coincidências
sábado, abril 11, 2009
Mon Oncle

Servido por uma música que diversas gerações identificam com facilidade, este primeiro trabalho a cores de Jacques Tati, de 1958, constituiu, ao tempo, um grande êxito em Portugal.
Tati já tinha feito o genial "Jour de Fête" e o "Vacances de Monsieur Hulot". Ao "Mon Oncle" seguiu-se o "Playtime", onde o ridículo da modernidade voltou a ser o tema central.
A retrospectiva da sua obra, que a Cinémathèque française agora iniciou, foi o pretexto para esta reconstituição. Para quem, por acaso, possa não ter desistido de sonhar, rever os filmes de Tati é quase uma obrigação eterna.

Aventino Teixeira (1934-2009)

Lobo Antunes

Desta vez, o pretexto foi a apresentação de "Livre de Chroniques IV", tradução francesa da recolha de textos publicados na Visão, agora editada pela Christian Bourgois Éditeur.
sexta-feira, abril 10, 2009
Pomar

24 horas depois de ter mostrado um seu trabalho em objectos, lado a lado com Joana Vasconcelos, no Centro Cultural da Gulbenkian, foi um outro Pomar que pudemos ver em óleos marcados por um tema recorrente do seu imaginário, a que deu o nome de "Nouvelles aventures de Dom Quichotte et trois (4) Tristes Tigres".
Democracia

Quando o debate sobre o tema se concluiu, o Governo deu-se conta de que, na sala, estavam 16 deputados da maioria e que, pela oposição, havia apenas 8 presentes. Margem confortável, portanto. Desconfiados de tanta facilidade, até por observarem frenéticas trocas de SMS por parte dos adversários na sala, alguns responsáveis governamentais deram uma volta pelo edifício, não fosse dar-se o caso de haver oposicionistas escondidos nos gabinetes mais próximos ou na biblioteca. Mas não, num raio confortável de movimentação, nenhum deputado da oposição estava à vista. E, assim, foram dadas instruções ao grupo parlamentar para solicitar a votação imediata do diploma.
Logo que foi anunciado o voto, pelo sistema de braço no ar, o que aconteceu? Saíram detrás das pesadas cortinas vermelhas que decoram um dos lados da Assembleia, onde ninguém se tinha lembrado de procurar, dez sorridentes deputados da oposição. E a proposta do Governo foi rejeitada, com gáudio para uns, para irritação óbvia de outros.
A democracia também se faz de truques.
Notícias de Guerra

Aqui vai o retrato: João Paulo Guerra, homem inteiro, voz ímpar da melhor rádio portuguesa, jornalista "engajado" e autor de bela escrita política, sempre polémico, impertinente e afirmativo, jornalista de garra e de muitas guerras, algumas de polémico registo diário, contador gastronómico (infelizmente) inconstante. Com ele coincido muitas vezes, dele divirjo outras tantas (vá lá, muitas menos!), mas encontramo-nos à mesa comum da ironia e do convívio, sempre, sempre do mesmo lado da vida, claro.
Para gáudio dos seus amigos e forte angústia de alguns que o não são, João Paulo Guerra encaderna agora a sua "Coluna Vertebral", surgida na última década no Diário Económico e que tanta urticária política continua a provocar. Julgavam que esses textos tinham desaparecido na voragem perecível do jornal? Enganaram-se! E o prefácio é de outro escritor de bela cepa e sem papas na língua: Baptista-Bastos. Por isso, apertem os cintos!
Um forte abraço, João.
quinta-feira, abril 09, 2009
La Lys

Este ano, a homenagem que é devida aos nossos soldados, entre os quais figuram alguns destacados heróis, terá lugar numa cerimónia a realizar no dia 18 de Abril, durante a qual a Embaixada portuguesa em França fará uma romagem ao cemitério português de Richebourg.
As Ruas de Mísia

Mísia é um caso à parte na música portuguesa. Culta, muito rigorosa nos poetas que escolhe, tem um estilo que pode afastar alguns puristas, mas que agrada a um público fiel. Embora tenha vários dos seus discos, era a primeira vez que ouvia Mísia ao vivo e, por essa razão, estava curioso de ver a reacção da plateia. Que foi muito positiva.
O fado anda por França com uma força que me parece bem maior do que a que tem em Portugal. Desde que cheguei a Paris, por aqui passaram, entre vários outros intérpretes, Kátia Guerreiro, Ana Moura, Mafalda Arnauth e Mísia. Que venham mais!
Páscoa

