domingo, junho 22, 2025

Solstício


O meu pai, que já se me foi há muito, adorava a claridade. Deitava-se cedo e nunca percebeu o fascínio do filho pela noite. A escuridão não era do seu agrado, em parte porque lhe limitava os vários passeios que sempre gostou de fazer, até quase ao seu centenário. O dia 22 de junho não era uma data que apreciasse. "Este solstício é uma chatice! A partir de hoje e até quase ao Natal, os dias vão ser cada vez mais pequenos!" E logo me provocava: "E tu sabes a diferença entre um solstício e um equinócio? Se calhar, não sabes...". Eu, se não sabia, tive de aprender, para lhe poder responder, embora achasse que eram coisas da "cultura de almanaque", um saber com que ele sempre ironizava. 

O meu pai gostava muito de cães. Nunca o vi opinar sobre gatos. Assim, a claro despropósito, deixo aqui este, que há dias mal me olhou nas Trinas.

5 comentários:

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Belo gatarrão!

Anónimo disse...

Eu não posso com gatarrões felpudos e com ares de"reis na seda"! Depois `inda lhe dão de comer aquelas rações da tv que parecem pudins Flan, que a gente nem à sobremesa apanha...-nunca se viu tanta toleima com animais como agora. E depois mantêm-nos presos em casa, entre quatro paredes a sofrerem e nem ar apanham. Mas é bem feito, pois há alguns que são traiçoeiros e falsos que nem tigres !

PauloV disse...

Anónimo, vê-se mesmo que nunca conviveu com um felino....não sabe o que perde.

João Cabral disse...

Como o senhor embaixador, também sou mais noctívago, mas não dos de convívios e bares. Aprecio mais a quietude da noite e a sua poesia. Também prefiro gatos a cães (talvez por serem animais mais nocturnos?), mas no futebol não sou felino, se é que me faço entender.

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Tem toda a razão. Conheço bem essa cassete dos gatos traiçoeiros.

Falemos então da velhice, através de Philippe Noiret

"Il me semble qu'ils fabriquent des escaliers plus durs qu'autrefois. Les marches sont plus hautes, il y en a davantage. En tou...