Este post serve apenas para mostrar como meio século mudou imenso o comportamento dos portugueses face às datas religiosas.
quarta-feira, abril 08, 2009
"À la mode de chez nous"

À imensa criatividade de Joana Vasconcelos, baseada na ligação insólita de elementos tradicionais portugueses a objectos que, à partida, lhes seriam bem alheios, a exposição alia magníficos trabalhos de Júlio Pomar, em torno da recriação, também em termos marcados pelo insólito, de elementos da cerâmica tradicional de Bordalo Pinheiro.
O resultado é surpreendente e o modo entusiástico como o público ontem acorreu à avenue de Iéna revelou que a aposta de Rui Vilar e de João Pedro Garcia foi mais do que ganha.
A Gulbenkian irá, dentro de alguns meses, mudar de morada em Paris, abandonando o palacete em que habitou Calouste Gulbenkian para uma zona tida como mais prática para o público. Eu, confesso, começava a achar graça às actuais instalações.
Em tempo: leiam a reportagem de Daniel Ribeiro no site do Expresso.

Porto

terça-feira, abril 07, 2009
Bilboquet

O Bilboquet permanece na rua Saint-Benoît, em Saint-Germain-des-Prés. Fundado em 1947 por Boris Vian (é verdade!), diz o Google que por ela passaram nomes como Duke Ellington, Charlie Parker, Sidney Bechet e Miles Davis.
Os Sheiks desapareceram, embora reapareçam em "remakes" pontuais. Para os saudosos, aqui fica o seu "Missing You", no que não tenho a certeza seja a versão original.
* Data corrigida por Luis Pinheiro de Almeida
Palmas

Será que bater palmas à chegada é uma forma de exorcizar o medo sentido na viagem?
segunda-feira, abril 06, 2009
Tu
Hoje, quando um colega me propôs, no fim de um almoço, que nos passássemos a tratar por "tu", não pude deixar de lembrar-me numa historieta célebre de François Mitterrand.
Um conhecido seu estava inseguro sobre se tratava ou não por "tu" o presidente francês e, por isso, ousou perguntar-lhe: "François, est-ce qu'on se tutoie?". Distante como era, Mitterrand respondeu-lhe: "Si vous voulez..."
domingo, abril 05, 2009
Universidade
O impulso para a criação daquilo que viria a ser a UTAD foi dado por muitos quadros universitários chegados de África, no rescaldo da descolonização. Foi um trabalho paciente e longo, de gestação de uma massa crítica de prestígio académico, hoje plenamente reconhecido nos vários sectores especializados, portugueses e estrangeiros.
A cidade mudou muito com a UTAD, numa dinamização da sua vida que afectou positivamente a economia, contribuiu para a fixação de pessoas e para a criação de muitos postos de trabalho. Como observador exterior, fico com a sensação - porventura errada - de que essa "mistura" da universidade com a cidade ficou sempre, contudo, aquém do que seria desejável, em especial na indução de uma cultura de modernidade que só muito lentamente Vila Real tem vindo a ganhar. Concedo que essa possa ser uma visão distorcida e de pendor voluntarista, de quem gostaria de ver a sua terra dotada de uma outra expressão à escala nacional.
Ontem à tarde, acedendo a um convite que muito me orgulha, tomei posse como membro do Conselho Geral da UTAD. Espero que essas funções me qualifiquem a poder ser mais activo na defesa dos interesses comuns à universidade e a Vila Real.
sábado, abril 04, 2009
Nanterre

Ontem, inaugurei no Espace Chevreul, em Nanterre, a Feira de Produtos Portugueses, promovida pela ARCOP (Associação Recreativa e Cultural dos Originários de Portugal), uma magnífica iniciativa organizada em 30 stands, com a presença orgulhosa de vários autarcas das nossas regiões, especialmente do Minho e de Trás-os-Montes, mas também da Beira e do Alentejo. Jaime Alves está no centro desta realização, com o seu filho Marco, autarca de Nanterre, a demonstrar a força da nossa integração em França.
Da Nanterre vermelha, de há mais de 40 anos, resta a cor política do nosso simpático anfitrião, o Maire de Nanterre, Patrick Jarry, eleito pelo Parti Communiste Français. Ele tinha então apenas 14 anos...
Márcio Moreira Alves (1936-2009)

O regime militar não lhe perdoou e o seu caso acabou por ser a gota de água que justificou a introdução do Acto Institucional nº 5, que marcou o início de um surto repressivo sem precedentes no país.
Moreira Alves era jornalista de profissão e fez política pelo Movimento Democrático Brasileiro. Esteve exilado em vários países, entre os quais a França, onde se doutorou em Ciências Políticas. aqui em Paris.
Mais tarde, residiu em Portugal, onde o conheci, quando dava aulas no Instituto Superior de Economia de Lisboa. Vim a procurá-lo e a encontrá-lo, já com a saúde muito abalada, no Brasil.
sexta-feira, abril 03, 2009
"Muda de Vida"

Uma frase
Helena Sacadura Cabral (num comentário neste blogue)
A excepção e a regra

Em 1966, o presidente De Gaulle cansou-se do que entendia ser uma insuportável tutela americana sobre a segurança e defesa europeias. A saída da estrutura militar integrada da NATO foi o modo como a França entendeu poder garantir caminho livre para a criação da sua “force de frappe” nuclear e, de certo modo, iniciar o que viria a ser a sua política de “excepção” no quadro ocidental.
A França, contudo, não saiu da Aliança Atlântica, não se dessolidarizou nunca dos seus objectivos, mas conseguiu criar, numa gestão de colaboração cujo casuísmo identificou a sua diferença, uma independência reforçada, a qual, em especial durante a Guerra Fria, não deixou de ter consequências interessantes no seu posicionamento à escala mundial.
Entretanto, o muro de Berlim caiu, a Alemanha reergueu-se, o terrorismo passou a global, a Europa alargou-se até às portas de Moscovo e os EUA, depois de mais um ciclo de unilateralismo, redefinem o modo de proteger os seus interesses no mundo. É neste contexto que a NATO discute o seu novo conceito estratégico, ao qual não será indiferente a jurisprudência de segurança resultante da sua acção “out of area”, na qual a França amplamente participa.
Para a França, ficar fora da NATO já só significava manter um símbolo datado, face ao interesse maior de preencher em pleno um lugar de decisão. Para a NATO, a França representa a possibilidade de ter no seu seio uma voz aculturada a um registo de alguma singularidade estratégica. Na perspectiva de Portugal, o pleno regresso da França à NATO pacifica a dimensão transatlântica, que é nosso interesse reactualizar construtivamente, coloca o peso francês no comando em território português e, de certo modo, reequilibra uma relação de forças intra-europeia que deve servir de base à densificação de uma dimensão de segurança e defesa à escala da UE, na qual estamos interessados.
Por isso, o fim da “excepção” francesa na NATO, com a retoma da regra da sua participação plena, é, para Portugal, uma excelente notícia.
(Artigo de Francisco Seixas da Costa publicado na edição de hoje do "Diário Económico)
quinta-feira, abril 02, 2009
João Moniz

Saiba mais sobre este "pintor do branco ou do quase branco" aqui.
Em Setembro, a meu convite, vai expor na Embaixada.
Paris Match

Vale a pena lembrar esta sua capa, de 1961, com a reportagem sobre o assalto feito ao paquete Santa Maria pelo grupo do capitão Henrique Galvão.
Há dias, Geneviève Chauvel, escritora e jornalista do Paris Match, contava-me como, em inícios dos anos 70 do século passado, acompanhou Spínola pelas matas da Guiné, como antes havia visitado o Norte de Angola com as tropas portuguesas. E de como conheceu Otelo Saraiva de Carvalho, depois da Revolução de Abril.
O Paris Match, publicação de grande expansão, que sempre teve a fotografia como imagem de marca, esteve presente na cobertura de muitos dos grandes acontecimentos de Portugal contemporâneo.
Tell Barroso
O site tem versões em inglês, francês, alemão, espanhol e polaco.
quarta-feira, abril 01, 2009
Nós e o G20
Este fórum de concertação, ao qual estão presentes bem mais do que 20 participantes, existe já há uma década, mas pode dizer-se que é talvez a primeira vez em que a sua convocação vem acompanhada por uma atenção global como a que actualmente lhe é dirigida. A crise, e a incapacidade de algumas grandes economias de conseguirem meios de combate à mesma sem a ajuda de outros parceiros fora dos G8, levou estes a aceitarem utilizar este mecanismo para uma cooptação de sócios de oportunidade, numa lógica que originariamente estava principalmente focalizada nas negociações do comércio internacional, mas que, no momento, se pretende alargar a outras dimensões económico-financeiras à escala global.
Na realidade, o G20 é hoje um grupo relativamente inorgânico que reune os antigos G8, acompanhados pelos grandes países emergentes e algumas economias mais desenvolvidas do chamado "Norte". A sua última convocatória a este nível teve lugar em Novembro de 2008 e, entre outras tomadas de posição, saldou-se por um compromisso solene de todos os seus membros de cumprirem uma moratória em matéria de medidas de natureza proteccionista. O resultado está à vista: 18 desses países não cumpriram essa promessa, de acordo com o Banco Mundial. Esperemos melhor sucesso desta vez.
Para um país como Portugal, a racionalidade subjacente ao G20 só é aceitável numa dimensão conjuntural ou de produção de efeitos que se projectem, em primeiro lugar sobre o próprio grupo, podendo, se assim suceder, servir de útil "benchmark" num quadro mais global. Não tendo nós problemas de maior em aceitar grande parte das ideias para as quais se pretende obter um novo compromisso, também nos não revemos, naturalmente, na possibilidade de este grupo poder vir a firmar-se como uma espécie de novo "directório" político-económico do mundo.
Sem pôr em causa a legitimidade de reuniões desta natureza, em especial se delas puderem resultar acordos firmes em matéria de "governança" entre os seus pares, entre os quais se encontram alguns dos fautores maiores da onda de desregulação que afecta a economia global, o primeiro-ministro português teve já ocasião de adiantar a nossa visão sobre a necessidade de alargar a sua representatividade futura, em especial nelas fazendo projectar estruturas de natureza regional. Caso tal não suceda, importará lembrar que existem instituições de natureza multilateral onde estas questões podem e devem ser discutidas e acordadas, estruturas essas dotadas de regras de decisão próprias e mecanismos de representação e controlo aprovados e ratificados por todos os Estados. Coisa que o G20 estará sempre longe de ter.
terça-feira, março 31, 2009
Será verdade?
Às vezes, há notícias que são verdadeiramente inesperadas, pela positiva.
Quem havia de dizer que a APD (Ajuda Pública ao Desenvolvimento) de 22 membros da OCDE iria ter, em 2008, um crescimento de 10,2 %?
E que tal notarmos que, no caso português, esse esforço de apoio aos países em desenvolvimento aumentou 21,1 %?
Ou será isto uma mentira do 1º de Abril ?
Obama

Nesta sua visita à Europa, Barack Obama sabe que não terá uma segunda oportunidade para criar uma primeira impressão.
Eiffel
Vale a pena lembrar que o responsável técnico, o engenheiro francês Gustave Eiffel, trabalhou em Portugal onde foi responsável por uma quantidade muito significativa de obras na modernização da nossa rede ferroviária (ver o site oficial), com especial destaque para a ponte Maria Pia, no Porto, e a ponte de Viana do Castelo.
Um mito que importa desfazer é a tradicional ligação do nome de Eiffel ao elevador de Santa Justa, em Lisboa, que não é da sua autoria.
Dancemos no Mundo

Se não gostarem, o que duvido, passem à frente.
segunda-feira, março 30, 2009
Portugal na cidade universitária

Herald Tribune

O jornal foi, no seu início, um órgão de informação destinado à comunidade americana residente ou expatriada na Europa. Chamava-se então "New York Herald Tribune" e os cinéfilos recordam-se bem de ver Jean Seberg a anunciá-lo em Paris, Champs-Elysées abaixo, ao encontro de Jean-Paul Belmondo.
A grande vantagem do IHT era o facto de, durante muitos anos, nos trazer o melhor, não apenas do New York Times, mas igualmente dos excelentes The Washington Post e do Los Angeles Times. Era um retrato de uma certa América, com magníficos textos de opinião, que nos ajudavam a ultrapassar a visão mais eurocentrada do Le Monde ou do Financial Times. Um dia, o jornal perdeu para a publicidade a sua última página, onde até então apareciam as deliciosas crónicas do Art Buchwald e em cujo rodapé emergiam pequenos anúncios, desde o eufemismo das primeiras "escort girls" às casas de campo por essa Europa fora. Por décadas, desde 1924, o Herald Tribune incluiu nesse espaço a publicidade a esse expoente americano da bebida que ainda é o Harry's Bar, aqui em Paris, onde o respectivo endereço - 5, rue Daunou - era apresentado em transcrição fonética, por forma a permitir ao consumidor yankee dizê-lo com facilidade ao taxistas parisienses: "Just tell the taxi driver: sank roo doe noo".
Com esta sua mudança, consagra-se o fim de uma época do IHT. Por mim, confesso, tenho alguma pena. Mas não deixarei de lê-lo todos os dias, como faço há muitos anos.
domingo, março 29, 2009
Solidariedade

Nada pode traduzir melhor o sucesso da integração dos portugueses em França do que este belo gesto, mobilizado pelo entusiasmo de Manuel de Oliveira, um empresário que consegue induzir os seus compatriotas a se mostrarem solidários com a sociedade que os acolhe.
Nulos

Curiosamente, a minha última experiência de uma partida ao vivo da selecção portuguesa foi em Brasília, contra o Brasil, em 2008, quando perdemos por ... 6-2! Foi uma humilhação para Portugal e para os portugueses no Brasil. Já nem falo no resultado, falo da displicência da atitude em campo.
Ontem, felizmente, não estive no Porto, para ver o nulo com a Suécia, que nos coloca à beira da eliminação para o Mundial da África do Sul, onde a presença nacional daria uma alegria muito grande a uma Comunidade portuguesa que aí tem passado tempos bem difíceis.
Mas isso importa alguma coisa a alguns dos jogadores portugueses? Será que percebem o que significa representar Portugal e a importância dos resultados que obtêm, em especial para os nossos compatriotas que vivem no estrangeiro? Ou o mais que conta são as modelos que trazem à ilharga, as roupas de marca e os carros espampanantes? Para alguns, as bandeiras dos respectivos clubes parecem ter substituído, em afectividade, a bandeira nacional portuguesa.
sábado, março 28, 2009
Notícias da Beira

O bispo viseense acha, no entanto, que o Papa, ao ter-se pronunciado, há dias, da forma como o fez, "não podia dizer outra coisa enquanto chefe da Igreja".
Este é um debate a que ninguém pode fugir.
Salazar em Austerlitz

Salazar era parco em deslocações. Conhecidas são as suas duas viagens a Espanha, a Badajoz e a Sevilha, onde se foi encontrar com Franco. Fora disso, o homem que liderou o governo português, durante cerca de quatro décadas, nem aos Açores ou à Madeira alguma vez foi, muito menos ao Ultramar que tanto cantava nos seus discursos. Por isso, esta viagem à Bélgica, a ter tido lugar, representaria a mais ousada digressão de Salazar.
Deu-me hoje para imaginar a figura seráfica de Salazar em Paris, provavelmente de botas, a sair do "Sud Express" e a tentar ligação para a Gare du Nord, depois de muitas horas perdidas a olhar por aquelas janelas em cuja base figurava o prudente aviso: "Ne pas se pencher".
sexta-feira, março 27, 2009
A nova Europa
Em primeiro lugar, revela que o euro é hoje uma excelente protecção para os países que a ele acederam, contribuindo para reforçar as respectivas economias e dar-lhes meios para melhor resistirem aos embates de uma crise global como a que atravessamos. Os países da UE hoje atingidos são, precisamente, os que não fazem parte do euro – embora, também legitimamente, se possa dizer que são os que não conseguiram fazer parte do euro devido à sua fragilidade económica.
Em segundo lugar, o que se está a passar parece ter deixado evidente que o facto de alguns desses Estados terem seguido receitas de cariz hiperliberal, com políticas sócio-laborais de grande precariedade e modelos de captação de investimento directo estrangeiro altamente apelativos, acabou por não lhes garantir uma situação mais sólida e por funcionar como factor de estabilização. Alguns dirão, com ácida ironia, que o "dumping social”, a prazo, não compensa.
Finalmente, e por muito que possamos registar que as respostas imediatas à crise foram, até agora, de carácter muito mais nacional do que europeu, creio que uma ponderação mais serena sobre futuro do mercado interno terá, forçosamente, que conduzir os Estados da UE, a prazo mais ou menos curto, a uma maior aproximação (não uso a palavra harmonização para não chocar a sensibilidade soberanista de alguns) das suas políticas ficais e sociais, bem como uma melhor clarificação do conceito de "ajudas de Estado". A preservação do mercado interno é incompatível com a repetição da deriva para fórmulas de "salvação nacional" como estamos a observar, com "ajudas de Estado" mais ou menos encapotadas, acompanhadas de pressões políticas para conseguir a complacência da Comissão Europeia para a heterodoxia de algumas dessas mesmas práticas.
Um nota final, de natural tristeza: não é nada agradável para o prestígio da UE, enquanto entidade política, observar que alguns dos seus Estados se vêm obrigados a recorrer ao FMI para se recomporem economicamente, pelo facto de a própria União não ter sido capaz de encontrar uma resposta solidária para as dificuldades desses parceiros.
Ainda recordo bem a angústia com que, no final dos anos 70 e 80, assistíamos à chegada a Lisboa das equipas da Senhora Teresa Ter-Minassian...
quinta-feira, março 26, 2009
Portugal em Paris

A brigada

Será talvez a minha falta de paciência, mas devo confessar que, desde há muitos anos, sinto uma terrível preguiça para frequentar essas ocasiões, até pela regular sensação de que deveria estar a fazer trabalho mais útil. Salvo em casos excepcionais, a minha presença nos cocktails acaba por ser muito curta e dura apenas o tempo suficiente para honrar a data do país anfitrião e corresponder à simpatia do colega que convida.
Nessas ocasiões, ao cumprimentar as pessoas, com as mãos saídas de copos gelados, relembro muitas vezes a razão pela qual os diplomatas são conhecidos como "a brigada da mão fria"...
quarta-feira, março 25, 2009
O hacker
Interrogo-me sobre os autores do acto e, em especial, sobre a razão da escolha daquela nossa missão diplomática para alvo desta acção. De certo modo, convenhamos, tratou-se de uma selecção que não deixa de ser elogiosa. Não é invadido quem quer, só quem tem importância!
Aqui deixo a minha corporativa solidariedade ao meu colega em posto na Índia, com amizade mas também com a autoridade de quem já teve, num passado em que coisas impensáveis eram bem pensadas, de ter de suportar, por idêntica intrusão, essa inevitável cruz.
Maria Gabriela Llansol

terça-feira, março 24, 2009
Clochard português

Este post destina-se apenas a notar que há, pelo menos, um "clochard" português nas ruas de Paris. Fala pouco, não quer a nossa ajuda, tem uma história, que se adivinha sentimental ,que o não deixa regressar à Beira natal. Que fazer? Provavelmente nada.
24 de Março

Entre as figuras sentadas está Jorge Sampaio. Este foi, para muitos, o momento de ruptura com um certo país oficial e, para alguns dentre esses, o início de um caminho que os levou ao exílio, de que a França era habitualmente o primeiro porto de abrigo.
segunda-feira, março 23, 2009
Cerejas

O título deste seu livro, o sexto que publica, é retirado de uma frase de seu pai, que achava que as coisas da natureza devem ser saboreadas no tempo climático certo, e que Juppé usa agora no sentido óbvio. O livro é, no essencial, uma memória um pouco amarga dos tempos difíceis por que passou, desde o governo às crises pessoais com a justiça. Mas é também uma digressão sentimental, da recordação dos pais à sua afeição pela mulher e, de certo modo, um manifesto subliminar de quem está disponível para regressar à cena política, visando tão alto quanto possível. E é nessa afirmação de ambição, que pretende serena mas que se detecta vibrante, que encontramos, com alguma surpresa, um Juppé aparentemente convertido às teses do desenvolvimento sustentável, terreno que (se) pressente de futuro para quem aspira a voos políticos de fôlego.
Em França, os políticos no activo escrevem bastantes livros, como que a necessitarem de fazer "prova de vida" no mercado das oportunidades públicas. É uma pena que, em Portugal, isso não suceda. As escassas incursões das nossas figuras pela edição foram sempre, embora com diferente qualidade, testemunhos que desenharam interessantes retratos, às vezes dos outros, sempre de si próprios e, no conjunto, de todos nós como país. Cada um a seu modo, uns mais justificativos e destinados a "dourar" a própria imagem, outros mais sinceros e transparentes, alguns, bem raros, com boas ideias, todos representaram uma contribuição para melhor nos percebermos. E para os percebermos a eles.
A noite é nossa

Com assumida nostalgia, lembro-me, anos mais tarde, já na segunda década desses mesmos "swinging sixties", de eu próprio ter assegurado a locução em algumas noites de um programa chamado "A Noite é Nossa", que passava das 3 às 6 da manhã, no Rádio Clube Português, no Porto, depois de ter dirigido, quinzenalmente, o "Momento de Teatro", inserido no "Clube da Juventude", no mesmo RCP, sob a orientação do saudoso Alfredo Alvela. E de também ter "jogado para o éter" (como alguns rebuscadamente então diziam) as canções dos anos 60, num programa dos Emissores do Norte Reunidos a que, com um amigo que há muito perdi de vista, dei o título (que achei magnífico e que, na realidade, era uma piroseira pretenciosa) de "No Espaço e no Tempo". Num tempo que foi bom.
Posts diacrónicos

Um post, muitas vezes, é apenas o resultado de um impulso, redigido num minuto, à pressa. Quando, horas depois, o relemos, damo-nos conta de que contém erros, que há concordâncias que seria importante corrigir, que surgiu uma ideia ou um exemplo novo que teria graça inserir, que outra foto seria mais adequada, que o título do post ganharia em ser mudado. "À la limite", os próprios posts podem desaparecer, se acaso isso se justificar.
Por isso, amigos leitores, habituem-se a ver este blogue, algumas vezes, afectado por um endémico diacronismo, com textos susceptíveis de evoluírem ao longo do tempo, com posts que já leram a poderem, entretanto, ter mudado de forma. Este blogue é aquilo que lá está - em cada momento...
Água
Duas notas pessoais.
A segunda nota prende-se com Espanha. Os nossos principais rios nascem em território espanhol, onde várias regiões autónomas se debatem com sérios problemas em matéria de água e têm tentações de a utilizarem de forma mais intensiva, a montante da sua chegada a Portugal. Recordo a dificuldade com que, na virada do século, nos vimos confrontados numa dura negociação com Madrid sobre o regime dos caudais desses rios. Mas foram-me marcantes, em especial, as tensões que então pudemos observar entre o Governo central espanhol e as autonomias, para fixarem uma posição comum de acordo connosco. A Península Ibérica sofre um acelerado processo de desertificação e, por essa razão, o futuro das águas comuns vai continuar a ser uma tarefa a que a diplomacia portuguesa terá de permanecer atenta.
domingo, março 22, 2009
Clara d'Ovar

Surpreendentemente, encontro poucos dados informativos sobre Clara d'Ovar. Será que alguém pode contribuir para uma sua biografia?
Em tempo: em poucas horas, os comentadores deste blogue ajudaram à construção da biografia de Clra d'Ovar, com a indicação de links e informações sobre a sua vida. Um destes dias, com tempo, faremos a sua síntese
Grande penalidade

Ontem, no Algarve, provou-se - e de que maneira - que ainda está por escrever "A angústia do árbitro antes de marcar um penalty".
E hoje, por uma razão qualquer, apetece-me escrever que houve uma "grande penalidade" e não um penalty...
sábado, março 21, 2009
Lavadeiras de Portugal

É um Portugal de improváveis lavadeiras de Setúbal, que o autor da letra põe a beber "manzanilla" ou "xerez", o que dá bem nota de confusão ibérica, que, sobre o nosso país, ainda pairava na mentalidade francesa de então.
Dois anos mais tarde, o exotismo passa ao cinema, com uma comédia com o mesmo título da canção, desta vez ligada à procura de uma lavadeira portuguesa para fazer publicidade de uma máquina de lavar. Com o nome de Paquita Rico no elenco, segue-se idêntica linha de rigor étnico-geográfico. E, pelo cartaz junto, pode logo perceber-se que se trata, de facto, de uma lavadeira portuguesa-tipo, nos idos de 1957...
Alcoforado

Erro crasso, que agora plenamente assumo, graças a uma nota do nosso correspondente Vasco Campilho: Maria Alcoforado viveu entre 1640 e 1723, isto é, muito antes das invasões francesas, que ocorreram no início do século XIX. Chamilly estava em Portugal, não como invasor, mas como aliado a ajudar o país na guerra da Restauração da independência. A foto é da janela do Convento de Nossa Senhora da Conceição, em Beja, que se diz que Mariana utilizava para olhar o mundo exterior.
Só não concordo com Vasco Campilho quando ele diz que "soror Mariana não se teria entregue com o mesmo ardor ao representante de uma potência ocupante". Sabe-se lá que invasões o amor pode desencadear...